Para Schneider, transformação digital está associada ao futuro elétrico
Companhia lança no Brasil disjuntor com alto nível de conectividade capaz de aumentar a eficiência em consumo e distribuição de energia nas empresas
A Schneider Electric investe globalmente cerca de 1 bilhão de dólares em pesquisa e desenvolvimento para trazer conectividade ao mundo elétrico. Como parte dessa visão, a companhia acaba de lançar no Brasil o seu novo disjuntor de baixa tensão, o MasterPact MTZ. O produto foi apresentado durante o evento Innovation Day, que reuniu mais de mil clientes e parceiros da empresa na última semana em Campinas, interior de São Paulo.
O equipamento de medição de energia ajuda a gerenciar ativos e pode ser conectado ao EcoStruxure, plataforma da Schneider para arquiteturas de sistemas IoT. Com o MTZ, é possível melhorar o gerenciamento de custos, uma vez que ele fornece dados precisos sobre consumo de energia e necessidade de manutenção preditiva, além de evitar interrupções de operação ao permitir rápido restabelecimento da energia em caso de falha.
“Não existem mais barreiras entre o mundo digital e o mundo elétrico. A conectividade embarcada no MTZ ajudará empresas a operarem mais estrategicamente, serem eficientes e crescerem mais”, afirmou na ocasião o CEO da Schneider Electric Brasil, Marcos Matias, acrescentando que a energia elétrica será cada vez mais descentralizada e sustentável, impulsionada pela Indústria 4.0.
O disjuntor não deixou de ser um hardware, com a parte elétrica feita de cobre e ferro, mas a grande inovação do MTZ está no software que pode ser interligado a diferentes módulos digitais (aplicativos), como explicou o vice-presidente de Building da Schneider Electric Brasil, Klecios Souza. “Cada empresa conecta o que quer medir e não é preciso tocar em um painel, basta conectar um celular ou fazer isso pelo computador por meio de Bluetooth e NFC”, sendo que o disjuntor pode ser aplicado em geradores e painéis elétricos por diversos segmentos, de data centers, a indústrias e hospitais.
Fabricado pela Schneider em outros países, o produto é adaptado na fábrica da empresa em Cajamar, no interior paulista, onde são feitos acoplamentos, adaptações locais, testes e certificações que garantem a segurança cibernética. De acordo com o CEO, foram investidos 2,5 milhões de reais ao longo de um ano para o lançamento do MTZ no Brasil.
Dessa forma, a companhia está mirando prioritariamente hospitais e data centers, onde já possui clientes utilizando o equipamento como parte da estratégia de digitalização de processos. Os setores de mineração e óleo e gás também estão no radar da Schneider para impulsionar as vendas do produto.
Convergência entre OT e TI
Com o MasterPact MTZ, a Schneider Electric traz um alto nível de conectividade a um dos elementos mais básicos na linha de infraestrutura: o disjuntor. Para Luciano Santos, vice-presidente da IT Division da companhia no Brasil, o lançamento representa a convergência da tecnologia operacional tradicional (OT) com as redes de tecnologia da informação (TI).
“Antes as fábricas trabalhavam com sistemas de redes dedicados, sendo que hoje é utilizada a mesma plataforma do sistema de TI. A base de TI está descendo na infraestrutura do chão de fábrica e o modelo de conectividade é o mesmo. Mas para que se consiga extrair o máximo, todos os componentes da base devem ser conectáveis”, destaca.
Isso porque os dados conectados podem ser transformados em diversos tipos de inovação –como ganhos de eficiência com o controle e gerenciamento do consumo de energia de máquinas –, já que são gerenciáveis na segunda camada (Ecostruxure) e processados por plataformas de analytics baseadas em Inteligência Artificial.
Projetos de IoT com clientes da Schneider mostram que do lado do capex os ganhos com eficiência energética podem chegar a 65% e com produtividade até 50%. Do lado do opex, os custos podem ser reduzidos em 30%.
Um exemplo é a empresa de cosméticos Casa Granado, que passou por uma transformação onde a implantação do Ecostruxure aumentou a capacidade de produção com a mesma estrutura operacional. “Quem trabalha em indústria não pode ter medo da transformação digital. Temos que sair do nosso ponto de conforto e investir em inovação”, comentou o CIO da Casa Granado-Phebo, Plínio Ribeiro, durante o evento.
Energia descentralizada e sustentável
Globalmente, estamos falando de 3 bilhões de pessoas conectadas a 30 bilhões de “coisas” que geram uma quantidade enorme de dados que vai para a nuvem. No entanto, cerca de 90% desse volume de dados captados pela Internet das Coisas (IoT) ainda não é tratado.
As cidades inteligentes estão longe de serem uma realidade no Brasil, mas experiências da Schneider ao redor do mundo mostram que uma integração entre pessoas, empresas e governo são essenciais para um consumo mais inteligente e sustentável da energia elétrica.
Assim, Naya Raipur tornou-se a primeira cidade inteligente na Índia graças ao gerenciamento de recursos de água fluvial, de saneamento e de energia. A companhia conecta mais de 100 mil pontos que coletam informações de toda a cidade, posteriormente analisadas para aumentar a eficiência na distribuição e no consumo de recursos.
Em Munique, um projeto realizado em parceria com a Schneider dá os primeiros passos para um futuro no qual que a energia será descentralizada e renovável. A empresa fornece tecnologia para uma vila totalmente sustentável que está sendo testada pelo governo local. Cada casa consegue gerar, armazenar e compartilhar energia com outras. “Uma cidade inteligente está associada à conectividade e à energia renovável e sustentável”, resumiu o CEO Marcos Matias.