Iberoamérica: Realidade e Tendências no Setor de TI

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11:38 am - 03 de julho de 2014

O mercado de TI tem um histórico de nebulosidade referente à escassez de informações detalhadas sobre as atividades e características das empresas do Setor, do fornecimento de produtos e serviços, do padrão de adoção de tecnologias, além da formação técnica e manutenção dessa capacidade por parte dos profissionais que ela emprega.

Foi com o objetivo de mapear o Setor de TI que a Federação das Associações do Brasil (Assespro) e da América Latina, Caribe e Península Ibérica (ALETI) desenvolveram um Censo do Setor em 2013, com base no projeto piloto executado pela Assespro no Brasil em 2012. Este estudo contou com a participação de mais de 850 empresas de TI de 17 países e, após a divulgação prévia de alguns resultados de destaque ao longo deste semestre, teve o documento final divulgado no início de junho (veja http://www.mbi.com.br/mbi/biblioteca/relatorios/2014-05-aleti-rumo-a-um-censo-tic-ibero-americano/).

Mesmo sendo a primeira vez que uma iniciativa deste tipo é desenvolvida simultaneamente em muitos países, a quantidade de empresas envolvidas foi bem relevante (superando, p.ex., o número de empresas ouvidas na maioria das pesquisas de mercado de cunho comercial). Ao mesmo tempo, ainda há margem para aprofundar o trabalho, o que esperamos que aconteça a partir da edição 2014.

Destacamos a seguir algumas das principais conclusões do estudo, derivadas da análise dos dados estatísticos.

Em primeiro lugar, a indústria de TI dos países ibero-americanos, mesmo quando compartilham uma herança cultural, está longe de ser unifomre. Este fato se contrapõe ao tratamento habitual dado para a região pelas grandes empresas multinacionais.

Em segundo lugar, o processo de consolidação empresarial no Setor de TI, que, com base em mercados cada vez mais competitivos e margens de rentabilidade menores, leva as grandes empresas a comprar outras, não se aplica para a absoluta maioria das empresas da região: pouco mais de 80% das empresas possuem receitas anuais inferiores a dez milhões de dólares.

Em terceiro lugar, a análise dos pontos fortes e fracos de cada subregião revela que não há um padrão claro. Cada item apresenta ‘lideranças’ diferentes, o que indica que nenhum país da região pode ser considerado como o ‘líder’ regional.

Em quarto lugar, citamos que as plataformas móveis e a ‘computação em nuvem’ avançam. O uso cada vez mais generalizado de tablets e smartphones expõe usuários e clientes de forma cada vez mais rápida às novas tecnologias globais, fazendo com que as demandas que estes geram para seus tradicionais fornecedores locais se tornem cada vez mais sofisticadas.

Entretanto, nem todos países da região vem reagindo a este processo, que aumenta ainda mais a globalização e a eliminação de barreiras geográficas, na mesma velocidade. A internacionalização da atuação das empresas da região avança rapidamente em quase todos os países da região, com exceção do Brasil (onde as empresas parecem se sentir confortáveis em atender apenas o mercado interno).

A avaliação dos trabalhos já desenvolvidos (iniciados pelo planejamento estratégico havido no final de 2010) deixa claro que a iniciativa não apenas deve continuar anualmente, para monitorar a evolução do mercado, mas deve ser ampliada gradualmente a um número cada vez maior de países.

Esse fato é corroborado, por exemplo, pela UNCTAD – Agência das Nações Unidas para o Desenvolvimento, que vem participando de reuniões sobre o tema na WITSA, Federação Mundial de TI, onde o Brasil também é representado pela Assespro. Entretanto, consideramos que a expansão geográfica e cultural da iniciativa deve ser gradual e crescente para minimiza os riscos num processo que não conta com nenhum projeto semelhante que possa servir de ‘benchmarking’, em nenhuma outra indústria.

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