“Qué país é esse?”

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4:19 pm - 15 de maio de 2015

A pergunta do título corresponde a uma música lançada em 1987 pela banda de rock Legião Urbana, que voltou a ter destaque recentemente na imprensa, como parte da reação verbal de um dos envolvidos na operação Lava Jato, no momento de sua prisão.

Parece que ‘esse país’ ainda não acordou para o tamanho do rombo que está sendo investigado: o volume de recursos lançado como perdas no balanço da Petrobrás equivale ao dobro de todo o dinheiro necessário para recuperar as perdas geradas pelo recente terrível terremoto no Nepal, que causou mais de oito mil mortes (num país de vinte e oito milhões de habitantes).

Ao mesmo tempo tive a oportunidade de conhecer um país que conseguiu se recuperar de uma devastadora guerra, que envolveu vários países vizinhos: declarou-se independente ao término dessa guerra, há apenas vinte anos.

Esse país, que possui apenas vinte mil quilômetros quadrados de território e pouco mais de dois milhões de habitantes, avançou num ritmo impressionante: desde maio de 2004, aos nove anos da independência, tornou-se membro da União Européia. E pouco menos de três anos depois disso aderiu à zona do euro.

Sim, esse país está localizado estrategicamente no centro da Europa: a maioria das grandes capitais européias estão a menos de mil quilômetros de distância, incluindo Berlin, Bruxelas, Paris, Roma e Viena. Apenas Londres e Moscou são um pouco mais distantes.

Nesse mesmo país, a educação e a saúde não apenas são gratuitos, mas são serviços de alta qualidade, prestados para toda a população. Claro que para garantir esse alto nível, os impostos sobre a renda pessoal estão entre os mais altos do mundo. Ao mesmo tempo, os impostos sobre as empresas estão entre os mais baixos.

Esse país hospeda em seu território algumas dúzias de filiais de empresas globais: as há tanto do setor de tecnologia da informação, como da indústria automobilística. A qualidade da formação de seus cidadãos e os baixos impostos corporativos são chaves para isso.

Desse jeito, esse país obtém 60% do seu PIB por meio de suas exportações. Em particular, as exportações de Tecnologia da Informação estão dobrando de volume a cada cinco anos.

Finalmente, esse pequeno país, aparentemente tão irrelevante em comparação com o tamanho do Brasil, tem posicionado sua diplomacia internacional de forma estratégica: ele foi um dos artífices silenciosos do acordo nuclear das potências ocidentais com o Irã (a tenacidade nesse processo garantiu para uma embaixadora desse país o apelido de ‘formiguinha atômica’ sim, ela é bem baixinha).

Tudo isso prova que, afinal, enquanto o nosso gigante Brasil não passar por uma grande guerra, que devaste o país, ou um gigantesco terremoto, vai continuar com seu potencial adormecido?

Infelizmente, as perdas financeiras que já tivemos equivalem a tragédias desse porte, mas parece não haver o reconhecimento disso, nem pela classe política, nem pela grande massa de eleitores. Que será que teremos que atravessar para que o nosso país ganhe o impulso para seu desenvolvimento que todos os brasileiros de bem desejamos? Está na hora de pensar nisso!

Sim, e afinal, você quer mesmo saber qual país é esse que descrevi acima, para servir de exemplo? Vai ai uma última dica: o material de marketing do país, todo elaborado em inglês, faz uso do fato de que a palavra ‘love’ está contida no nome do país: EsLOVEnia.

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