Transformação do setor financeiro requer não só tecnologia, mas também estratégia

Do ponto de vista tecnológico, o mais importante para as instituições é encarar cenário com uma visão estratégica

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9:02 am - 20 de dezembro de 2022
serviços financeiros, dinheiro, gráficos, mercado financeiro, finanças Foto: Shutterstock

Muito tem se falado sobre a transformação digital nos mais diversos segmentos, mas talvez o impacto no setor financeiro seja o que tem alcançado maior número de pessoas atualmente, uma vez que, segundo dados do Banco Central, em dezembro de 2021, o número de correntistas no Brasil chegou a 182,2 milhões. Open Banking, Pix, aplicativos online, são apenas algumas das novidades que chegaram para os clientes dos bancos que oferecem serviços digitais no País.

Para se ter ideia, segundo a Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2022, realizada em parceria com a Deloitte, em março deste ano, o número de usuários com chaves Pix cadastradas somou 51 milhões, com alta de 72% em relação ao mesmo mês de 2021, chegando a 3 milhões usuários no total. Isso demonstra que a sociedade está aberta à inovação na área financeira e se engajando na utilização dos novos serviços.

A tela do celular se tornou um terminal capaz de realizar inúmeras operações financeiras. No entanto, na outra ponta, dentro da estrutura dos bancos, existem diferentes realidades, de acordo com o perfil da instituição bancária. Há, por exemplo, bancos que nasceram digitais e têm a maioria dos seus dados na nuvem e, por isso, está optando agora por adotar também uma estrutura física.

Por outro lado, estão os grandes players desse setor, que já contavam com uma infraestrutura robusta e, nos últimos anos, passaram a enfrentar o desafio de manter uma harmonia entre o parque de equipamentos legado e as novas soluções que precisam ser incorporadas. Exatamente por esse motivo, do ponto de vista tecnológico, o mais importante para as instituições de ambos os perfis é encarar esse cenário com uma visão estratégica.

De acordo com a mesma pesquisa encomendada pela Febraban, os orçamentos dos bancos com foco em tecnologia devem atingir R$35 bilhões este ano, o que representa um aumento de mais de 18% com relação a 2021, quando o patamar foi de R$30,1 bilhões. Com isso, já é possível perceber que a questão de investimento não será um obstáculo para os players desse segmento. Entretanto, o que é preciso ter em conta do ponto de vista da preparação para as inovações que, com certeza, ainda vão surgir é a necessidade de encarar as mudanças tecnológicas como uma jornada, apoiada por pilares de sustentação.

Não existe, no contexto de um banco, independentemente da dimensão da empresa e do número de clientes, uma chave que possa ser virada, resultando em mudanças do dia para a noite. Pelo contrário, quando falamos em organizações com infraestrutura pré-existente, por exemplo, o ideal é pensar em renovação por ondas, de forma planejada, com metodologia e interatividade entre as fases colocadas em prática, sempre contando com parceiros que as acompanhem ao longo de todo esse processo.

Outro fator que não pode ser minimizado no momento de pensar na transformação digital é o da segurança, seja do ponto de vista físico ou cibernético. Este é, inclusive, um tema que tem tirado o sono da área de tecnologia das instituições financeiras, independentemente do porte dela, e precisa estar sob o guarda-chuva da macroestratégia. No meu dia a dia dentro da realidade do mercado tecnológico, é muito comum ver empresas que buscam soluções isoladas, principalmente de segurança, pensando que isso poderá resolver todos seus problemas. Mas, nessa instância, a primeira medida que tomo é abrir os olhos desse profissional. Neste momento, o importante é lhe dar suporte na preparação de uma visão holística de todas as demandas de tecnologia da empresa e preparar um planejamento integrado.

Manter uma infraestrutura a prova de falhas, lançar serviços cada vez mais inovadores no mercado e, ainda, garantir a segurança dos dados e das operações dos correntistas não é uma tarefa fácil, principalmente num país superlativo como o Brasil. Mas, por outro lado, as ferramentas tecnológicas nunca foram tão evoluídas, com a presença de artifícios como virtualização das redes, Inteligência Artificial, IoT, biometria digital avançada, entre outros. A questão aqui talvez seja agora as condições nas quais adotá-las e em qual momento.

* Milton Ronchi Júnior é diretor de negócios da NEC no Brasil

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