Women In Tech: EY busca inclusão de mulheres na tecnologia

Com mais de 2 mil pessoas impactadas, programa da EY busca encorajar meninas e mulheres a entrar, permanecer e prosperar na TI

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7:55 pm - 22 de abril de 2021
Foto: Duda Barros

Denise Marconi se apaixonou por tecnologia após um encontro fortuito: formada em Economia, a paulista de Piracicaba (SP) descobriu o mundo das empresas de consultoria em uma feira de empregos.

Mesmo tendo uma carreira recém iniciada no Banco Real, a ideia de se tornar uma consultora persistiu. Havia algo fascinante em poder liderar a transformação e vê-la acontecer na prática. Em 1995, veio o salto definitivo para a tecnologia — Denise começava como trainee na Price Waterhouse, que viria a se tornar a PwC.

Anos depois, com a aquisição da PwC pela IBM, a executiva passou a integrar o time da multinacional americana. Neste período, liderou a aliança com SAP na América Latina, além de outros programas globais e projetos que envolviam diferentes tecnologias na IBM, como Oracle e Salesforce.

Mas foi em 2018, com o convite para assumir a área de Tech Consulting na EY, que um dos maiores desafios de sua liderança surgiu. À frente de toda a região Latin America South (LAS), que compreende Brasil, Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai, a executiva foi a responsável por trazer o programa Women In Tech para a realidade da América do Sul.

Equidade de gênero nas carreiras de TI

Lançado globalmente em 2019, o Women In Tech é um movimento que busca acelerar o fechamento do gap de gênero na tecnologia, tendo como principal foco encorajar meninas e mulheres a entrar, permanecer e prosperar nas carreiras de STEM (sigla em inglês para Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática).

Nos países que compõem a região LAS, o programa começou a ser implementado em janeiro de 2020, sob a liderança de Denise e com o engajamento voluntário de mais de 300 pessoas. “Conseguimos montar uma rede de voluntariado atuando de forma colaborativa, com muita autonomia para que os voluntários criassem as iniciativas”, afirma a sócia de tecnologia.

Com o objetivo de gerar impacto dentro e fora da EY, as ações do Women In Tech foram divididas em três pilares. O primeiro deles, Educar, é direcionado a meninas ainda em idade escolar, incentivando seu interesse nos campos STEM. A ação She Belongs New Generation, por exemplo, já alcançou mais de 600 meninas de 15 a 18 anos em uma série de rodas de conversa, que foram realizadas em parceria com ONGs e outras entidades que compartilham do mesmo propósito, como a Inspiring Girls.

O segundo pilar é Incubar, que busca nutrir, inspirar e motivar mulheres a desenvolver sua liderança nesses setores, tradicionalmente dominados por homens. Neste sentido, o movimento viu crescer o envolvimento de colaboradoras da EY no Power Up, curso interno de empoderamento feminino que teve o número de participantes quadruplicado.

Por último, a frente Inovar pretende criar ambientes colaborativos e empoderadores, para que mulheres sejam bem sucedidas nas áreas de empreendedorismo e inovações tecnológicas. Parcerias estratégicas com o SEBRAE e com os 11 sócios patrocinadores foram essenciais para explorar as potencialidades das iniciativas neste pilar.

A única mulher na sala

“O mundo da tecnologia ainda é muito masculino. Ao longo da minha carreira, comecei a me conscientizar a respeito dessa jornada. Quantas vezes eu já não estive em reuniões em que eu era a única mulher no meio de trinta homens?”, conta Denise.

Apesar da falta de referências femininas, a executiva procurou aprender com a realidade e encontrar maneiras de ter sua voz ouvida na TI. “Sou de uma geração em que ainda éramos poucas mulheres na tecnologia, mas eu tive bons mentores que me ajudaram e entenderam o quão importante é o tema da diversidade”.

Munida dessa consciência, que afirma ter sido fundamental para o seu sucesso, hoje é Denise Marconi quem inspira mulheres que lutam pelo seu lugar ao sol na tecnologia. Com palestras, hackatons, mentorias e treinamentos em cinco países, o Women In Tech superou as barreiras da distância e do isolamento social para levar uma experiência contínua de aprendizado de forma remota e segura a todas as participantes.

Superando o gargalo dos cursos de tecnologia

Sabendo da disparidade entre o número de homens e mulheres nos processos de trainee da EY, sobretudo na área de TI, a solução foi “pensar diferente”, nas palavras da executiva. Com um novo programa em ação, a empresa mudou a forma de recrutar as candidatas, privilegiando o interesse em tecnologia ao invés da formação superior em cursos STEM, em que as mulheres são cerca de 15% dos alunos.

Assim, a EY assumiu o compromisso de investir no desenvolvimento profissional das 60 novas trainees nos meses seguintes ao programa, que resultou em um aumento de 20% do número de mulheres contratadas em TI e no equilíbrio entre os gêneros no setor.

Conexão que gera transformação

Por meio do Women In Tech e suas mais de 30 iniciativas realizadas e em operação, a líder tem impactado não apenas o debate sobre gênero na EY, mas também outras pautas relevantes para a cultura da empresa.

“A EY já tem uma série de estruturas internas que atuam tanto em diversidade quanto em causas sociais”, diz Denise. “Quando falamos do Women In Tech, há uma conexão com outros grupos de afinidade, como o Black Professional Network [grupo interno de profissionais negros da EY, que atua com foco na equidade racial]. A interseccionalidade faz parte. Não adianta ter só mulheres brancas na tecnologia, por exemplo”.

Liberdade, autonomia e colaboração

O sucesso do Women In Tech também pode ser atribuído ao modelo de governança das lideranças envolvidas, que utiliza metodologias ágeis para acompanhar as ações em toda a região LAS, enquanto confere aos voluntários autonomia e liberdade para ampliar o portfólio de iniciativas.

Para os próximos passos, o propósito de Denise Marconi é fortalecer a “rede de colaboração”, ampliando as ações para que mais meninas e mulheres sejam alcançadas pelo movimento. Dentro da empresa, a líder avalia que o nível de engajamento e o senso de pertencimento dos colaboradores e colaboradoras tem sido “um ganho enorme”.

Mesmo com os avanços rumo à equidade de gênero nas carreiras STEM (“Já temos várias CIOs mulheres e sócias na área de consultoria de tecnologia”), Denise avalia que ainda há muito a ser conquistado. É preciso reconhecer, no entanto, a importância de ações — ou movimentos, como se define o Women In Tech — que empoderam as mulheres na prática, para além dos discursos e hashtags em datas comemorativas.

Finalistas Executivo de TI do Ano 2021 – Indústria

Categoria: Diversidade

Vencedora – Denise Marconi – Sócia de Tecnologia, EY

Finalista – Laercio Albuquerque – Presidente, Cisco

Finalista – Mauricio Cataneo – Presidente, Unisys

 

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