Nova Zelândia e Brasil firmam parceria para acelerar setor de agritech

Colaboração e inovação aberta são fundamentais para resolver desafio global da produção de alimentos sem impactar meio ambiente

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8:44 am - 19 de abril de 2022
Imagem: Shutterstock

Aumentar a produção de alimentos de forma sustentável com mínimo impacto ao meio ambiente é um dos grandes desafios do nosso tempo. Além disso, fatores como mudanças climáticas, falta de mão de obra, maior conscientização dos consumidores, além de novas tendências alimentares, pressionam agricultores no mundo todo e questionam a produção tradicional de alimentos. São esses mesmos desafios, no entanto, que abrem espaço para uma profunda transformação da indústria.

Nos últimos anos vimos surgir uma série de tecnologias digitais com o potencial de revolucionar a agricultura. A mais recente delas, o 5G, pode destravar uma nova geração para o conceito de Internet das Coisas e para a agricultura de precisão. O potencial econômico é imenso. A Mckinsey estima que o setor poderá agregar US$ 500 bilhões em valor adicional ao produto interno bruto global até 2030.

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Entretanto, sabemos que, para ser efetiva, a aplicação de novas tecnologias precisa colocar o agricultor no centro das decisões e soluções. Algumas das principais empresas da Nova Zelândia nasceram no campo para atender o campo. Não à toa, a agricultura é o principal setor econômico do país. Mas em tempos cada vez mais demandantes e complexos, avançar o conhecimento e o desenvolvimento de tecnologias que resolvam a dor do produtor exige olhar além das fronteiras. Parcerias estratégicas oferecem um atalho para a inovação.

Apesar da distância geográfica que nos separa, Brasil e Nova Zelândia possuem sinergias em muitos mercados, e o setor de agritech é um deles. Ambos têm olhado para tecnologias promissoras para melhorar a vida de produtores, a qualidade da produção, enquanto buscam soluções para não deixar rastros nocivos ao meio ambiente.

Para aproximar os dois ecossistemas em busca de aprendizados e colaboração, a New Zealand Trade and Enterprise (NZTE), agência de promoção de negócios da Nova Zelândia, e a AgTech, maior hub de inovação especializado em agronegócio na América Latina, se uniram para lançar o Agritech International Acceleration Programme.

O programa de aceleração reúne nove empresas neozelandesas com níveis de maturidade diferentes. Há desde agtechs a grandes empresas do agronegócio com mais de 80 anos. São elas Abacusbio, Bluelab, CLIMsystems, Gallagher, Landkind, Mastatest, MilktechNZ, QCONZ New Zealand e WayBeyond. Tais empresas atuam em diferentes verticais, com soluções que vão desde dispositivos inteligentes de controle de rebanho a software de gestão de produtividade do campo. Com o programa, buscamos insights valiosos, mas também mostrar a vocação da Nova Zelândia à inovação aberta e à internacionalização de suas soluções. Aqueles que se interessarem em saber mais sobre o programa e sobre as empresas, podem acessar o site.

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Assim como no Brasil, o mercado de agritech na Nova Zelândia é promissor diante das oportunidades que podemos resolver. Para dar um termômetro do setor por lá, mais de 950 empresas de agrotecnologia já passaram pela Callaghan Innovation (braço de inovação do governo), pela NZTE ou ainda são membros da Agritech New Zealand, associação com foco em conectar e avançar o setor de agritech. Segundo a Tracxn, plataforma que rastreia startups no mundo, há atualmente 164 agtechs no país.

A engenhosidade kiwi, da qual falo no texto anterior, e o conceito Maori de “kaitiakitanga”, que significa cuidar das pessoas, do lugar e do planeta para as gerações futuras, são algumas das características que contribuem para a Nova Zelândia pensar a agricultura em acordo com os desafios atuais. Estamos bem posicionados para liderar a próxima revolução na agricultura e esperançosos para ver os resultados de como parcerias no setor podem gerar soluções para grandes problemas.

*Chris Metcalfe é comissário de negócios da NZTE (New Zealand Trade Enterprise) para Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai e vice-cônsul da Nova Zelândia em São Paulo. Anteriormente, foi Gerente de Desenvolvimento de Negócios para a NZTE na Europa, onde por mais de cinco anos apoiou a entrada de negócios da Nova Zelândia nos mercados da Espanha e Portugal. Antes de entrar na NZTE, Chris morou na Espanha onde atuou como palestrante e coach, trabalhando com grandes multinacionais. Graduou-se na Waikato University, na Nova Zelândia, em Recursos Humanos e Relações Industriais. É casado e pai de duas meninas espanholas, mas que considera praticamente brasileiras.

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