Yara aposta em hubs globais para impulsionar agricultura digital

Como a transformação digital pode ser útil ao agronegócio e às empresas que atuam neste setor? Qual o futuro e as tendências da agora chamada “agricultura digital”? Estas e outras perguntas foram respondidas nesta quarta (17/10), no palco Nação Digital, por Daniel Accioly Rosa, head de soluções profissionais em agricultura digital, da especialista norueguesa em insumos químicos Yara International.

A tradicional empresa – fundada no começo do século XX e presente no Brasil desde 1990, além de 60 países – tem se valido do uso de dados, boa parte deles acumulado ao longo de décadas, para desenvolver soluções úteis ao homem do campo.

“Nos próximos 50 anos vamos precisar produzir mais alimento que nos últimos 10 mil anos combinados”, disse Rosa. “No planeta há cada vez menos espaço disponível e mais dificuldade ambiental. Precisamos ter uma estrutura muito focada em resolver essa situação, e o Brasil está muito bem posicionado.”

O Brasil responde por 40% da receita da Yara globalmente. Entre seus diferenciais competitivos está a maior quantidade disponível de terra arável no planeta, clima que permite duas colheitas ao ano, ecossistema tecnológico sólido – com pesquisa de ponta sendo desenvolvida pela Esalq (USP), Embrapa e outros players privados. Além disso, o agronegócio alavanca o PIB nacional, respondendo por 22% do total, e por 46% das exportações.

Iniciativa global

Desde 1997 a Yara oferece soluções tecnológicas avançadas, como um sensor ótico que lê a quantidade de clorofila das plantas de uma lavoura para regular a quantidade de fertilizantes necessários no solo. Isso traz economias no uso de nitrogênio, além de reduzir riscos de contaminação. Em 2009 a solução migrou para os smartphones, junto com um pacote de serviços online para o agricultor chamado MyYara.

Mas a digitalização das soluções da companhia começou com força mais ou menos três anos atrás, quando a Yara criou três centros de inovação espalhados pelo mundo, chamados de Digital Hubs: na Alemanha, em Singapura e no Brasil – com um último centro de pesquisa nos Vale do Silício americano nascido por meio de uma aquisição.

Segundo Rosa, na Ásia o hub tem como foco soluções para pequenos proprietários. Na Europa (Berlim) as pesquisas se focam na agricultura em climas temperados, enquanto o hub brasileiro se concentra na chamada agricultura tropical (com foco na cultura da soja). A operação dos EUA por sua vez trabalha próxima principalmente ao time alemão.

No hub brasileiro, que fica em um coworking em São Paulo, são 50 pessoas de várias nacionalidades trabalhando em colaboração com startups e outras empresas.

Futuro e passado

São três linhas de desenvolvimento: apoio a venda de produtos do negócio tradicional de nutrição de plantas da Yara; serviços digitais, com “squads” desenvolvendo e bilhetando serviços; e por último o uso de dados e analytics para gerar insights. As ofertas são ajustadas a partir de testes intensivos.

O primeiro produto do Hub Brasil é chamado de Megalab. Ele permite cruzar dados de análise de solo com a tabela referência nutricional para entregar recomendações agronômicas específicas para cada talhão de terra, para saber quanto de qual produto deve ser aplicado.

“Descobrimos que todos os agricultores do Brasil fazem análise de solo porque os bancos exigem para dar financiamentos, mas [as análises] não serviam para nada, não eram usadas. A maior dificuldade foi digitalizar esses arquivos”, conta Rosa.

Em 2018 a meta da Yara era entregar um milhão de hectares de recomendação, mas o objetivo já foi batido e dobrado. Em 2019 a intenção é chegar a 3 milhões de hectares analisados.

“Os próximos passos incluem levar todos os diferentes produtos e serviços que estamos desenvolvendo fora e trazer para o Brasil, e levar os brasileiros para outros países. É uma nova proposta de valor pensando no agricultor, mas se apoiando na indústria tradicional, não jogamos nada fora”, ressaltou o executivo.

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