O ano de 2021 e seus primeiros desafios

Brasil observa em seu caminho a consolidação de obstáculos econômicos que já se desenhavam em 2020

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por ABCD
2:02 pm - 20 de janeiro de 2021
economia, produtividade, competitividade

O ano novo chegou, mas é inegável que 2020 ainda é uma presença forte no cotidiano das pessoas. A pandemia, que ganhou força em meados de fevereiro passado, continua sendo uma realidade, com novas mutações do vírus se espalhando e obrigando o retorno de medidas mais rígidas de distanciamento social em diversos países, inclusive no Brasil, que testemunhou momentos dramáticos em Manaus nos últimos dias. 

Em escalas diferentes de organização, a vacinação já ocorre em mais de 50 países. De acordo com o levantamento do portal Our World In Data, da Universidade de Oxford, mais de 32 milhões de doses haviam sido administradas em todo o mundo até 13 de janeiro. Se o avanço da imunização anima, preocupa também o fato de que uma série de nações enfrenta dificuldades para colocar a medida em prática. 

Nesse contexto de forte incerteza quanto à possibilidade de retomar certa normalidade ainda no primeiro trimestre deste ano, compartilhada por todo o mundo, o Brasil observa em seu caminho a consolidação de obstáculos econômicos que já se desenhavam em 2020. 

O fim do auxílio emergencial, cujo último pagamento foi feito em 29 de dezembro, deixará de injetar na economia cerca de R$ 32,4 bilhões por mês, segundo dados da Caixa. Na prática, um impacto no orçamento, mas que beneficiou quase 68 milhões de beneficiários e  ajudou a manter o giro da economia. 

Some-se a isso movimentações relevantes que devem aumentar o desemprego no país: no último dia 11, a Ford anunciou o encerramento da produção de veículos no Brasil, fechando três fábricas. A estimativa é que 5 mil vagas sejam perdidas diretamente, mas o número pode chegar a 12 mil, se considerarmos os empregos gerados indiretamente. 

Na mesma data, o Banco do Brasil divulgou ao mercado um plano de reorganização para ganhos de eficiência operacional que inclui o fechamento de 112 agências e um programa de desligamento que deve atingir 5 mil colaboradores. Atualmente, mais de 14 milhões de pessoas estão desempregadas no país, segundo o IBGE. 

Também na largada do ano, os primeiros sinais de que a inadimplência pode ganhar fôlego em 2021 surgiram entre as distribuidoras de energia. De acordo com boletim do Ministério de Minas e Energia (MME), a inadimplência em novembro chegou a 5,22% no setor – a média de janeiro a outubro ficou em 3,75%.

A alta de 4,52%, a maior desde 2016, do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), indicador oficial de inflação do país, também colocou no radar uma ainda leve preocupação quanto a um possível descontrole inflacionário. 

Diante desse cenário de crise de saúde global e que dá mostras de que deve se estender por mais tempo do que imaginávamos, fica muito difícil arriscar fazer qualquer previsão para 2021. O certo mesmo é que serão meses pautados por desafios, reformas, ajustes e correção de rota para consumidores, empresas e governos. 

*Claudia Amira é diretora-executiva da ABCD (Associação Brasileira de Crédito Digital)

 

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