5 anos em 5 meses: pandemia rompe barreiras e acelera tendências
Kantar mostra que diversos comportamentos nascidos este ano podem perdurar no mercado
Entre março e agosto deste ano, durante a pandemia, 21% dos brasileiros fizeram uma compra online de comida ou bebida pela primeira vez na vida e essa não é a única das tendências que surgiram. No período, 12% dos lares também passaram a comprar bens de consumo massivo pelo smartphone. A descoberta é de levantamento da Kantar, que indica o quanto a pandemia de coronavírus está sendo transformadora para diversos mercados.
Ainda de acordo com o estudo, esses hábitos vão continuar para 53% da população quando a crise sanitária acabar. 40% pretendem continuar comprando online, mas 18% sinalizaram que vão reduzir ou parar de usar e-commerce.
Ficando mais tempo em casa, as ocasiões de consumo in home cresceram 10%, principalmente no café da manhã (+14%) e almoço (+12%). E na hora de comprar e preparar as refeições, prazer, conveniência e saudabilidade, uma tendência já presente pré-Covid, são as principais razões de escolha e preparo dos pratos.
Quando avaliamos quem sustentou o consumo dentro dos lares, temos como destaque a classe DE (+7% em unidades compradas), que incrementou novas ocasiões de consumo com mais cafés da manhã e jantares sendo preparados em casa. Já a classe AB aumentou em 38% o uso de delivery no último trimestre.
Leia também: Startup de gestão de eventos online recebe aporte de R$ 4 milhões
Ainda falando da cesta de produtos, durante a pandemia todas as classes incluíram novas categorias nos carrinhos. Desinfetante é unanimidade. Além dele, a classe DE passou a comprar mais pães industrializados, maionese e farinha de trigo. A classe C adotou a presuntaria e, a classe AB, a cerveja e o requeijão.
Momento de oportunidades
Atualmente, existe insatisfação do usuário com o canal, e isto é um alerta e uma oportunidade de melhoria aos varejistas, já que 29% dizem não conseguir encontrar nele todo o sortimento que buscam, além de se queixar de atrasos na entrega e preços mais altos do que na loja física. No entanto, apesar de o e-commerce ser a pior modalidade avaliada no quesito velocidade, mais da metade dos consumidores brasileiros pretende continuar usando alternativas que se popularizam no abastecimento de FMCG nos últimos meses, como WhatsApp, telefone e aplicativos.
Todas essas mudanças no comportamento do consumidor chegam também às escolhas dos canais. Proximidade e preço são os critérios mais usados na hora de escolher o ponto de venda adequado. Por conta disso, o pequeno varejo ganhou 3 milhões de novos lares compradores e o varejo tradicional mais de 2 milhões no último trimestre, ao mesmo tempo em que marcas próprias, que têm preço até 10% mais baixo que a média do mercado, passaram a ser consumidas pela primeira vez por 2 milhões de brasileiros e o Atacarejo segue mantendo a tendência de crescimento, atraindo 4 milhões de brasileiros, com uma média de preços até 15% mais baixos.
Com a desaceleração da pandemia, vemos uma mudança nas missões de compra dos brasileiros. Se no início víamos compras de abastecimento, hoje, com a flexibilização e maior adaptação às novas rotinas, as missões de compras menores começam a ganhar mais relevância e compras de proximidade crescem 10%, assim como missões de reposição / urgência (+9%).