PMEs: 12 dicas para tirar do papel o processo de transformação digital
As pequenas e médias empresas (PMEs) são a principal força motriz da economia brasileira, elas representam 30% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
Existe uma grande oportunidade de explorar esse segmento de forma ativa por meio da transformação digital, que trata do processo de digitalização destas companhias. Porém, a dúvida que fica é: como as pequenas e médias podem aproveitar isso a seu favor e usar todo o seu potencial?
Não podemos esquecer que atualmente vivemos num mundo da personalização, onde as decisões são tomadas baseadas em dados: data driven. As empresas precisam coletar e tratar dados de maneira estratégica – e aqui incluo a as pequenas e médias. Também, é importante lembrar que os modelos de percepção dos negócios mudaram. Antigamente, as companhias divulgavam seus negócios em mídias pagas, como outdoors, jornais e revistas. Hoje, basta um vídeo bem produzido e publicado online para gerar mais visibilidade do que um anúncio em horário nobre na TV ou rádio. Ou seja, o conhecimento de digital e uma pitada de criatividade, podem fazer toda a diferença no negócio. Além disso, o consumidor de hoje faz referências do que ele comprou, viu e vivenciou em portais do mundo inteiro, como Tripadvisor, por exemplo. É consumidor influenciando consumidor em escala e intensidade global!
Para ajudar as PMEs neste processo, listei 12 conselhos que acho necessários para uma boa gestão na jornada da transformação digital:
1 – Gestão orientada para inovação constante. Que essa inovação tenha sempre foco no cliente, verificando o que é importante para ele e para o consumidor.
2 – Criar um modelo de inovação rápido por meio de processos e ciclos curtos. Inovar por meio de Produtos Mínimo Viáveis (PMVs), aprender com essas experiências e levar rapidamente as soluções para o mercado antes que alguém o faça.
3 – Adotar o pensamento de fundo de capital de risco. Entender quais os estágios e limites de risco são aceitáveis. Definir seu apetite para risco e respeitar ele.
4 – Inove antes que seja necessário. Desafie seu modelo e status quo e se questione sempre sobre o que você poderia fazer de melhor ou o que alguém faria de forma superior ao que você já oferece.
5 – Organize seu trabalho sobre métodos ágeis. “Métodos ágeis” é uma expressão conhecida, mas sobretudo é um conjunto de práticas feito por meio de ciclos curtos, que permite às equipes autônomas a capacidade de decisão para que consigam, por meio de interações sucessivas, se aproximar mais do resultado. A aplicação deste conceito vai fazer com que a companhia realize tarefas com menos tempo e menor custo de execução. Se não teve tempo de estudar métodos ágeis, é uma boa oportunidade.
6 – Crie uma cultura de teste e aprendizado fundamentado em interações e dados. Provavelmente as empresas que prosperam hoje terão maior capacidade de aprendizado. E o aprendizado de hoje está nos dados. Os dados nos ensinam muito, são fundamentais e estratégicos.
7 – Aprenda a falhar. Prepare-se para falhar de modo mais inteligente. Estamos falando de inovação e não podemos contar que não haverão erros. Em muitos momentos teremos falhas e precisamos identificá-las rapidamente e repará-las. Esse é o princípio da inovação.
8 – Expanda e integre boas ideias rapidamente. Se tem uma boa ideia, expanda-a. O mundo de hoje está muito conectado e não permite atrasos. Se conseguir fazer a ideia rodar, execute-a antes que alguém o faça.
9 – Crie uma cultura de dono. Dê aos colaboradores a possibilidade de criar coisas novas, de intraempreender e cocriar. Isso promove autonomia ao mesmo tempo que se sentem parte da empresa.
10 – Lidere sem forçar decisões. O líder digital mobiliza o ecossistema e age como influenciador de pessoas.
11 – Contrate os melhores. Quanto melhor a equipe, melhores os resultados.
12 – Forneça feedback de forma clara e honesta. Em um ambiente ágil o feedback deve ser frequente e o mais claro o possível, sempre com a intenção de criar uma cultura de sucesso.
As PMEs precisam com urgência, entender o mercado em que estão e já criar uma coalisão para que suporte esse processo de transformação digital. Avaliar a forma como produzem valor para seus clientes e se questionarem se com o uso das tecnologias transformadoras, elas podem ser mais eficientes, mais atraentes ou mesmo disruptivas.
Atualmente, há tecnologia disponível e barata (se não de graça) para executar todos os projetos que estas empresas possam imaginar. E ainda mais: há todo um ecossistema de suporte para esta inovação: aceleradoras, incubadoras, investidores anjos, mentores e muitos outros dispositivos de apoio a inovação.
Tenho certeza que para as PMEs esse processo é muito mais rápido e vantajoso se comparado às empresas grandes, porque se por um lado as grandes possuem mais capital para investir, por outro são engessadas e tem muitos processos que as impossibilitam se mover rapidamente. É a velha expressão: para você virar um transatlântico você precisa de mais planejamento do que para mover uma lancha, que é mais rápida e mais ágil. A capacidade e agilidade de transformação digital das PMEs podem se transformar em ativo competitivo importante, essa é a essência da vantagem digital. Não à toa, startups estão tomando espaço, foram criadas pequenas e já estão grandes.
*Por Rafael Sampaio, autor do livro Vantagem Digital – Um guia para a transformação digital, e CEO da ETEK Novared