Mercado de TI continua aquecido após onda de layoffs

Por Leonardo Berto*

Nos últimos tempos, o mercado de tecnologia sofreu muitas baixas em âmbito mundial, fenômeno que atingiu todos os continentes. Diversos fatores contribuíram para isso: mudanças de comportamento nos consumidores, o efeito pós-pandemia, novas tecnologias, enfim, um verdadeiro período de assentamento em termos de alinhar perspectivas e demandas após passarmos por um período de incertezas.

E não foram só startups e empresas pequenas: os principais gigantes do Vale do Silício reduziram seus quadros de funcionários em milhares de trabalhadores. Os layoffs começaram em 2023 e continuaram no início de 2024. O advento da IA também deve chacoalhar o mercado até o final do ano, trazendo reduções de pessoal, mas também criando diversas oportunidades para especialistas que saibam dominar essas tecnologias. Isso tende a gerar uma verdadeira corrida do ouro parecida com a que os profissionais de dados passaram no início desta última década (e estes continuam em alta demanda).

Observamos três categorias principais de demissões no cenário atual: grandes empresas de tecnologia buscando mais crescimento e lucro; empresas de médio porte que contrataram em excesso durante o boom econômico; e pequenas startups lutando para sobreviver.

Essas demissões recentes representam uma correção após anos de economia global em crescimento e taxas de juros quase zero, que permitiram às empresas de tecnologia atrair talentos e expandir suas equipes. No entanto, muitas dessas empresas contrataram em excesso durante a pandemia, resultando em uma onda de reduções estratégicas em 2023, com mais de 1.000 empresas eliminando mais de 260.000 empregos.

Anteriormente considerado tabu no Vale do Silício, o ajuste no número de funcionários na indústria de tecnologia agora é mais comum. Empresas de todos os tamanhos estão realizando mudanças estratégicas para se adaptarem às flutuações no mercado. No primeiro mês de 2024, ocorreram 25.000 demissões em cerca de 100 empresas de tecnologia, evidenciando um ajuste contínuo no setor.

E o que as empresas que trabalham com profissionais de tecnologia buscam atualmente?

No cenário atual, as habilidades comportamentais mais valorizadas pelos empregadores são flexibilidade, resiliência e liderança. Profissionais capazes de se adaptar rapidamente, lidar com desafios de forma construtiva e motivar equipes são altamente procurados.

No que diz respeito às habilidades técnicas, destacam-se a capacidade de trabalhar com implementação de sistemas (ERP), domínio em tecnologias de computação em nuvem e expertise em linguagens de programação como Python. Essas competências são essenciais para impulsionar a inovação e a eficiência nas empresas. Além disso, também são muito valorizados profissionais que saibam lidar com Salesforce e bancos de dados.

Leia mais: Cinco empregos de TI sob demanda em 2024

Dentre os profissionais mais difíceis de encontrar no mercado atualmente, muitas dessas funções mencionadas no parágrafo acima se encaixam no contexto, mas também há escassez de profissionais que dominem o tema do momento: inteligência artificial. E cada vez mais as empresas necessitam de especialistas em segurança da informação para proteger seus dados confidenciais.

Por fim, em termos de indústrias que lideram as contratações, a tríade composta pelos setores bancário, segurador e fintechs é a que mais demanda profissionais do setor. No entanto, não existe um único segmento que não procure profissionais de tecnologia.

Há demanda por especialistas desse ramo em todas as empresas imagináveis. A busca continua alta devido à crescente complexidade técnica, ao desenvolvimento do mercado e à oferta mais ampla em diferentes áreas. Essa agenda de transformação não apenas abre espaço para mais vendas, como está revolucionando o jogo no mercado atual.

Quais são as projeções atuais das empresas para o setor de tecnologia?

O Guia Salarial da Robert Half para 2024 revela que a maioria das empresas consultadas planeja expandir suas equipes, representando 58% do total, o que reflete um otimismo considerável em relação ao crescimento dos negócios.

Cerca de 40% das empresas optarão por manter os níveis atuais de contratação, enquanto apenas 2% planejam congelar as contratações, evidenciando uma postura cautelosa diante de possíveis incertezas. É notável que nenhuma das empresas consultadas pretende reduzir suas contratações, o que sinaliza uma expectativa geral de estabilidade ou crescimento.

O setor também tem investido pesado em contratações por projeto por tempo determinado, uma tendência crescente não só no setor de tecnologia. Dentre as companhias consultadas, 52% planejam expandir a contratação de profissionais de maneira temporária.

Cerca de 42% declararam que irão manter os níveis atuais de recrutamento, enquanto apenas 6% planejam congelar as contratações, indicando cautela moderada. Assim como o cenário indicado nos planos de contratações fixas, reduzir a quantidade de vagas para projetos não é algo que passa na cabeça dos gestores neste momento.

*Leonardo Berto é Branch Manager na Robert Half

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