Workiva quer crescer cinco vezes em dois anos no Brasil com automação de relatórios
Em entrevista ao IT Forum, country manager da Workiva, falou sobre os planos de expansão para o país e oportunidades com relatórios ESG

A Workiva está pronta para ampliar suas operações no mercado brasileiro. Sediada em Ames, no estado de Iowa, nos Estados Unidos, a empresa atua no país desde março deste ano com uma nova liderança dedicada – Marcelo Silva, seu country manager –, e tem ambições de crescer no país com sua solução voltada para a automatização de relatórios corporativos.
Silva é um veterano da indústria de tecnologia no Brasil. Com mais de 20 anos de experiência no setor, o executivo já liderou equipes de vendas em empresas como Cisco, Logicalis, CA Technologies, VMware, Symantec e Hitachi. Antes de se juntar à Workiva, ocupava a vice-presidência de Vendas da Digibee. No novo desafio, deixou de lado o foco nas equipes de TI para direcionar sua atenção aos times de back-office.
“Eu nunca tinha vendido um projeto cujo beneficiário fosse o time de finanças, controladoria ou auditoria”, contou em entrevista ao IT Forum. “Os times de TI estão tipicamente voltados para manter as operações funcionando, atuar em novos negócios ou na transformação digital das empresas. As áreas de back-office, por outro lado, não costumam ser bem atendidas.”
Fundada há 16 anos, sendo dez deles como empresa listada na bolsa de Nova York, a Workiva oferece uma plataforma SaaS de conformidade para elaboração de relatórios financeiros, contábeis, de risco e compliance. Seu principal foco é a automação desses documentos, conectando-se a múltiplas fontes de informação – como ERPs, planilhas e dados estruturados ou não estruturados – para consolidá-las em uma única fonte confiável.
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A partir desse data lake de dados corporativos, os relatórios podem ser gerados com mais agilidade e confiança. O objetivo é apoiar as equipes de back-office, simplificando processos que costumam ser manuais, custosos e sujeitos a erros. “Quando você gera um relatório com erros, há riscos reputacionais, multas ou até penalidades que podem incorrer”, pontua Silva.
Ambição de crescimento
Atualmente, a companhia possui mais de 6,3 mil clientes em todo o mundo. Destes, 1,8 mil são empresas listadas em bolsas, que publicam seus relatórios por meio da plataforma da Workiva. Seus negócios estão estruturados em três pilares principais: relatórios financeiros; relatórios de risco e compliance; e gestão de sustentabilidade e relatórios ESG. “Somos a única plataforma que integra essas três disciplinas de forma integrada”, destaca Silva.
Dessas três áreas, a última é a mais recente na atuação da companhia. Em junho, a empresa finalizou a aquisição da startup Sustain.Life por US$ 100 milhões. Responsável por um software de contabilidade desenhado para garantir o compliance em emissões de carbono, ela tornou-se a unidade Workiva Carbon, ampliando as ambições da companhia nesse segmento.
Além dessa nova área de foco, há dois anos a Workiva começou a expandir seu processo de internacionalização. Ásia e Europa foram os focos iniciais. Agora, a América Latina está no radar. Em março, a operação brasileira começou a ser estruturada – Marcelo Silva lideraria o time brasileiro, que iniciou com quatro pessoas e já soma 12. Sandro de Camargo, ex-ServiceNow, é o vice-presidente da companhia para a América Latina. Simultaneamente ao Brasil, uma operação importante no México também está sendo desenvolvida. “O Brasil, assim como o México, está no centro das atenções no momento de crescimento da companhia”, afirma Silva.
Atualmente, a Workiva já conta com 20 clientes no mercado nacional. Entre eles estão três dos quatro maiores bancos do país, além de uma empresa do setor aeronáutico. A meta é ambiciosa: em dois anos, a companhia quer quintuplicar o número de clientes no Brasil. A plataforma da Workiva já foi completamente localizada para o português brasileiro, e a expectativa é que, no próximo ano, o faturamento também possa ser realizado localmente.
Um dos caminhos para alcançar esse crescimento é o aumento da demanda prevista por relatórios de sustentabilidade no mercado nacional. Silva destaca que a Workiva tem acompanhado o movimento de grandes empresas europeias para adequação às novas regulações ambientais propostas no bloco europeu, como a diretiva CSRD. A expectativa é que, assim como a GDPR influenciou a LGPD, a normativa acelere a demanda por relatórios de ESG no Brasil.
“O Brasil se inspira muito na Europa”, diz o executivo. “Sem dúvida nenhuma o movimento de transparência associado à questão de regulamentação do tema sustentabilidade é uma das razões pelas quais viemos para cá”, conclui.
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