Visa quer crescer no Brasil em 2023 dando foco no B2B
Emissora de cartões comemora momento positivo de toda a indústria e vê Pix e fintechs como impulsionadores

O mercado de cartões poderá chegar a 60% de penetração ainda esse ano, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). A positiva porcentagem é um dos números que calçam o discurso positivo na Visa do Brasil para os próximos anos.
Fernando Amaral, vice-presidente de Produtos e Inovação da Visa do Brasil, em entrevista ao IT Forum, revela primeiras impressões em seu primeiro ano de trabalho na empresa. Para ele, o Pix foi um alavancador muito grande da digitalização e da bancarização no Brasil. E, com esse papel, ajuda a impulsionar a bancarização e a digitalização e o consumo de outros produtos financeiros e de pagamentos.
“Em um momento de crescimento muito forte da indústria e da Visa, 2023 continuará sendo um ano de crescimento tanto no quesito de consumidor final quanto na perspectiva do lojista aceitando o cartão. Vamos ter um segmento que a gente pretende crescer de maneira mais acelerada que é B2B. Estamos trabalhando de maneira importante e queremos ter uma distribuição melhor e adequar nossas soluções e serviços para ajudar a trabalhar soluções de pagamento para as empresas trocarem pagamento”, revelou.
Confira os melhores momentos desse bate-papo:
IT Forum: Você está no seu primeiro ano na vice-presidência da Visa. Qual o seu balanço até agora?
Fernando Amaral: Eu vejo um espaço muito grande para construir e continuar crescendo. A indústria de cartões, em 2018, penetrava 38% das famílias no Brasil e, de acordo com dados da Abecs, a projeção até o fim desse ano é chegar a 60% (seja em cartões de crédito, débito ou pré-pago).
Eu vejo esse crescimento muito parrudo por muito tempo. Outro dado importante é de que, antes, havia 6,8 milhões de lojistas aceitando cartões e agora já batemos 12 milhões de lojistas.
Na Visa, temos alguns indicadores importantes que mostram essa pujança. No último ano, chegamos a 3,9 bilhões de cartões no mundo e, pela primeira vez na história, a quantidade de tokens já ultrapassou esse número: são mais de 4 bilhões ao redor do mundo e isso demonstra como a digitalização é importante.
O nível de adoção dos cartões por aproximação também está aumentando. Segundo a Abecs, até o fim do ano teremos 50% das transições pela ferramenta de contactless.
IT Forum: Como o mercado está evoluindo? Quais as tendências no mercado de meio de pagamento?
Fernando Amaral: O lojista não precisa mais de maquininha, o celular virou a máquina de cartão. Vemos um crescimento acelerado disso acontecendo e facilita a quantidade de empreendedores, MEI que aceitam cartões. Isso impulsionará a indústria com uma experiência simples e aumentará a capilaridade.
A aceitação do cartão em mobilidade urbana também está evoluindo. No metrô do Rio de Janeiro, por exemplo, já é possível usar o cartão por aproximação. Alguns pedágios começam a aceitar o cartão.
IT Forum: O Pix mudou negativamente o cenário de pagamentos para vocês?
Fernando Amaral: O Pix foi um alavancador muito grande da digitalização e da bancarização no Brasil. A gente enxerga de uma maneira muito positiva. A indústria continua crescendo de forma tão acelerada quanto antes, então não vemos impactos no volume da indústria pelo Pix.
Vemos como uma solução que está causando uma digitalização e bancarização muito grande no mercado brasileiro. E, com esse papel, ajuda a impulsionar a bancarização e a digitalização e o consumo de outros produtos financeiros e de pagamentos.
IT Forum: Como as fintechs desafiam e impulsionam o setor?
Fernando Amaral: Hoje, nós temos uma quantidade muito maior de clientes falando da Visa em uma perspectiva B2B. Temos mais de 50 clientes no Brasil e eu diria que é uma quantidade muito expressiva e muito maior do que há 10 anos por causa das fintechs. Além delas ajudarem a aumentar o mercado, elas trazem uma perspectiva inovadora e diferente.
A Visa tem uma perspectiva de que as fintechs têm muito valor, pos provocam o mercado inteiro a evoluir. Essa diversidade de modelos de negócios é muito benéfica.
IT Forum: Ainda existe espaço para desenvolver novas tecnologias para o mercado de cartões?
Fernando Amaral: É onde mais tem oportunidade. A gente vive um momento de uma imersão de novas tecnologias muito forte. A gente pode falar de web 3.0, que vai transformar a forma que a gente vai se relacionar digitalmente. Outra coisa que vemos são tecnologias como blockchain. Quando falamos do universo de meodas digitais, seja moedas especificas de empresas, seja dos Bancos Centrais, quase 90% do PIB mundial já vem discutindo moedas digitais para representar esse universo digital. Também há uma proliferação de cripto. É um conjunto de novas tecnologia acontecendo de maneira muito importante ao mesmo tempo e que vão transformar o mundo.
A gente tem centros de estudos de inovação ao redor do mundo e um deles é em São Paulo. Eles têm um papel muito importante porque ficamos conectados com esse mundo que está se transformando e essas tecnologias que estão chegando. Ao mesmo tempo, o comportamento das pessoas está mudando e o que vai transformar muito nossas relações é um conceito chamado ‘meta me’: uma nova identidade nossa que será expressa no mundo físico e no digital.
IT Forum: Você pode falar um pouco mais sobre o metaverso?
Fernando Amaral: A gente está explorando experiências, como eventos. O foco, por hora, é deixar que as pessoas manifestem sua identidade em uma experiência digital. Mas acho que estamos em uma camada exploratória como momento.
IT Forum: Quais são os principais planos para 2023?
Fernando Amaral: Em um momento de crescimento muito forte da indústria e da Visa, 2023 continuará sendo um ano de crescimento tanto no quesito de consumidor final quanto na perspectiva do lojista aceitando o cartão.
Vamos ter um segmento que a gente pretende crescer de maneira mais acelerada que é B2B. Estamos trabalhando de maneira importante e queremos ter uma distribuição melhor e adequar nossas soluções e serviços para ajudar a trabalhar soluções de pagamento para as empresas trocarem pagamento.
A transferência de fundos, como no WhatsApp Web, se tornará mais comum. Com dois ou três cliques o usuário faz a transferência de dinheiro para outra pessoa com credencial de débito. Temos planos para crescer nessa funcionalidade.
Por fim, estamos avançando no modelo de inovação. Estamos com um programa chamado Visa for Startups, em que convidamos as startups para se inscreverem e definimos que precisamos evoluir. Estamos muito mais focados em cocriar com essas startups e fazer MPVs mais rápidos. Nosso funil de inovação terá qualificação melhor de tendências, escolhas mais rápidas e com capacidade de testar mais rápidas.