Sorria! Você pode estar no Google Street View!

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9:51 am - 14 de agosto de 2013

O Google traz para o Brasil o serviço Street View que apresenta fotografias seqüenciadas (como um filme mudo) de ruas mostrando tudo o que estiver visível naquele momento: os prédios, as pessoas e as demais situações que podem ser vistas sob a perspectiva de uma pessoa dentro de um carro. Dentro de seis meses as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte terão suas principais ruas registradas neste poderoso banco de imagem. Da minha parte fiquei um pouco mais tranqüilo, pois a Ilha de Itamaracá ainda não será contemplada nesta primeira fase. Mas, já estou imaginando o Prefeito de muitas pequenas cidades brasileiras, em frente à Prefeitura esperando o Google Street Car registrar sua imagem.Como todo serviço do Google, o Street View disponibiliza informação. Podemos gostar ou não, mas o Google tem facilitado o acesso à informação com suas limitações e características. Porém, como nos demais produtos já existentes nós temos que pensar em algumas questões relativas às facilidades e aos riscos desse serviço, o Google Street View. a) A informação pública se torna mais pública para todos os públicos.As imagens disponibilizadas foram capturadas em vias públicas. Tudo que uma pessoa passeando de carro poderia ver na rua, o Google Street View mostra. O que é informação pública fica mais pública. Além do que um outro público, pessoas distantes daquele local, que não veriam facilmente essa imagem, poderão vê-la.b) Facilitará as viagens (turismo/negócio) e a visão prévia de locais de nosso interesse.Caso a área tenha sido coberta pelo carro fotógrafo, as pessoas poderão conhecer com mais detalhes locais onde para onde desejam viajar. Podemos ?caminhar? da Casa Branca em Washignton até a sede do FBI e verificar tranquilamente se vale á pena fazer este percurso andando ou é melhor pegarmos um transporte e ganharmos uns minutos. Poderemos ?visitar? aquele hotel que na Internet informa que fica em excelente local. c) Temporalidade da informaçãoNós precisamos estar atentos para saber que as imagens foram registradas em um determinado tempo e que existe um ciclo de atualizações. De repente aquele hotel aparece com a imagem antes de uma reforma e pode ter perda de hóspedes. Aquela pessoa que aparece com alguns quilos à mais pode já ter perdido essa gordurinha, porém na Internet estará com a imagem anterior.d) PrivacidadeEsta é uma das questões debatidas em relação a este serviço. A princípio não existem maiores problemas, pois as pessoas estão na rua. A Constituição brasileira não proíbe nominalmente que qualquer indivíduo, seja por motivação pessoal ou em nome de uma empresa, fotografe ambientes públicos, como são as ruas. Porém a própria Constituição no seu décimo inciso do artigo quinto garante que ?são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação?. Em sites que comentam o serviço Street View, é mostrada a imagem de um homem entrando em uma loja de artigos para adultos. Essa imagem dele ficará um bom tempo disponível para todas as pessoas no mundo que acessam a Internet, bem diferente daqueles poucos minutos que configuraram a sua entrada e saída. Se essa pessoa achar que pode ter sua imagem prejudicada por este registro, poderá processar alguém? Sei que é um caso para os operadores do direito, mas é bom lembrar a esta pessoa que não se esqueça de contemplar as diversas câmeras existentes nas ruas, a câmera da própria loja, o registro do cartão de crédito com que ele pagou a compra e a imagem na mente das pessoas que viram ou interagiram com ela naquela ocasião.Há alguns meses, durante uma sessão pública de um dos nossos tribunais superiores em Brasília, um repórter fotografou a tela de computadores de um juiz e de uma juíza, que em plena sessão de julgamento estavam trocando mensagens sobre outros assuntos. Não foi considerado invasão de privacidade, pois a sessão era pública e a lente poderosa da máquina fotográfica apenas captou algo que nossos olhos caso estivéssemos perto poderiam ver.e) Essas imagens poderão ser usadas pelo pessoal do crime?Sim, poderão. E se juntamos com imagens (que eu acho muito mais poderosas) de satélite, hoje disponibilizadas gratuitamente pelo serviço Google Earth, os meliantes do crime terão informações que demorariam mais tempo para conseguir: como é a área vizinha de um condomínio de luxo que fica em uma cidade a mais de mil quilômetros?Porém, existe um atenuante: nenhum criminoso e principalmente organização criminosa fará alguma ação somente com as informações do Google Street View e do Google Earth, Eles precisam de informações mais detalhadas sobre proteção do local (alarmes, quantidade de agentes) e sobre características do local (horário de mais movimento, tipo de pessoas que ficam no local, objetos de valores existentes). Essas informações serão fornecidas por comparsas infiltrados, empregados cooptados ou informações que são jogadas no lixo!f) E o futuro?Tenho certeza que a existência de informação sobre os ambientes público será cada vez maior. Teremos esse tipo de informação praticamente em tempo real. Este sistema poderá estar conectado com câmeras de monitoramento de transito, com câmeras dos prédios, com câmeras de voluntários que através do seu DMC (Dispositivo Móvel de Comunicação ? nosso atual telefone celular) repassarão imagens em tempo real das ruas e locais das cidades.Essa situação trará muitas vantagens, mas também trará o risco dessas informações serem utilizadas pelo crime e por governos não democráticos. Como cidadãos nós precisamos estar atentos para conseguir separar o que é bom e o que não pode acontecer.Viva, esteja atento e exerça seu direito de cidadão caso entenda que está sendo prejudicado. Se nas últimas férias você esteve em cidade que o Google Street View já estava ativo, verifique se você aparece para o mundo. Mesmo que seu rosto esteja embaçado (o serviço Street View faz isso), você vai se reconhecer.Portanto, não esqueça: Sorria! Você está no mundo!Edison Fontes, CISM, CISA.Consultor, Professor e Autor de Livros de Segurança da Informação.Núcleo Inteligência. Participa ABSEG, ISACA e InfoSecCouncil.[email protected]Ética: um princípio sem fim!

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