Confira as três soft skills mais requisitadas no mercado de trabalho

Profissional deve entender como desenvolver tais habilidades para ter sucesso no mercado de trabalho

Author Photo
5:36 pm - 12 de setembro de 2021
Group of people working out business plan in an office

A transformação digital tem proporcionado mudanças importantes no mercado de trabalho. Cada vez mais, as empresas não só do Brasil como também de todo o mundo têm levado em consideração as habilidades comportamentais dos candidatos na hora de contratar. São as tão faladas soft skills, capacidades não técnicas, relacionadas à personalidade e comportamento. Uma combinação de habilidades pessoais e sociais: comunicação, empatia, relacionamento, liderança, inteligência emocional, entre outras. Elas são adquiridas ao longo da vida, por meio de vivências e experiências pessoais no ambiente familiar e até mesmo dos relacionamentos, e podem também ser desenvolvidas.

Por esse motivo, as soft skills têm sido interessantes para qualquer tipo de profissão. Com isso, os recrutadores estão mais atentos para diagnosticar esses atributos até para refletir em ambientes menos hostis e mais colaborativos, ou mesmo para garantir uma equipe cada vez mais participativa.

Ou seja, os tempos mudaram porque há um certo tempo um profissional era selecionado única e exclusivamente por suas hard skills, que são aquelas habilidades adquiridas em livros, cursos, escolas técnicas, universidades e até de outros empregos, específicas de cada área de atuação.

Uma pesquisa no site de recrutamento CareerBuilder aponta que 77% dos recrutadores consideram as soft skills tão importantes quanto as hard skills, enquanto 16% as consideram ainda mais valiosas. É possível afirmar que inicialmente as habilidades comportamentais tinham o objetivo de promover a humanização dos militares para colocarem o benefício social acima dos combates e melhorarem a harmonia das equipes como forma de deixar o clima mais leve nos quartéis.

Hoje elas representam o caminho para humanizar o ambiente corporativo, o que leva a mais resultados quando entendemos a transformação digital enquanto uma transformação humana. Estamos vivendo a Era da busca de equilíbrio entre a inteligência artificial e a inteligência emocional, onde a primeira cabe à máquina e a segunda a nós humanos.

Por falar em inteligência emocional, uma pesquisa realizada pela Page Group no fim de 2020 aponta que essa é a soft skill mais buscada pelos empregadores no Brasil. Trata-se da capacidade de reconhecer e avaliar os seus próprios sentimentos e os dos outros, como ainda ter a desenvoltura para lidar bem com eles.

Essa habilidade ficou em primeiro lugar entre os pesquisados, com 42,9% de acordo com o levantamento. Em seguida, vêm o trabalho em equipe (38,4%) e a comunicação assertiva (31,1%). O resultado destoa um pouco do que foi constatado em toda a América Latina. Na AL, o trabalho em equipe é o mais valorizado pelas contratantes, com 47,5%. A inteligência emocional fica em segundo lugar (33,8%). Depois vem a comunicação assertiva (28,8%). A pesquisa foi feita com 3 mil executivos de cargos de alta e média gestão no Brasil, Argentina, Chile, Peru, Colômbia e México.

Diante dessa atual realidade, os profissionais precisam ficar atentos, afinal algumas soft skills são bem requisitadas no mercado de trabalho. Vamos analisar essas três apontadas nas pesquisas. Importante o profissional entender como desenvolvê-las para se adequar às exigências das empresas e, especialmente, como cada um ganha nesse processo.

Inteligência Emocional

A inteligência emocional diz respeito a competências pessoais e sociais e corresponde a uma imensidão de habilidades. Há um ponto fundamental para te ajudar a potencializar essa soft skill a partir do fortalecimento de sua autoestima. Sabe o que você ganha com isso? Mais amor próprio, o que te proporciona mais autoconfiança para dar conta dos desafios na vida e no mundo corporativo, com leveza.

Um caminho especial para isso consiste em conhecer os inimigos da autoestima para combatê-los. São a comparação, a dependência, a tristeza, a insegurança, a procrastinação e o perfeccionismo. Para combatê-los, potencializando o amor por você e a visão que você tem, ao se olhar no espelho, é fundamental que, em primeiro lugar, tenha como foco você mesmo, a sua trajetória; assim vai diluindo o efeito da comparação com os outros. Você é a pessoa mais importante do seu mundo. Lembre-se disso!

A dependência está relacionada a você compreender que, enquanto depende do outro para se amar, se valorizar ou realizar o que deseja, nada acontece. Trazer a autonomia para você é o caminho para esse fortalecimento. Se quer emagrecer, depende somente da pessoa; então, precisa ir para a academia em vez de culpar a chuva por impedir de caminhar.

O que o ajuda a mudar o estado de tristeza para a alegria? Pode ser uma música ou algum programa que o conecte à sua alegria, como um simples sorvete na esquina. Esteja certo de que quando entramos em ação, nós podemos mudar nosso estado emocional.

E é também para combater os três últimos inimigos: insegurança, procrastinação e perfeccionismo. Tudo o que é novo ou que nos deixa imobilizados pelo medo de arriscar, nos traz insegurança. Ao entrar em ação, esse medo é diluído. Pergunte ao medo: “você vem comigo ou vai ficar aí? Você só não pode me paralisar”. Ao fazer isso, a pessoa avança, fazendo as coisas acontecerem e deixando de procrastinar, não esperando o mundo perfeito para realizar, combatendo assim o perfeccionismo que te trava. Dê maior foco no que já tem e comece a realizar. Vá em frente, combatendo esses inimigos para potencializar sua autoestima.

Comunicação assertiva

A primeira comunicação que estabelecemos no mundo é com nós mesmos, com nossa mente. Quais são os seus pensamentos? Como está o seu mindset, ou seja, seu mapa mental, sua mentalidade?

É essencial entender que seu pensamento interfere em sua emoção, o que vai definir a sua ação e isso impactará no resultado que você alcança em sua vida. É uma cadeia simples, de quatro etapas, que define os resultados que você atinge.

Essa deve ser o seu primeiro cuidado com você, buscar se conhecer melhor, saber o momento de mudar o pensamento que te atrapalha para aquele assertivo, que te ajuda a gerar emoções positivas para atingir melhores resultados. Se você pensa que você não é capaz de realizar um determinado projeto, esse será o resultado que você vai alcançar. Por outro lado, se você pensa de maneira assertiva e positiva sobre ser capaz, isso gera uma motivação, o que te leva a entrar em ação para desenvolver o que é necessário para realizar, busca parcerias e faz acontecer, construindo o seu resultado.

A partir daí o profissional começa a estabelecer uma melhor comunicação com o mundo, enxergando e criando possibilidades. A maneira como se comunica define o padrão de relacionamentos com as pessoas, pois ela é base de qualquer relacionamento. Quanto mais transparente você for, quanto mais empático, praticando uma escuta ativa, melhor vai se relacionar com quem interage.

Ter uma comunicação assertiva representa desenvolver a sua humanidade, entendendo que você se relaciona com pessoas. Corresponde a estabelecer uma Comunicação Não Violenta/CNV, que você pode praticar a partir de 4 pilares: primeiro você “observa” sem julgar, dando foco nos fatos, em seguida nomeia seus “sentimentos” entendendo que eles estão presentes por trás dos fatos observados, depois identifica e comunica suas “necessidades”, e por fim, expressa suas necessidades em forma de “pedido” claro, tangível e objetivo.

É interessante observar que ao desenvolver uma soft skill você naturalmente desenvolve outras, pois a nossa vida é sistêmica. A comunicação assertiva começa com a sua inteligência emocional, entendendo seus pensamentos e emoções, assim como as dos outros para se comunicar com o mundo. E tudo isso também é base para a habilidade a seguir.

Trabalho em equipe

Uma grande mudança no novo mundo do trabalho, o que tem facilitado o alcance de resultados exponenciais nas empresas, é a capacidade do profissional de colaborar e interagir. A agilidade vem potencializando essa jornada, o que ajuda a acelerar a transformação digital.

Ao olharmos para o 1º valor do Manifesto Ágil, documento que dá base a todo esse movimento, vemos que os “indivíduos e interações” são hoje ainda mais importantes do que os processos e ferramentas. Esse deve ser o nosso foco e desenvolver habilidades para o trabalho em equipe passa a ser prioridade.

No passado era demandando somente do gestor saber conduzir o time e desenvolver uma equipe de alta performance. Isso mudou, pois sem colaboração não há transformação. Construir um ambiente colaborativo é responsabilidade de cada profissional, inclusive de desenvolver liderança enquanto soft skills, atuando como protagonista, com iniciativa para fazer acontecer o resultado e o desenvolvimento de colegas.

Somente assim se conquista o tão sonhado time de autogestão, pressuposto básico na nova economia, onde passa a ser responsabilidade de todos, alcançando uma mudança na cultura das empresas, com uma gestão horizontal.

E, nesse processo, todos se beneficiam, pois os profissionais se desenvolvem como seres humanos, ganhando em sua vida e na carreira, assim como as empresas, pois elas são nada mais do que um CNPJ formado com CPFs que são as pessoas por trás de cada crachá.

O profissional está cansado de desenvolver competências para entregar às organizações, em forma de resultados. Quando ele entende o quanto ele ganha em desenvolver essas novas habilidades, as soft skills, ele se transforma de maneira genuína, o que leva ao autodesenvolvimento e consequente crescimento das empresas. Esse é o grande salto para a transformação digital enquanto uma transformação humana, onde a qualidade de vida é conquistada em nossa capacidade de evoluirmos de maneira consciente e integral.

*Susanne Andrade é autora dos best-sellers “O Poder da Simplicidade no Mundo Ágil”, “O Segredo do Sucesso é Ser Humano”, e do livro digital “A Magia da Simplicidade”. É coach, palestrante e professora de cursos de MBA pela FIAP em disciplinas sobre carreira, coaching, liderança e gestão da mudança para a transformação digital. É sócia-diretora da A&B Consultoria e Desenvolvimento Humano, empresa que criou o “Modelo Ágil Comportamental”. Colunista no “Portal IT Forum 365, na coluna Desenvolvimento Humano na Era 4.0”. Voluntária no Grathi. 

Newsletter de tecnologia para você

Os melhores conteúdos do IT Forum na sua caixa de entrada.