Ferramentas computacionais de apoio à tomada de decisão
O primeiro passo para uma possível proposta de solução de um problema é o perfeito entendimento sobre o mesmo
*Por: Prof. Dr. Marcos dos Santos
O Ato de Decidir
O ato de decidir está diretamente relacionado com a história da humanidade. Antes decidíamos qual caverna ocupar, ou qual animal caçar. Hoje decidimos qual carro comprar e qual a carreira que pretendemos seguir. Assim, decidimos o tempo todo, seja em situações simples, como escolher uma roupa para ir trabalhar, seja em situações complexas, como decidir entre construir ou não um submarino nuclear para um país.
Dentro deste contexto, surgiu a Pesquisa Operacional, que ganhou corpo enquanto ciência a partir da II Guerra Mundial, embora se tenha o registro de muitas das suas aplicações muito antes deste marco histórico, como o Problema das 7 Pontes de Königsberg resolvido por Leonhard Euler em 1736 e o método de Jean Charles Borda datado de 1781.
O primeiro passo para uma possível proposta de solução de um problema é o perfeito entendimento dele. Assim, pretende-se tomar um decisão que atue na causa do problema e não no seu efeito. Muito se diz que o problema da saúde no Brasil é a falta de médicos. Contudo, não haverá efeito algum contratar centenas de médicos se eles não tiverem hospitais equipados adequadamente. Então na verdade, considerar que o problema da saúde no Brasil é a falta de médicos, é no mínimo uma análise minimalista. Assim, o perfeito entendimento do problema é a fase mais importante e mais difícil quando se fala em tomada de decisão.
Superada essa fase de entendimento e estruturação do problema, as próximas fases são: a definição das Medidas de Eficácia Operacional (MEO), a construção do modelo matemático e o cálculo dos resultados oriundos do modelo. O problema é que muitos decisores de alto nível, médicos, advogados, nutricionistas, entre outros, não possuem o descortino matemático necessário para utilizarem os métodos de apoio à tomada de decisão. Assim, percebeu-se a necessidade de se criar ferramentas computacionais simples e intuitivas que pudessem facilitar a utilização desses métodos.
Fazendo uma analogia bem simples, uma pessoa para dirigir um carro, não precisa saber os ciclos termodinâmicos que ocorrem no motor do veículo, nem tampouco que o alternador do carro funciona por indução eletromagnética. O motorista simplesmente entra no carro, liga a chave e anda.
Criação de Disciplina
Com isso em vista, criei a disciplina “Desenvolvimento de Plataformas Computacionais de Apoio à Tomada de Decisão” no Programa de Pós-Graduação em Sistemas e Computação do Instituto Militar de Engenharia (IME), onde são desenvolvidas ferramentas de “entrada e saída” em diversas linguagens de programação, tais como Python, R, C, JavaScript e até Excel VBA. Todavia, embora essas linguagens sejam utilizadas no desenvolvimento dos protótipos, sempre procuramos oferecer como produto final uma ferramenta web, com o propósito de facilitar ainda mais a utilização dessas ferramentas e, por conseguinte, a utilização dos métodos a elas associados. Dessa forma, o usuário entra no site, aprende que tipo de problema o modelo se propõe a resolver, aprende a utilizar a ferramenta, aplica a ferramenta para resolver o seu problema e vai embora com uma possível proposta de solução. Simples assim. A figura a seguir mostra a ferramenta PROMETHE-SAPEVO-M1, capaz de trabalhar com critérios quantitativos e qualitativos.
Como pesquisador da área, tenho a percepção de que se o usuário tiver que baixar e instalar algum programa, já é meio caminho andado para a ferramenta não dar certo. Por isso são priorizadas as aplicações via web. Em cada link a seguir, além da ferramenta computacional em si, é possível aprender mais sobre a axiomática do método (pra quem desejar se aprofundar) e há também um tutorial ensinando a utilizar a ferramenta passo a passo, alguns até com vídeo no YouTube.
Posteriormente, caso haja demanda do público, podemos apresentar cada método detalhadamente e a utilização de cada ferramenta passo a passo. Mas aí já é conversa para outro artigo.
