TI Verde: a sustentabilidade deve começar pelo óbvio

79% dos executivos brasileiros afirmam que a sustentabilidade é central para o seu negócio, porém 39% dizem sofrer com um gap de habilidades

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9:00 am - 30 de maio de 2024
Dia da Árvore. Imagem: Shutterstock

A cada ano, as empresas em geral têm demonstrado mais sua preocupação com o tema da sustentabilidade, procurando implementar iniciativas verdes e projetos inovadores na tentativa de provar o quão sustentáveis elas são. Na teoria, essa estratégia parece ótima; no entanto, na prática, os dados mostram que esse não é um trabalho tão simples assim.

Segundo um estudo da IBM, publicado este ano, 79% dos executivos brasileiros afirmam que a sustentabilidade é central para o seu negócio, mas 40% relatam enfrentar desafios para financiar tais investimentos. O relatório ainda aponta que 39% dos entrevistados citam a falta de habilidades necessárias para o progresso do desenvolvimento sustentável nas organizações, ao passo que apenas 30% conseguem incorporar dados e insights sobre o tema para melhorias operacionais.

Leia também: Metade das empresas terão ferramentas de monitoramento de sustentabilidade até 2026

De acordo com a pesquisa Future Consumer Index de 2023, realizada pela EY-Parthenon, 60% dos entrevistados acreditam que os hábitos de compra e o comportamento sustentável são um estilo de vida e 71% deles se propõem a prestar mais atenção ao impacto ambiental causado pelo seu consumo. Implementar sustentabilidade significa incorporá-la ao longo de todo o negócio. Mas, para isso, é preciso ser estratégico, não adianta querer abraçar grandes ações se sua empresa não começar pelo óbvio.

Para muitas empresas, um dos principais desafios é a implementação da sustentabilidade na área de tecnologia, a chamada TI Verde, cujo foco é incentivar a utilização das ferramentas tecnológicas de maneira responsável, permitindo a redução do seu impacto no meio ambiente. Analisando a realidade atual do setor, identifiquei onde é possível alinhar TI Verde com a cultura de qualidade para solucionar os desafios que ameaçam o desenvolvimento sustentável das organizações. Listo abaixo algumas oportunidades:

Aumentar a eficiência energética e reduzir os custos operacionais

Sabemos que softwares mal otimizados consomem mais recursos computacionais, logo, dispõem de mais energia. Portanto, investir no desenvolvimento de sistemas eficientes contribui para a redução do consumo de energia e de recursos financeiros com a infraestrutura tecnológica e manutenção, por exemplo.

Minimizar a geração de resíduos eletrônicos

A perpetuação de softwares de baixa qualidade aumenta a probabilidade de falhas e bugs, em alguns casos, levando até ao descarte prematuro dos aparelhos eletrônicos, que, em sua maioria, são realizados de forma inapropriada. A longo prazo, investir em reutilização de código e minimização de requisitos reduz a utilização de recursos tecnológicos e financeiros para reparar ou substituir problemas frequentes nos hardwares, contribuindo também para a diminuição de resíduos eletroeletrônicos.

Ser inovador e se tornar mais competitivo

Com o mercado cada vez mais acirrado, destaca-se a organização que descobre como alinhar inovação e sustentabilidade para desenvolver produtos mais tecnológicos e entregar uma experiência personalizada e satisfatória para os usuários.

Implementar tecnologias como a computação em nuvem, que utiliza os recursos Cloud para minimizar o consumo desnecessário de energia, melhorando também a experiência do usuário ao acessar as informações é um bom caminho para a sustentabilidade. Para garantir que essas plataformas tenham um bom desempenho, é fundamental realizar testes de carga e stress.

Esses testes simulam o comportamento de um produto digital quando ele é acessado simultaneamente por um grande volume de usuários, garantindo que a infraestrutura (em data center local ou em nuvem) funcione adequadamente e que a experiência do usuário não seja impactada. Dessa forma, as empresas também conseguem dimensionar o nível ideal de recursos e da quantidade de máquinas necessárias para cumprir esta tarefa e evitam alocar mais do que o necessário, otimizando assim sua operação.

A adoção de uma abordagem como o Shift Left também é eficaz, pois busca identificar e solucionar os problemas nas etapas iniciais do ciclo de desenvolvimento. Ao inserir práticas de sustentabilidade nas primeiras etapas do ciclo, ajudará a prevenir problemas e, principalmente, a reduzir o retrabalho, o que torna o processo como um todo muito mais virtuoso e constante. Ambas as iniciativas são investimentos que contribuem para melhorar o desempenho dos produtos digitais e transmitir confiabilidade para o mercado, aumentando a competitividade das empresas e consolidando sua reputação.

Promover a inclusão digital

A sustentabilidade não está presente apenas nas questões ambientais, ela também diz respeito aos assuntos sociais, como a inclusão digital. Softwares acessíveis são essenciais para democratizar o acesso às tecnologias, independentemente da localização geográfica ou da situação socioeconômica do usuário.

Investir na qualidade dos sistemas ajuda a promover o acesso equitativo à tecnologia e as oportunidades online. Aplicar testes em condições adversas e de conexões lentas são ótimas formas de identificar bugs e garantir uma experiência satisfatória para diferentes públicos, pois estes testes consideram questões inerentes à realidade do usuário, como velocidade de sua conexão ou modelo e capacidade do smartphone utilizado para acessar os canais digitais de uma empresa. Quando uma empresa considera essas questões ela aumenta o seu leque de oportunidades e ao mesmo tempo demonstra respeito e valorização pelo usuário.

Iniciar a jornada em direção ao desenvolvimento sustentável começa pelo óbvio, mas se estende a uma visão mais ampla, incorporando a cultura de qualidade como aliada. A união entre TI verde e cultura de qualidade não apenas coloca as organizações em destaque no mercado, mas também impulsiona os negócios e ajuda a desenvolver uma reputação sólida. Afinal, hoje a sustentabilidade deixou de ser uma escolha para se tornar um compromisso das empresas bem-sucedidas.

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Grace Libânio

Head de negócios da Sofist.

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