Categories: Tendências

Crescimento dos robôs sociais: quanto mais humanos, melhor

Quais das tecnologias de hoje moldarão o mundo de amanhã? Um novo relatório compilado pelo World Economic Forum, divulgado em julho, revela algumas das inovações revolucionárias que devem impactar radicalmente a ordem social e econômica global. Entre as tecnologias emergentes que devem mudar positivamente a realidade existente, aparecem os Social Robots, ou robôs sociais.

 

Alguns desses robôs já são capazes de reconhecer vozes, rostos e emoções, e até interpretar padrões e gestos de fala. Estas máquinas estão se tornando parte da vida cotidiana, sendo usadas para fazer tarefas operacionais em hospitais, educar as crianças e até motivar funcionários nas empresas, entre outras funções. E, daqui para a frente, a presença dessas máquinas deve crescer: a tecnologia vai atingir escala considerável nos próximos 5 anos, de acordo com o WEF.

[relacionadas]

Um exemplo de robô social que já é realidade é o Moxi, o assistente de hospital que ajuda os funcionários com tarefas não voltadas ao paciente, como coleta de suprimentos, entregas nos quartos e remoção de lixo. A automação ajuda os hospitais a manterem fluxos de trabalho consistentes e dá à equipe mais tempo para o atendimento. Moxi foi criado em Austin, no Texas, em 2017, e possui inteligência social para que “as pessoas sempre se sintam confortáveis ​​e entendam o que o robô está fazendo”, segundo o site dos desenvolvedores.

 

 

No Brasil, essa tendência também já chegou aos hospitais. A startup brasileira NTU desenvolve atualmente um projeto inédito de robótica social voltado a crianças do Hospital das Clínicas, em São Paulo. O teste, que começará a ser feito com o robô Robios, visa passar informações de higiene bucal, como modo correto de escovação e uso de fio de dental, para os pacientes com Doença Renal Crônica (DRT) atendidos no local. Segundo o CEO da NTU, Flavio Yamamoto, o uso do robô irá possibilitar que os profissionais de saúde sejam liberados para tarefas menos repetitivas, possibilitando mais tempo para efetuarem atendimentos de qualidade.

 

O projeto, inédito no Brasil, terá início neste mês e, ao final, irá comparar os resultados dos atendimentos feitos por robôs e por humanos. Entre as vantagens do uso do robô, além de liberar os médicos e enfermeiros para outras tarefas, o Robios também promete promover uma demonstração mais interativa, por meio de vídeos, enquetes digitais e outros recursos, chamando a atenção das crianças. “Na segunda etapa, no ano que vem, iniciaremos a implementação de um game que começa no hospital, com o robô, e termina em casa, no celular. Isso será desenvolvido após a análise da performance do robô na primeira fase, quando identificaremos os pontos fortes e fracos em relação ao atendimento humano”, explica Yamamoto.

Moxi, Robios e MEDi são exemplos de robôs sociais que atuam em hospitais pelo mundo para que os profissionais de saúde possam focar em atendimento de qualidade e tarefas não repetitivas

 

Ainda na área de saúde, outro exemplo notório é o MEDi, construído com a plataforma de robô humanoide NAO, da SoftBank Robotics. Em sua página na internet, a empresa New Life Robotics afirma estar comprovado que o uso do MEDi é capaz de reduzir a dor de uma criança em 50% durante procedimentos médicos. Neste caso, o robô vem sendo utilizado como uma espécie de robô de companhia, que dá instruções sobre exames junto com o profissional de saúde.

 

E o Moxi, Robios e MEDi estão longe de terem sido os primeiros exemplos de robôs sociais circulando entre nós. Um exemplo emblemático é o Jibo, criado por professores do Massachusetts Institute of Technology (MIT), que ganhou o prêmio de Melhor Invenção de 2017 da revista Time e foi considerado uma inovação que torna o mundo melhor, mais inteligente e até mais divertido. O Jibo marcou a história e é descrito na página da companhia que o criou como “o primeiro robô social para o lar”. Ainda de acordo com a página, ele tem “avançada tecnologia de reconhecimento facial e de voz permite que este bot pessoal reconheça até 16 pessoas diferentes, ajudando-o a criar experiências personalizadas com cada interação”.

 

Mesmo com o pioneirismo e com todas essas qualidades enumeradas, os donos do robozinho foram surpreendidos, em março deste ano, ao saberem que havia chegado a hora de sua última atualização. O Jibo disse educadamente que o tempo dele está chegando ao fim. Na prática, os servidores em que ele roda em breve serão desligados, e quando isso ocorrer, as funcionalidades do robô serão limitadas. O motivo? A falência da companhia responsável pela sua criação e produção. A “morte” simbólica do robô que ficou mundialmente conhecida, no entanto, não muda a expectativa de ascensão dessas máquinas pelos especialistas nos próximos anos.

 

Marco Diniz Garcia Gomes, líder de produtos da Tinbot Robótica, é um exemplo de quem está otimista com o crescimento da adesão aos robôs sociais. O engenheiro de computação pretende vender nada menos que 200 exemplares do robô Tinbot no ano que vem. A máquina tem como foco tarefas simples do ambiente corporativo, e não faltam exemplos de empresas que inseriram o robozinho em seu dia a dia: UniCesumar e Evoa Aceleradora, onde atua na recepção de visitantes, Sicoob, na qual é usado para gerenciamento de indicadores, Cooperativa Cocamar, onde interage com os cooperados, e Hotel Villa Rossa, atuando como concierge de hóspedes.

 

O projeto, que teve início por mera curiosidade pessoal do engenheiro em entender mais sobre eletrônica, virou uma startup investida pelo Grupo DB1 e acelerada pelo Inovativa, programa de aceleração de startups do Brasil, e pela Evoa Aceleradora. Atualmente a unidade do Tinbot é vendida a R$ 16.500, o que inclui o acesso ao software de programação para adaptar o robô às necessidades de cada empresa, tudo feito de forma mais simples possível para facilitar a personalização.

As seis empresas que possuem o robô Tinbot em atuação no Brasil ainda não eliminaram nenhuma posição; ele apenas complementa funções

 

Embora estes robôs ainda não estejam roubando empregos das pessoas, ainda não se sabe qual será o limite das funções que serão exercidas pelos robôs, seja em hospitais ou empresas. Quem exerce tarefas operacionais, no entanto, precisa ir se preparando desde já para a possibilidade de ser substituído por uma máquina, sejam elas robôs sociais ou não. Já está claro que a onda de avanço tecnológico está destinada a reduzir o número de trabalhadores necessários para certas tarefas operacionais em um futuro breve.

 

Segundo dados do World Economic Forum, o homem é responsável por 71% das horas trabalhadas, em média, enquanto as máquinas correspondem a 29%, segundo no relatório do World Economic Forum. Com todas essas mudanças em curso, até 2022 o ser humano corresponderá por 58% de horas trabalhadas, enquanto as máquinas serão responsáveis por 42%.

 

Alguns especialistas vão ainda mais longe e acreditam que, além de substituírem o homem em algumas tarefas, os social robots, no futuro, serão capazes de fazer os humanos desenvolverem sentimentos profundos e românticos por eles. O coach e neurocientista Bobbi Banks acredita que tais parcerias estão a menos de uma geração de distância, e serão comuns até 2050. A declaração foi feita ao jornal britânico Metro em junho deste ano e repercutiu no mundo todo. Exageros à parte, é hora de se prepara para conviver cada vez mais com os social robots.

Recent Posts

Nova IA promete revolucionar a biomedicina ao prever comportamento de moléculas

O Google DeepMind e a Isomorphic Labs revelaram o AlphaFold3 nesta quarta-feira (8), uma inovação…

16 horas ago

TikTok lança sistema de rotulagem automática para conteúdo gerado por IA

O TikTok anunciou nesta quinta-feira (9) que implementará um sistema de rotulagem automática para identificar…

17 horas ago

Convênio entre Unicamp e Inmetrics quer acelerar uso de IA generativa

A Inmetrics e o Parque Científico e Tecnológico da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), gerido…

17 horas ago

IA facilita reencontro de animais e tutores no RS após enchentes

As recentes enchentes no Rio Grande do Sul não afetaram apenas pessoas, mas também milhares…

18 horas ago

13 oportunidades de ingressar na área de tecnologia

Toda semana, o IT Forum reúne as oportunidades mais promissoras para quem está buscando expandir…

18 horas ago

EXCLUSIVO: Konecta Brasil fatura R$ 650 mi em 2023 e quer chegar a R$ 1 bi em 2025

A Konecta Brasil, unidade brasileira do grupo espanhol especialista em relacionamento e experiência do cliente,…

19 horas ago