As 4 maiores lições de cultura organizacional que já aprendi

Para construir uma boa cultura organizacional é preciso focar em alguns pontos, confira a seguir.

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6:18 pm - 17 de novembro de 2019
Em um espaço de apenas cinco anos, o grupo das cinco empresas com maior valor de mercado do mundo foi dominado pelo setor de tecnologia e isso não é uma coincidência. Todas possuem uma característica em comum: uma cultura organizacional vencedora.

Costumo falar que para construir uma cultura organizacional tão boa quanto, você precisa considerar os seguintes pontos:

  • Inovação e assunção de riscos;
  • Agressividade e ousadia;
  • Atenção aos detalhes;
  • Metrificação dos sucessos e insucessos;

Hoje vou falar sobre os quatro primeiros, que foram os que foquei mais durante minha trajetória como empreendedor e gestor.

1-Cultura do erro

Para quem inova, o erro é presença constante. Puna a repetição do erro, mas nunca o erro. Não adianta você querer que um funcionário seu traga novas ideias para a sua empresa se ele tem medo de ser punido. A disrupção é uma derivada do caos.

Além disso, algumas das maiores invenções aconteceram por puro engano.

A primeira coisa que escrevi no quadro branco da Easy Taxi foi: fail fast, fix it even faster (falhe rápido, conserte mais rápido ainda). Pessoas realmente inovadoras são as que assumem riscos e têm habilidade para aprender com aquilo e consertar.

2-Agressividade

Um cultura organizacional agressiva faz com que o time trabalhe os objetivos de forma mais ousada. O fato de não punir erros já apresenta uma janela de oportunidade para que o time tente algo que em outras organizações ele não teria incentivos para tentar, afinal, enquanto funcionário, ele ganhará a mesma coisa ousando ou não.

É por isso que defendo veemente que mudemos essa cultura da punição do erro e implantemos uma cultura de reconhecimento dos feitos, porque isso será precedente para a implantação de uma cultura de agressividade na empresa.

Na Easy Taxi, por exemplo, expandimos para 35 países em apenas dois anos após recebermos o nosso primeiro aporte de R$10 milhões.

Na Singu, em apenas doze meses, faturamos +R$1 milhão, ou seja, quase cinco vezes mais do que a Easy taxi em seu primeiro ano. Uma cultura de agressividade tolera erros e incentiva comportamentos ousados e é isso que faz com que o time tenha vontade de levantar de manhã, vestir sua farda e ir com a faca na caveira para cumprir sua missão na empresa.

3-Atenção aos detalhes

Cultura não é pregar no quadro de avisos da empresa a visão e os valores. É demonstrar com ações no dia-a-dia da sua operação os valores com o qual você quer cunhar o seu negócio.

Tendemos a tocar nossos negócios olhando apenas para uma planilha de excel e torcendo para que o negócio cresça. Quer uma verdade dura? Se você não fizer algo diferente essa semana e repetir as mesmas ações da semana passada, provavelmente o seu resultado será igual ou pior. Não dá para ficar sentado no status quo e torcer para que algo aconteça; é preciso ser detalhista acerca das possíveis melhorias em sua operação e colocar projetos para rodar quase que semanalmente.

Na Singu, por exemplo, entrevistamos centenas de artistas (como denominamos nossas profissionais de beleza que vão até a casa das pessoas) para entender qual era sua maior dor em um dado momento. Descobrimos que elas tinham muitas dúvidas sobre quais modais de transporte utilizar para chegar até a casa do cliente. Com base neste problema, criamos uma solução integrada que não só sugere os modais de transporte a ser utilizados como também calcula o tempo de trajeto, balizando assim a quantidade de serviços que será enviado para o aplicativo dessas artistas e os horários ofertados.

Outra cultura que admiro muito é a da Embraer. Faz parte da filosofia deles a atenção aos detalhes e o reconhecimento a quem inova. Resultado: 40 a 50 projetos de inovação anuais com mais de 970 funcionários envolvidos.

4-Metrificação dos sucessos e insucessos

Dados são o petróleo da nossa geração. Sem medir o desempenho de todas as áreas, suas decisões serão tomadas com base no bom e velho “achismo” e o fracasso no longo prazo é iminente.

Para criar uma cultura baseada em resultados, faça com que os dados fiquem disponíveis para todos. Utilize um dashboard claro e que tenha informações eficientes para gerar insights. Se os funcionários se acostumam a olhar sempre para os dados, o time se guia naturalmente por eles.

Recomendo que vocês instalem o Geckoboard, ele é um software que conectado a sua base de dados, gera dashboards de uma forma simples e facilita sua vida ao colocar todos os membros da operação na mesma página.

O processo de melhoria aqui é contínuo. Proponha um projeto com base nas hipóteses formuladas a partir de um problema encontrado, execute um projeto, defina o que é sucesso para você, metrifique suas ações, analise e descarte ou escale aquele projeto.

Este processo de melhoria contínua provavelmente te colocará a frente de 99% dos empreendedores/executivos.

*Por Tallis Gomes, fundador do Easy Taxi, que, sob sua gestão, foi expandido para 35 países em 4 continentes, se tornando o maior aplicativo de táxi do mundo. Em 2017, a Easy Taxi fundiu-se com a Cabify, em uma das 3 mais importantes M&A de tecnologia na história brasileira. Listado pela Forbes 30 under 30, eleito pelo MIT como o jovem empreendedor mais inovador mundo, na lista under 35, e listado pela principal revista científica no Brasil como uma das 25 pessoas mais influentes na internet brasileira, Tallis também foi eleito Líder Jovem do Ano pela Latin Trade Foundation em Miami. Tallis recebeu a medalha de JK, maior honraria dada à um cidadão Brasileiro, como Personalidade Brasileira do Ano em Tecnologia. Atualmente, é CEO e fundador da Singu, maior aplicativo de serviços de beleza e bem-estar da América Latina e é autor do “Nada Easy”, best-seller na categoria negócios que está em sua terceira edição.

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