Huawei Cloud Congress 2015 – o presente e o futuro da Nuvem!

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8:44 pm - 24 de setembro de 2015
O imenso desafio de uma empresa que cresce bastante é manter o foco e a
coerência entre suas diferentes linhas de produtos. A gigante chinesa Huawei,
fundada em 1987 por
Ren
Zhengfei
, visionário empreendedor, nasceu nos anos 80 como fornecedora de
equipamentos de telecomunicação de segunda linha e hoje é uma das grandes
forças mundiais do setor desafiando e até superando em alguns aspectos as tradicionais
gigantes deste mercado e hoje conta com produtos de ponta, primeira linha e
tecnologias inovadoras.


Este texto vai percorrer as características da empresa e várias de
suas tecnologias e produtos. Você pode lê-lo na íntegra ou os tópicos que sejam
mais de seu interesse. No final as ideias serão todas confrontadas e associadas
trazendo, espero eu, conclusões interessantes e esclarecedoras.

A empresa

Estive a convite da Huawei em duas de suas sedes na China. Visitei um centro de
experimentação de soluções em Shenzhen
e um laboratório de pesquisa e desenvolvimento em Shanghai, aliás um centro
imenso, impressionante, com dezenas de milhares de metros quadrados, local onde
nascem muitas de suas soluções.

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figura 01 – Shanghai Huawei
Technologies Corporate Campus

A empresa tem três áreas de atuação:

  • Carrier: Produtos para operadoras de telecomunicações (por exemplo as empresas que vendem serviço de telefonia móvel). Responsável por aproximadamente 67% de seu faturamento.
  • Enterprise: Soluções para empresas como switches, roteadores, firewall, storages, servidores, câmeras de segurança, etc., responsável por aproximadamente 7% de seu faturamento.
  • Consumer: Dispositivos móveis como smartphones, modems e tablets, responsável por aproximadamente 27% de seu faturamento.

A área de produtos Enterprise é o que mais vem crescendo na Huawei. Embora ainda com 7% na participação total das receitas, teve em 2012 US$ 1.5 Bi em receitas e na sequência, US$ 1.9 Bi em 2012, US$ 2.5 Bi em 2013 e fechou 2014 com US$ 3.1 Bi e, um crescimento de 112% em 3 a anos!

A empresa tem hoje segundo dados de 2014 a seguinte divisão geográfica de seu mercado: 
  • 37.8% na própria China
  • 35.0% EMEA (Europa, Oriente Médio e África)
  • 14.7% na região Ásia Pacífico
  • 10.7% nas Américas

Está presente em mais de 170 países. Conta com 170.000
empregados. Tem 16 centros de Pesquisa e Desenvolvimento e 45 centros de
treinamento. Apenas em 2014 foram investidos perto de US$ 7 bilhões (CNY 40.8
bilhões) em pesquisa e desenvolvimento. São números que impressionam, mas não só
de números depende o mérito das soluções das empresas. Precisa haver coes
ão e sinergia. Voltando às diferentes
áreas de negócios, segundo minha visão anterior estas divisões tinham atuações
praticamente independentes. Não via conexão intensa entre estas áreas. Mas pude
enxergar meu erro. Nesta visita também participei do HCC 2015, ou seja, “
Huawei Cloud Conference 2015” e por conta disso minha visão começou a mudar. 



HCC2015 02
figura 02 – Huawei Cloud Conference
2015 – Shanghai, China

 

Huawei e a Nuvem

A começar, qual a conexão da Huawei com sistemas de nuvem? Há muita relação. A
saber, a empresa tem na China oferta de serviço de nuvem pública contratada por
empresas locais, utilizando obviamente toda a sua própria tecnologia, toda sua
vertical. Mundialmente a Huawei está fazendo alianças e parcerias para prover
este tipo de serviço por meio de Operadoras de Telecomunicações locais. Não por
acaso são as empresas que já são clientes de seus produtos da linha “Carrier”.
Por exemplo, uma TELEFONICA poderá criar este serviço em vários locais do mundo
tendo por base os produtos da empresa. Mas que produtos são estes que suportam
a nuvem da Huawei? E devemos lembrar que no atual momento da evolução e
maturidade da tecnologia a nuvem não é mais apenas uma base de virtualização e
sim orientada e centrada em aplicações (conceito de “Cloud 3.0”).

Quando se fala em nuvem um dos imensos pré-requisitos
envolvido é capacidade de comunicação em alta escala e velocidade. Mas este não
é o único ponto crítico. Conectividade de rede, 
processamento e armazenamento são pontos chave! Na linha de produtos
Enterprise há oferta de switches e roteadores de alta capacidade com recurso
para implantar SDN (Software Defined Network). Trata-se de uma infraestrutura
lógica de rede cuja implantação e administração se faz por software (apenas
configurações e parâmetros) reduzindo sobremaneira o esforço de implantação de
redes complexas e principalmente agilidade no gerenciamento e nas modificações
necessárias ao longo do tempo.

FusionSphere 6.0

Uma das importantes novidades do HCC 2015 foi a apresentação do FusionSphere
versão 6.0, o sistema operacional para nuvem da Huawei, com mais de 2000
melhorias e aperfeiçoamentos. Integra a plataforma de virtualização
FusionCompute e o software de gerenciamento de nuvem FusionManager. Como
resultado, uma grande variedade de empresas pode consolidar horizontalmente
recursos físicos e virtuais em data centers e otimizar verticalmente a
plataforma de serviços. Com arquitetura convergente habilita o controle
centralizado de recursos físicos e virtuais, gerenciamento de vários data
centers e soluções completas para nuvens privadas, públicas e híbridas.

HCC2015 03
figura 03 – modelo
conceitual do FusionSphere 6.0

   

É baseado no padrão aberto OpenStack cuja definição desenvolvida por
um grupo de empresas (do qual a Huawei também faz parte) provê compatibilidade
de hardware e software em um ecossistema abrangente, APIs abertas padrão e
Systems Development Kit incorporado (eSDK) permitindo a integração de um grande
número de equipamentos de muitos fabricantes diferentes (que também se
fundamentam no OpenStack).

Por meio dessa solução empresas podem implementar sistemas de nuvem privada ou
híbrida dentro das suas organizações. Mas a capacidade de escalabilidade do
sistema também habilita provedores de serviços criarem sistemas robustos de
nuvem pública e oferecerem para o mercado essa solução. É dessa forma que a
Huawei pretende alcançar o mercado mundial, por meio de alianças e parcerias
com operadoras de telefonia locais que queiram vender o serviço de nuvem
pública ou híbrida para seus clientes.

HCC2015 04
figura 04 – FusionSphere
– inovações mostradas nas HCC 2015

 Armazenamento em grande escala

Também por trás de um sistema de nuvem estão as “ilhas de armazenamento”. Fiquei
bem impressionado com as soluções de Storage da empresa. Não apenas pelas
formidáveis capacidades de armazenamento em reduzidos espaços (alta densidade),
mas também pela capacidade absoluta em imensos conjuntos de discos com
capacidade até de 60 PB (peta bytes) que a cada nova linha de produtos fica ainda
maior. Um exemplo é o OceanStore9000 , modelo bastante flexível e escalável até estes limites incríveis de
armazenamento. Detalhes mais técnicos podem ser obtidos no documento “OceanStor9000 Big Data Storage System”.

Porém não apenas capacidade é importante em um sistema de Storage. Precisa contar
com gerenciamento do ciclo de vida da informação: camadas de armazenamento com
caraterísticas apropriadas ao modelo de uso do dado – mais usado mais rápido,
menos usado menos rápido e barato. Também suporte nativo a discos ultra rápidos
como SSDs (que aliás a Huawei também fabrica apenas para seu próprio uso em
seus sistemas de storage).

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figura 05 –
Huawei OceanStor 9000 –armazenamento de alta capacidade

      

Existe grande demanda para este tipo de Storage, com
múltiplos nós e grande desempenho. A Huawei apresentou uma solução de sistema
de edição e custódia de vídeos para produtoras ou sistemas de TV baseados em
nuvem tendo este tipo de solução como plataforma, usada por uma empresa local
na China. Sabemos que nada demanda mais espaço e capacidade de processamento
que lidar com sofisticados vídeos, ainda mais na nuvem!

Servidores Convergentes  – FusionCube

Trata-se de um conceito relativamente novo, mas que já vem sendo abraçado
por alguns dos importantes fabricantes de soluções e a Huawei tem uma família
de produtos com essas características. Há casos que o desempenho, mais do que
tudo é fundamental, por exemplo, processamento de SAP HANA. Para isso a solução
é integrar diversos componentes para que estejam “intimamente” interconectados,
da forma mais rápida e eficiente possível. Um servidor convergente integra
servidor propriamente dito (processamento), o storage (armazenamento) e o
subsistema de rede (switches) em um único gabinete, um único aparelho. Um
exemplo disso é a solução FusionCube
que reúne estas características mencionadas. Permite agregação entre múltiplos
nós convergentes de computação e armazenamento (entre 3 e assim gerenciar entre
100 e 5000 máquinas virtuais (uso típico entre 300 e 500).
    

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figura 06 –
Huawei FusionCube – integração de processamento, storage e rede 

    

Esta plataforma de virtualização altamente integrada,
segundo a Huawei, reduz os custos em 20% e o uso do espaço em 70%. Os componentes
são pré-integrados e pré-instalados fornecidos em um único gabinete. Serviços
podem ser provisionados em até 3 horas.

A alta integração entre tecnologias de software e hardware otimiza a
infraestrutura de TI, que inclui uma plataforma de virtualização, data
warehouse, área de trabalho na nuvem e data centers – tudo em um único gabinete
em um sub-rack de 12U. Processadores de alto desempenho, servidores blade e
switches conferem ao FusionCube uma vantagem competitiva significativa.

  

Evolução no campo
Wireless, 5G e redes inteligente

Na linha “Carrier”, ou seja, mercado das operadoras, há um portfólio bastante
grande e muito consolidado entre os consumidores. Mas dentre tantas
possibilidades, conheci uma que capturou minha atenção. Trata-se do conceito de
“Thinking network” também denominado “Zero Touch”. Endereça uma situação
bastante interessante no gerenciamento da rede. Imagine um conjunto de células
próximas que normalmente têm alguns trechos das áreas de cobertura comuns. Se
uma das células fica sobrecarregada uma das células vizinhas ajusta suas
características, potência e direção de emissão de sinal de tal forma a aumentar
a área coincidente e assim “capturar” parte do tráfego da célula sobrecarregada
equilibrando assim o fluxo de dados e atendendo as pessoas que estavam sem
cobertura ou com sinal fraco. Interessante que isso acontece de forma
automática, a negociação entre as células faz parte da “inteligência” da rede.

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figura 07 – Redes inteligentes
“Thinking Network”

4.5 G e 5G

Grande energia tem sido empreendida no desenvolvimento dos padrões 4.5G e 5G.
No cronograma da Huawei o 4.5 deve nascer até 2016 e o 5G até 2020. As
diferenças são grandes. O 4.5 prevê um aumento da capacidade de transmissão de
100 Mbps para 1 Gbps (10 vezes mais que o 4G) e permite até 100 mil conexões
por quilômetro quadrado. O padrão 5G prevê até 10 Gbps de velocidade de
transmissão, 1 milhão de conexões por quilômetro quadrado com latência menor
que 1 milissegundo. E tudo isso podendo ser usado em um veículo que se desloca
até 500  km/h (por exemplo um trem) com
conexão estável!!! São esperados mais de 20 bilhões de dispositivos conectados
entre 2020 e 2025.
    

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figura 08–
Tendências do 5G em 2020 e diferenças de latência entre 3G, 4G e 5G



Pode parecer um exagero e uma especificação sem sentido
haver suporte (no caso do 5G) para 1 milhão de conexões por quilômetro
quadrado. Nunca haverá tal concentração de pessoas assim. Porém quando
começamos a pensar em Internet das Coisas (IoT) isso muda totalmente de figura.
Estima-se que em poucos anos haja mais de 60 bilhões de dispositivos conectados.
Por isso essa realidade também não pode ficar fora do radar da empresa.


Internet das Coisas
(IoT) e a nuvem

Nada é por acaso. A Huawei e outros fornecedores já sabem que precisarão
endereçar o incrível crescimento da demanda por recursos a começar pela banda
de comunicação que tem aumentado cerca de 66% cada ano. Mas ainda há mais por
vir. Muito mais!! Com a adoção em larga escala da Internet das Coisas a demanda
por comunicação irá crescer ainda mais!!

A multiplicação de sensores, sistemas que alimentarão dados em tempo real, do
chão de fábrica, carros inteligentes até os eletrodomésticos e utensílios das
residências. Visando isso tudo há alguns meses a Huawei apresentou o LiteOS, um
sistema operacional que pode ser tão pequeno quanto 10 Kb, é feito para rodar
com o poder mínimo de processamento e energia, tornando-o ideal para uma grande
variedade de dispositivos.

Mas além disso existe conexão com o mundo da nuvem. Certamente a tarefa de
aquisição de dados é feita pelos dispositivos espalhados e conectados. Mas o
armazenamento e processamento desta tonelada de informações residirá na nuvem,
local mais que adequado a este tipo de aplicação.

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figura 09– Internet
das coisas – ilustração

Reflexões finais

Se formos perguntados sobre quais os mais volumosos núcleos populacionais que
existem em nosso planeta (não obrigatoriamente apenas países) , qual seria a
resposta? É algo surpreendente! Facebook o maior, e apenas 3 países entre os 10
primeiros grupos, China, Índia e EUA. Todos os outros grupos são entidades como
WhatsApp, Alibaba, Amazon, Linkedin, etc. que moram na nuvem e acumulam
quantidades imensas de usuários.

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figura 10– Internet
das coisas – ilustração


Isso abre meus olhos para um outro momento da história da evolução de nosso
planeta. É a era da máxima informação. Vejamos alguns exemplos notáveis. Vivemos
uma época na qual UBER não tem carros, FACEBOOK não gera conteúdo (próprio), ALIBABA
não tem estoques e AIRBNB não tem imóveis (quartos ou hotéis). O que está por
trás disso tudo é o imenso volume de processamento de informações.



Mas então como podemos prever o que mais pode acontecer? Alguns exercícios de futurologia também aconteceram no HCC 2015 e que gostaria de compartilhar com os leitores:


Em tempos de quantidade massiva de dados, seja pelo Big Data ou pelo fenômeno da Internet das Coisas, existe uma imensa necessidade e oportunidade em desenvolvimento em “data Science” (profissionais e conteúdo). 


Em 2025 perto de 50% de toda computação em nuvem estará sendo executado na fronteira da Internet com os usuários e serão por isso praticamente invisíveis e transparentes.



Em muito pouco tempo o desenvolvimento alcançado pelos sistemas e tecnologia de nuvem farão diminuir drasticamente os benefícios de ser dono dos seus próprios recursos de computação (já estamos esbarrando nessa realidade).  



Em 2030 o poder geral de processamento dos sistema em nuvem irão ultrapassar a capacidade de processamento de 7 bilhões de cérebros, a inteligência combinada da espécie humana.



Tudo isso me mostra de maneira inequívoca que nuvem é mais do que apenas um interessante recurso computacional e que não se trata de um modismo. É algo definitivo e irreversível. Por isso entendi claramente a estratégia da Huawei. Mal informado que era, eu achava que a empresa tinha áreas de atuação estanques e independentes. Grande engano de minha parte. 


Os investimentos em 4.5 G e 5G, redes inteligentes, servidores convergentes, dispositivos de armazenamento de alta capacidade, switches, firewalls nível Enterprise, recursos para implementar rede definida por software (SDN) e Datacenters, sistema operacional de nuvem (FusionSphere), sistema operacional para IoT… tudo isso aponta para o mesmo lugar, ou seja, grandes sistemas em nuvem. Mesmo a linha Consumer, smartphones, tablets, etc. são instrumentos para consumir toda informação proporcionada pelos sistemas descritos. Tudo bastante engenhoso e coerente. Aprendi com isso tudo que a pujança e eficácia da Huawei vai além de prover boas e modernas linhas de produtos de telecomunicação. É bem mais do que isso!



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