As ações estratégicas por trás da disrupção e descentralização financeira promovidas pelas fintechs de crédito
Há uma série de agentes conduzindo iniciativas e participando de debates em prol do setor de fintechs
Por Claudia Amira*
Desde que se tornaram símbolo da inovação do mercado financeiro brasileiro, as fintechs seguem em expansão mesmo no contexto atual de amadurecimento do setor. Quando analisamos especificamente o segmento de crédito, pesquisa da Associação Brasileira de Crédito Digital em parceria com a PwC aponta que 79% das empresas estão hoje em fase de consolidação ou expansão, aumento de cinco pontos percentuais em relação a 2022. Em 2019, o índice das fintechs de crédito nesses estágios era de 49%.
A despeito desse cenário de deslocamento de foco, voltado agora para sustentabilidade da operação e manutenção da carteira de clientes, os provedores de crédito digital continuam registrando crescimento no volume de concessões ano a ano, saltando de pouco mais de R$ 1 bilhão em 2018 para quase R$ 14 bilhões concedidos em 2022.
Para além dos números, o avanço das fintechs de crédito significa uma transformação profunda no mercado financeiro do país, já que, por meio da disrupção trazida por elas, os brasileiros têm acompanhando nos últimos anos uma descentralização financeira sem precedentes, o que resulta diretamente na democratização do acesso ao crédito. E, como sabemos, com mais consumidores e empresas aptos a obter recursos financeiros, abre-se um caminho natural para o crescimento econômico.
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Por trás dessa modernização do ecossistema está o trabalho contínuo de instituições, fintechs, governo e órgãos reguladores que seguem uma agenda de iniciativas e debates a fim de aprimorar o setor e garantir a segurança jurídica necessária para o bom funcionamento do mercado. A ABCD, por exemplo, em seu oitavo ano de atuação, encaminhou em 2023 número recorde de manifestações, notas técnicas e ofícios às entidades ligadas ao setor desde a sua fundação.
Foram 29 iniciativas direcionadas para entidades como Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), Banco Central do Brasil (BCB), Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Ministério da Fazenda (Secretaria de Reformas Econômicas) e Superintendência de Operações e Canais Digitais do BNDES.
Na pauta, marcaram presença os principais tópicos da agenda financeira nacional, entre eles Pix, Consignado Privado e Público, Otimização de FIDCs, Identidade Digital e Combate a Fraudes, Remuneração de Administradores de SCDs e SEPs, Marco Legal das Garantias, Programa Desenrola Brasil e Resolução Conjunta CMN/BCB nº 6. Para este ano, a expectativa é que a interlocução e encaminhamento de pleitos se amplie, com o setor seguindo em ação para superar desafios – os existentes e também aqueles que possam surgir – e consolidar um ambiente de crédito mais inclusivo e eficiente para todos os brasileiros.
*Claudia Amira é diretora-executiva da Associação Brasileira de Crédito Digital (ABCD)
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