A importância de manter a transformação digital humanizada

Os recorrentes e intensos avanços tecnológicos estão causando diversas mudanças que tornam o mundo cada vez mais digitalizado e boa parte dos processos e interações pautados por ferramentas e softwares computacionais. Isso traz um potencial enorme de crescimento para as empresas, que passam a ser capazes de oferecer produtos e soluções mais inovadoras e que acompanham as necessidades de consumo em tempo real.

De acordo com a pesquisa “Transformação digital, produtividade e crescimento econômico” realizada pelo Movimento Brasil Competitivo (MBC) em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), a oferta digital brasileira aumentou cerca de 5,7% nos últimos cinco anos. Além disso, uma agenda maior de digitalização dos setores pode resultar em um crescimento de R$ 422,7 bilhões na economia nacional.

Outros dados do estudo mostram ainda que desde 2017 houve um aumento de 4,9% nos empregos digitais, o que revela como as empresas estão focando progressivamente seus esforços em trazer essa transformação para dentro de casa.

Porém, a adoção contínua e cada vez maior de tecnologia traz alguns desafios que precisam urgentemente ser enfrentados pelas companhias. O principal deles é como manter a digitalização acontecendo no ritmo necessário para garantir o sucesso e evolução dos negócios, e ainda certificar que todos os processos e iniciativas resultantes deles não deixem de ser humanizados.

Além da atenção com questões relacionadas à qualificação da equipe que viabiliza essas mudanças, infraestrutura que permita a implementação de novas ferramentas – o que envolve gastos com segurança cibernética -, e educação focada em capacitar melhor todos os colaboradores e os colocar a par da importância da transformação digital e o que ela de fato significa, esse cenário exige das instituições um cuidado a mais para assegurar que todo o desenvolvimento seja realizado de maneira sustentável tanto para a organização quanto para os consumidores.

Não podemos negar que levar inovação para a população atualmente tem requerido um forte envolvimento com tecnologia. Com a automatização de sistemas e criação de chatbots, por exemplo, excluímos do dia a dia vários momentos de interação humana que as pessoas teriam ao consumir serviços relacionados à saúde, finanças, educação, alimentação, varejo, entre outros. Isso gera menos acolhimento e fidelização, o que é extremamente negativo para as marcas.

Porém, é fundamental compreender que inovação não tem a ver necessariamente com a adoção de tecnologia, mas sim com a simplificação de processos para os usuários e criação de produtos que retirem atritos e realmente atendam as demandas e desejos da população.

Com isso em mente, fica mais fácil identificar em quais etapas automatizar, e em quais manter a interação humana como chave para a boa resolução de problemas e entrega de soluções efetivas. A transformação digital não estaria acontecendo sem as pessoas, pois são elas que tornam isso possível. Portanto, é preciso priorizar também o elemento humano em todos os seus processos.

*Gustavo Caetano é fundador da Sambatech e Samba Digital