Quatro tendências em qualidade de software para 2021
Especialistas elencam tendencias importantes para desenvolvedores, que precisam estar atentos às mudanças impostas pela pandemia
A migração dos consumidores e dos negócios para o ambiente online colocou o software em evidência, e sustentar modelos digitais cada vez mais depende de qualidade. E não se trata apenas de testar as aplicações no fim do desenvolvimento – é preciso adotar uma cultura de qualidade em todas as fases do processo de criação de uma aplicação.
“Cultura da qualidade passou a ser a prioridade em todas as reuniões que participo. O mercado finalmente começou a entender a importância de se investir nessa frente”, afirma Bruno Abreu, CEO da Sofist, consultoria especializada em qualidade de software.
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Para Pedro Maschio, analista da consultoria ISG Provider Lens e autor de um estudo sobre o tema, a qualidade deixou de ser vista apenas como custo pelos desenvolvedores. “Passa a ser considerada estratégica para o desempenho dos negócios digitais e isso é uma tendência que deve se manter nos próximos anos”, diz.
Pensando nisso, os dois especialistas elencaram quatro tendências sobre qualidade de software para 2021.
1. Adoção de métodos ágeis eDevOps aliado ao QA
Os dois métodos têm como objetivo dinamizar processos e acelerar a inovação. Dentro delas, a qualidade tem o papel de mitigar erros ao longo do desenvolvimento e o alinhar com as necessidades de negócio. Segundo o ISG, modelos que levam iniciativas da qualidade de software para etapas estratégicas do desenvolvimento, estão emergindo e devem continuar.
O Shift-Left traz os princípios de qualidade para mais cedo no processo de desenvolvimento, influenciando, por exemplo, product owners no processo de escrita de user stories. Também a criarem códigos visando a concepção de um produto sem bugs e que melhorem a experiência para os usuários finais.
Já o Shift-Right leva o teste para outras etapas que não só a de desenvolvimento. Consiste em habilitar as aplicações para fornecer informações no ambiente de produção, geralmente por meio de logs capturados por painéis em tempo real.
Esse modelo prevê o uso de informações obtidas em ambiente de produção para entender os gargalos de desempenho que devem ser corrigidos, ou problemas que devem ser incluídos em testes automatizados para evitar erros .
2. Métodos de testes em evolução contínua
“Tradicionalmente os testes são: funcional, unitário, integrado, teste de interfaces e de desempenho. Vimos a expansão desse escopo com a inclusão de testes de segurança, teste de acesso (pentest), inspeção de código, segurança de dados, privacidade e testes de recuperação em caso de desastre”, explica Maschio.
Os métodos de teste também estão evoluindo, tornando-se mais complexos e completos. “Estratégias surgiram para otimizar o tempo necessário para a execução dos mesmos, além de novas fontes de dados para verificar a qualidade de um sistema”, complementa.
Também são importantes testes em diferentes aparelhos e tamanhos de tela, configurações e sistemas operacionais. “A gama de dispositivos móveis disponíveis no mercado continua se ampliando”, afirma Abreu. “Monitorar esse funcionamento de uma forma contínua nos aparelhos mais relevantes para cada negócio é a chave para garantir uma boa experiência”.
3. Inteligência artificial, machine learning e IoT
A criação de produtos que usam machine learning e inteligência artificial vem crescendo. A tendência é que cada vez mais se fale em como montar planos específicos para garantir a qualidade das aplicações que utilizam essas tecnologias.
“O desafio aqui é pensar em estratégias que se adequem a essas aplicações de uma maneira coerente” diz Abreu. “Como adequar as práticas de qualidade às evoluções constantes de um produto que usa machine learning, por exemplo? Como garantir a melhor experiência em dispositivos IoT levando em conta a necessidade de evitar brechas de segurança?”
São desafios que vão requerer que profissionais de qualidade aprendam novas habilidades e se adaptem para realizar projetos com foco nessas tecnologias. “No longo prazo, investir em capacitação será a melhor forma para lidar com essa tendência”, completa o CEO.
4. Testar remotamente
Colocar equipes em home office no início do isolamento social foi um desafio para muitos negócios. No setor de tecnologia o desafio maior foi logístico, de modo a garantir que os times tivessem estrutura e equipamentos necessários.
O mesmo aconteceu quando o assunto foi testar remotamente. “Num momento em que as pessoas estão trabalhando a partir de suas casas, foi importante repensar a logística: como fazer com que o time tivesse acesso aos devices necessários para testar aquele produto específico?”, diz Bruno. “No nosso caso, como realizamos muitos testes em diversos tipos de devices, os membros da equipe com acesso a diferentes aparelhos precisaram se ajudar para continuar viabilizando as entregas com o máximo de qualidade”.
Para o executivo, o mercado está cada vez mais aberto para esse modelo. “Muitas empresas enfatizavam a necessidade de contar com equipes presenciais para resolver as questões de qualidade. Vejo que agora há uma abertura maior para o trabalho remoto”.