Como a Nova Zelândia cria um ambiente próspero para a inovação

País tem investido em estrutura e programas de apoio a empreendedores e plano de transformação digital para os próximos anos

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10:19 am - 17 de fevereiro de 2022

O que faz um ecossistema de tecnologia e inovação prosperar? Acompanhando o setor de tecnologia e inovação do Brasil e da América Latina vemos o número de startups saltar a cada ano, assim como a disposição de investimento ao redor delas. É claro, esses resultados não foram construídos da noite para o dia. Foram amadurecidos ao redor de empreendedores, com aceleradoras, incubadoras e uma disposição maior das empresas tradicionais a iniciativas de inovação aberta.

A Nova Zelândia tem seguido um caminho semelhante, com o setor de TI sendo aquele que mais cresce, ocupando o segundo lugar em representatividade econômica no país. Mas talvez você se pergunte como é o ecossistema de inovação de um país que soa tão distante.

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À primeira vista, ser um país com pouco mais de 5 milhões de habitantes pode parecer desvantajoso para aqueles que buscam testar soluções e novos modelos de negócio em tecnologia. Porém, é aí que reside algumas vantagens. Nos beneficiamos do alcance e da proximidade. Empreendedores, indústria, institutos de Pesquisa e Desenvolvimento e o Governo trabalham juntos para entender e solucionar os desafios importantes não somente da Nova Zelândia como do resto do mundo. Ao mesmo tempo, asseguramos uma localização estratégica em relação a um dos maiores mercados globais, o asiático.

Mas mesmo diante dessa proximidade, empreender pode ser um ato solitário, ainda mais quando não se tem apoio para isso. Facilitar o acesso ao conhecimento e ao mercado, promover a conexão entre pares e especialistas é algo que temos trabalhado há mais de uma década para fazer o ambiente de inovação na Nova Zelândia mais próspero e acolhedor.

Há instituições consolidadas nessa direção. Para citar algumas temos a NZTech, uma aliança independente do setor de tecnologia; o MBIE (Ministério de Negócios, Inovação e Emprego); o Ministry of Awesome, aceleradoras de startups; o Icehouse, hub de aceleração para empreendedores e fundadores com foco em PMEs; a NZTE (New Zealand Trade Enterprise), agência do governo que promove e apoia o crescimento internacional de negócios; e a Callaghan Innovation, agência de inovação do governo que conecta empresas ao sistema de inovação, desde startups a empresas avançadas em P&D. E por falar em pesquisa e desenvolvimento, as oito universidades da Nova Zelândia estão no top 3% global com base em pesquisas, recursos, empregabilidade e internacionalização. Todos esses agentes ajudam a compor um ambiente de inovação propício para empresas que surgiram nos últimos anos e aquelas que ainda surgirão.

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Outro forte indicador de que o ecossistema de startups na Nova Zelândia vem acelerando a sua trajetória nos últimos anos é o fluxo de capital de risco e investimento em estágio inicial atingindo recordes. De acordo com o Crunchbase, o dinheiro levantado pelas startups da Nova Zelândia aumentou 30%, de US$ 1 bilhão para cerca de US$ 1,3 bilhão, do primeiro trimestre de 2020 ao quarto trimestre de 2021. Houve aumento no investimento estrangeiro, mas também novos fundos lançados pelo governo. Em março de 2021, o governo lançou o Elevate NZ Venture Fund, um programa que destina US$ 203 milhões para investir em empresas de venture capital que buscam aportar em startups em estágios iniciais.

Sabemos que o setor de tecnologia tem avançado a uma velocidade sem precedente. Acompanhá-lo, sem deixar ninguém para trás, é um trabalho que exige pensar em estratégias de inclusão para agora e a longo prazo. Afinal, o ecossistema de inovação não pode ser para poucos.

Inclusão é um dos temas do atual plano de Transformação Digital do governo da Nova Zelândia. A nova estratégia digital em andamento articula Governo e Indústria para entregar a visão desenvolvida para o setor de tecnologia nos próximos anos. O tema “Trust, Inclusion and Growth” (Confiança, Inclusão e Crescimento), dá uma boa indicação do ecossistema que temos.

Um dos pilares fundamentais é a parceria com os Māori, os povos nativos da Nova Zelândia. Hoje, mais de 17% da população se identifica como Māori, segundo levantamento da NZ Stats. Fortalecer a economia Māori é fortalecer também a Nova Zelândia. Lançada pela Callaghan Innovation, a Kōkiri é a primeira aceleradora do país focada na capacitação dos empreendedores Māori. Outro passo importante e histórico foi dado recentemente quando o Governo anunciou um acordo para ceder um quarto do espectro 5G aos Māori, assim como um fundo de US$ 57 milhões para apoiá-los para construir novos negócios usando 5G.

Com seus valores e preocupações, a Nova Zelândia é um bom modelo para um futuro digital inclusivo e sustentável. Assim como outros países e cidades que se tornaram polos globais de inovação, pensamos que a Nova Zelândia será o próximo destino para essas ambições.

Como parte da estratégia de dar mais visibilidade a esse ecossistema, no dia 21 de fevereiro será lançada a Tech Story, uma iniciativa de marketing que busca promover as capacidades tecnológicas, de pesquisa e inovação da Nova Zelândia. Nos próximos textos planejo trazer algumas das histórias e cases de sucesso que acontecem e extrapolam o cenário efervescente de tecnologia e inovação por lá. Da próxima vez que você pensar em inovação e tecnologia, você pensará certamente na Nova Zelândia.

*Chris Metcalfe é comissário de negócios da NZTE (New Zealand Trade Enterprise) para Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai e vice-cônsul da Nova Zelândia em São Paulo. Anteriormente, foi Gerente de Desenvolvimento de Negócios para a NZTE na Europa, onde por mais de cinco anos apoiou a entrada de negócios da Nova Zelândia nos mercados da Espanha e Portugal. Antes de entrar na NZTE, Chris morou na Espanha onde atuou como palestrante e coach, trabalhando com grandes multinacionais. Graduou-se na Waikato University, na Nova Zelândia, em Recursos Humanos e Relações Industriais. É casado e pai de duas meninas espanholas, mas que considera praticamente brasileiras.

 

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