TI para exportação: 5 tendências que farão a diferença em 2022

Seja na Nova Zelândia, no Brasil ou em outro lugar do mundo, essas tecnologias prometem inovar os negócios e trazer soluções para o planeta 

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3:02 pm - 17 de janeiro de 2022
Internet das Coisas aliada com 5G promete revolucionar uma série de indústrias. Foto: Shutterstock

Apesar dos grandes desafios vividos em 2021, o setor de tecnologia se provou mais uma vez resiliente. E não só isso. Provou-se transgressor. Parte desse caráter de sobrevivência e superação está na própria natureza das empresas de tecnologia que investem em pesquisa, desenvolvimento e inovação, uma combinação que permite, de certa forma, melhor se preparar para cenários futuros.

Posso falar pela Nova Zelândia. Lá as companhias de tecnologia aumentaram os investimentos em P&D em 14,3% em 2021, segundo o último TIN Report, tradicional estudo que monitora a maturidade do setor de tecnologia no país. Não é coincidência que o setor de TIC é o que mais cresce nos últimos cinco anos, tendo se assumido como um dos principais pilares da economia e da prosperidade da Nova Zelândia.

Olhando para o horizonte e pensando sobre o ano de 2022, tenho grandes expectativas para acompanhar como o setor irá crescer, influenciar e aprender com outros ecossistemas de tecnologia e inovação. De olho nas tendências em tecnologia que devem gerar grande impacto nos negócios, destaco aqui cinco delas que estão acelerando a digitalização e inovação de empresas na Nova Zelândia, mas que também ressoam com empresas no Brasil e no mundo todo.

1. Híbrido by design

O trabalho à distância se tornou uma realidade para uma boa parte das empresas e funcionários devido às restrições causadas pela COVID-19. Para muitos, essa cultura de flexibilidade do local de trabalho veio para ficar. Para a Nova Zelândia, segundo levantamento do IDC, até o ano de 2023, dois terços das empresas listadas na Bolsa de Valores do país se comprometerão a fornecer paridade técnica a uma força de trabalho “híbrida por design” e não por circunstância, permitindo que equipes trabalhem separadamente e em tempo real. Essa realidade também dará mais força para contratação de talentos de outras regiões e países.

Essa tendência vai de encontro a outra apontada pelo Gartner: as chamadas empresas distribuídas. O Gartner espera que até 2023, 75% das organizações que exploram os benefícios corporativos distribuídos terão um crescimento de receita 25% mais rápido do que os concorrentes.

2. Cleantech: tecnologias de impacto

Sabemos que a tecnologia terá um papel crucial para a solução das mudanças climáticas e outros problemas ambientais, ao mesmo tempo que possibilita criar uma indústria de exportação de alto valor e novas oportunidades de emprego. Na Nova Zelândia, vemos uma nova geração de startups surgindo com propostas e tecnologia que se encaixam nos princípios de ESG (sigla para sustentabilidade, meio ambiente e governança) das organizações. É o caso da Carbon Crop, que usa tecnologia de ponta para ajudar proprietários de terras no país a acessar créditos de carbono.

Segundo estimativa do IDC, até 2025, 85% das empresas de oferta pública da Nova Zelândia exigirão materiais reutilizados em cadeias de suprimentos de hardware de tecnologia, metas de neutralidade de carbono para fornecedores e menor uso de energia como pré-requisitos para fazer negócios.

3. Uma próxima onda de Internet das Coisas com maior alcance do 5G

A quinta geração de telefonia móvel já é uma realidade em boa parte da Nova Zelândia. Até o ano de 2023, a previsão é que cerca de 90% da população do país tenha cobertura 5G, algo que permitirá destravar uma nova geração de dispositivos conectados e inteligentes. Segundo um estudo feito pela NERA Economic Consulting, o desdobramento do 5G pode acrescentar entre US$5,7 bilhões e US$8,9 bilhões por ano à economia da Nova Zelândia nos próximos 10 anos.

Entre os setores que mais esperam se beneficiar com o 5G está o da agricultura. Assim como o Brasil, a Nova Zelândia tem avançado a produtividade do campo com a Internet das Coisas. Pense em seu smartwatch ou fit band e você poderá encontrar neles um equivalente para ser usado em rebanhos. A neozelandesa Gallagher Animal Management Group prepara o lançamento de um colar inteligente que permite aos fazendeiros monitorar suas criações à distância. Batizada de eShepherd, a solução combina um colar habilitado com GPS, um aplicativo móvel e uma estação base para criar cercas virtuais e automatizar o controle de rebanhos, melhorando a produtividade agrícola por meio de frentes de pastagem móveis, assim como melhoria da saúde e bem-estar do rebanho.

Sabemos que fazendas inteligentes são apenas alguns dos exemplos práticos desta tendência de conectividade, mas alimente a Internet das Coisas com o 5G e isso permitirá tornar inteligente qualquer coisa, praticamente.

4. Cibersegurança onisciente e descentralizada

À medida que todas as coisas são conectadas entre si e o todo, as vulnerabilidades sobre elas crescem na mesma proporção. Não diferente de outros países, a Nova Zelândia tem testemunhado um maior número de ciberameaças.
Infelizmente, incidentes cibernéticos e violações não podem ser totalmente eliminados, entretanto, o nível com que afetam toda a organização e seu ecossistema pode ser minimizado. Uma das principais empresas de cibersegurança da Nova Zelândia, a Endace combina hardware e software analítico para rastrear e dar visibilidade dos dados nas redes. Assim, organizações conseguem capturar, registrar e analisar dados permitindo aos times de segurança, mesmo descentralizados, obterem em minutos uma investigação e logo partir para a resolução de possíveis incidentes. Em caso de incidentes cibernéticos, sabemos como o tempo de resposta é crucial.

Há ainda outra tendência aqui que vale a pena ser citada. É a chamada cibersegurança em malha ou security mesh. Trata-se mais de um conceito do que de tecnologias. Pressupõe-se aqui que as redes não têm limites físicos e com isso, as organizações passam a construir um perímetro de segurança em torno de cada usuário, permitindo que ele acesse os ativos com segurança de qualquer local e dispositivo. Segundo o Gartner, as organizações que adotarem o security mesh para integrar ferramentas de segurança reduzirão o impacto financeiro de incidentes em uma média de 90%.

5. Inteligência Artificial dita oportunidades de negócio

De acordo com o IDC, as oportunidades em Inteligência Artificial irão ditar boa parte das aquisições e negócios na Nova Zelândia até 2023. Segundo a consultoria, impulsionada pelo objetivo de incorporar inteligência em produtos e serviços, uma em cada dez empresas listadas na Bolsa de Valores da Nova Zelândia deve adquirir pelo menos uma startup de software de Inteligência Artificial.

Em um mundo onde nossas experiências serão cada vez mais digitalizadas, a Soul Machines, uma desenvolvedora de Inteligência Artificial baseada em Auckland, criou uma tecnologia capaz de criar “clones digitais”. Esses gêmeos digitais podem ser desenhados para se parecer com uma pessoa real e treinados com o apoio de Machine Learning e Neural Network para atuar e responder como uma pessoa. A demanda para esses gêmeos digitais vem de marcas que buscam interagir com clientes e até mesmo celebridades para se conectarem com seus seguidores e fãs. Mas eventualmente, quem sabe, cada pessoa, como você ou eu, poderá ter um gêmeo digital para lidar com tarefas do nosso cotidiano.

Essas tendências são algumas das tendências em tecnologia que vêm na esteira da transformação digital. Elas não influenciam e transformam os negócios de forma isolada, mas destravam novas possibilidades quando usadas estrategicamente e combinadas. Quais outras tendências, você acredita que farão a diferença em 2022?

*Chris Metcalfe é comissário de negócios da NZTE (New Zealand Trade Enterprise) para Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai e vice-cônsul da Nova Zelândia em São Paulo. Anteriormente, foi Gerente de Desenvolvimento de Negócios para a NZTE na Europa, onde por mais de cinco anos apoiou a entrada de negócios da Nova Zelândia nos mercados da Espanha e Portugal. Antes de entrar na NZTE, Chris morou na Espanha onde atuou como palestrante e coach, trabalhando com grandes multinacionais. Graduou-se na Waikato University, na Nova Zelândia, em Recursos Humanos e Relações Industriais. É casado e pai de duas meninas espanholas, mas que considera praticamente brasileiras.

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