WhatsApp e carga horária excessiva sobrecarregam funcionários na pandemia

Estudo realizado pela Convenia em parceria com a TiqueTaque indica falta de estrutura digital entre empresas que aderiram ao modelo híbrido e remoto

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9:14 am - 08 de junho de 2021
Pandemia

Devido à falta de tecnologias de comunicação próprias, a imensa maioria das organizações brasileiras (84,52%) passaram a utilizar o WhatsApp como ferramenta de interação no trabalho durante a pandemia. Dos profissionais que estão em home office, 66,9% dos fundiários fazem uso o aplicativo durante o expediente e também fora dele, enquanto que 42,3% realizam carga horária superior à prevista em contrato.

Os dados são da pesquisa “Os impactos da pandemia da Covid-19 no RH brasileiro”, conduzida pela Convenia, especialista em soluções digitais de RH, em parceria com a TiqueTaque, solução de controle de ponto. Realizado em março de 2021, o mapeamento entrevistou 269 profissionais de RH de diversas regiões do país.

Em comum, esses profissionais precisaram reformular a comunicação da empresa mesmo sem recursos tecnológicos para tal. Devido às novas regras sanitárias, quase metade das empresas brasileiras adotaram modelos mais digitais em sua rotina, incluindo o aplicativo de mensagens Whatsapp.

Tal movimento acarretou em um desencontro de modelos de negócios com o mundo atual, com 42,9% dos entrevistados considerando a comunicação interna de suas empresas ineficiente. Além disso, 51,5% dos trabalhadores em modelo home office sentem falta de estrutura adequada, como internet de qualidade, espaço físico, poltrona ou cadeira apropriada. O diagnóstico também alerta que o excesso de reuniões em videoconferência pode trazer prejuízos à concentração e à produtividade.

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A pesquisa conclui que o Whatsapp é uma plataforma de mensagens instantâneas, mas seu objetivo direto não seria a comunicação interna das empresas. Outro problema é o compartilhamento de dados sensíveis e pessoais agravados pelo aplicativo, o que pode ser penalizado sob as lentes da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Uma evidência de que a minoria das empresas ainda não se adequou ao modelo remoto é que mesmo rotinas simples e consolidadas pelos Recursos Humanos ainda não foram completamente digitalizadas. Somente 33,5% das empresas participantes que aderiram ao home office enviam os demonstrativos de pagamento por e-mail.

Devido à falta de digitalização das estruturas de trabalho remotas e híbridas, quase metade (41,5%) das organizações aboliram o controle de ponto de suas instalações, exigido por lei para empresas com mais de 20 funcionários. A suspensão ou remoção total desse tipo de monitoramento pode dificultar também a vida do trabalhador, que não consegue comprovar sua carga horária. De acordo com  a empresa, isso resulta em acúmulo de tarefas e excesso de trabalho fora do horário estabelecido em contrato, sem que receba pelas horas trabalhadas a mais.

O estudo também indica que a falta de estrutura digital das organizações está relacionada a seu porte, sendo que as companhias com até 100 funcionários conseguem se humanizar mais rapidamente. Por outro lado, quase 80% dos colaboradores que não tiveram sua jornada de trabalho alterada para o modelo remoto ou híbrido durante a pandemia são de pequenas e médias empresas.

“As empresas devem se adaptar e oferecer a melhor experiência para seus colaboradores e atender às novas necessidades”, pontuou Marcelo Furtado, CEO da Convenia. “Cabe às empresas encontrar aquelas que melhor se adequem ao seu perfil e de sua equipe”.

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