Por anos, Julian Assange, fundador da WikiLeaks, foi tido como anarquista anti-americano, indiscriminado ao publicar vazamentos sobre a Rússia. E por mais de quatro anos, ele se escondeu na Embaixada do Equador em Londres para evitar os investigadores de agressões sexuais na Suécia.
Mas ontem (9/3), logo depois de revelar o maior vazamento de documentos classificados da CIA, Assange tentou virar o jogo apresentando-se como defensor das empresas de tecnologia nos Estados Unidos contra os espiões.
Os 8 mil documentos da CIA tornados públicox pelo WikiLeaks – a primeira leva de uma coleção muito maior, disse Assange – mostrou que a agência tinha encontrado falhas nos produtos mais populares da era da internet: iPhones, telefones Android, software usados em todos os escritórios e televisores conectados à internet. Mas em vez de alertar as fabricantes para que pudessem tapar os buracos de segurança, a agência explorou os pontos fracos para realizar espionagem virtual em todo o mundo.
Diante do cenário, Assange apontou que estava preparado para compartilhar com Apple, Google e outras empresas de tecnologia o código de computador vazado ainda não publicado para ajudá-los a corrigir as falhas descritas pela CIA.
“Decidimos trabalhar com essas empresas para dar a eles acesso exclusivo aos detalhes técnicos adicionais que temos. Assim, eles poderão arrumar as vulnerabilidades e deixar as pessoas seguras”, afirmou.
As companhias estão cautelosas quanto à oferta do WikiLeaks, dizendo que poderá haver implicações legais ao aceitar classificar informações roubadas do governo. Sean Spicer, secretário de imprensa da Casa Branca, aconselhou às companhias a buscar aconselhamento jurídico antes de aceitar o código vazado.
A Microsoft sugeriu em comunicado que não quer ser vista como colaboradora do WikiLeaks, declarando que seu “método preferido para qualquer pessoa com conhecimento de problemas de segurança é comunicar CIA ou enviar os detalhes para o e-mail secure@microsoft.com”. Microsoft, Apple e Google disseram que algumas das brechas exploradas pela CIA faziam parte de versões antigas de softwares e já foram bloqueadas por atualizações recentes.
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