Transformação digital no setor financeiro: de desejo a necessidade

Chave para atingir objetivos é prover ferramentas de colaboração e inovação que habilitem funcionários a trabalhar de qualquer lugar e dispositivo

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10:15 am - 08 de abril de 2022

Nos últimos dois anos a tecnologia vem exercendo o protagonismo em vários setores da vida moderna – e não é diferente no mercado financeiro. O ano de 2020 transformou o setor. Bancos chacoalharam com a definição de “home office”, necessário durante a pandemia. Os usuários passaram a acessar dados da empresa de casa, incluindo transações financeiras, gerenciamento de risco e informações de compliance, como dados privados dos clientes e pagamentos. Como consequência, vimos segurança de rede como imperativa nestas empresas. Instituições financeiras sofreram para identificar e resolver falhas de segurança durante este período, assim como proteger seus usuários e redes de estratégias de ataques como phishing, social engineering e sequestro de dados.

Ao mesmo tempo as empresas e clientes aumentaram a necessidade de processos virtuais, sem contato direto, tendo que mudar processos e políticas como o uso de ferramentas de comunicação como Teams, Zoom, Google Meetings. Como consequência, o setor experimentou um aumento na demanda por serviços digitais e meios de pagamento, callcenters etc. Todas estas alterações foram aceleradas nestes anos e houve a necessidade de considerar a privacidade de dados, segurança, prevenção a fraude e combate a cyber ataques.

No Brasil, a adoção de inovação tecnológica está ainda mais evidenciada, na oferta de novos serviços, moedas digitais, a adesão às fintechs que cresceram de forma exponencial e ganharam uma grande fatia do mercado, estimulando também a bancarização do público jovem e de consumidores de diferentes classes sociais.

Mas a tecnologia ao mesmo tempo que permite o conceito de anywhere office e promove a inclusão financeira, também amplia sensivelmente a superfície de ataques hackers. Em tempos de paz, os bancos globais já são alvos desejados pelos cyber invasores. Em tempos instáveis, como os atuais, as retaliações digitais podem ser ainda maiores. Nesse sentido, as instituições financeiras estão aumentando o monitoramento de suas redes, analisando cenários de invasão, procurando ameaças e contratando especialistas no caso de aumento de atividades hostis.

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Neste movimento, tendo como base a tecnologia, estamos observando clientes do setor financeiro solicitando flexibilidade no modelo e no local de trabalho, eficiência no acesso às informações e às aplicações e boa experiência de uso da tecnologia para o usuário final. Porém, a demanda por segurança nunca foi tão urgente e prioritária. O conceito de Zero Trust, ou seja, o “nunca confie e sempre verifique”, ganha cada dia mais corpo no universo corporativo e vai muito além do comportamento binário de bloquear ou permitir. A abordagem de confiança zero é, de forma resumida, permitir que as empresas continuem funcionando sem problemas, garantindo sua segurança. Ela pode ser implementada por meio da descoberta e classificação de dados, monitoramento de atividade de dados, análise de segurança de dados e integração com identidade, inteligência contra ameaças e ferramentas de resposta.

Recentemente tive a oportunidade de acompanhar um projeto com um dos maiores bancos privados do país para entregar aos colaboradores as ferramentas digitais necessárias para garantir o trabalho de qualquer lugar, com eficácia no acesso aos dados e às aplicações, com boa usabilidade por parte do usuário final, sem descuidar da segurança. A iniciativa permitiu a construção (em poucos dias) de um ambiente em que três mil gerentes de agências e quatro mil atendentes de call center puderam trabalhar de casa com a mesma produtividade, qualidade e segurança dos serviços prestados no escritório.

A tecnologia já está pronta para atender as demandas dos negócios digitais. Um dos exemplos é o crescimento da ferramenta DaaS (Desktop como Serviço), a qual entrega o serviço na nuvem, significando uma resiliência aprimorada com uma recuperação rápida – em caso de eventos não-programados ou desastres, como ataques cibernéticos ou queda de servidor. Ela promove o controle de acesso com aplicação de conceitos como Zero Trust, múltiplo fator de autenticação e single sign on. Em relação ao ROI, os números do estudo TEI (Total Economic Impact) da Forrester revelaram que empresas que saíram do software legado para DaaS atingem um milhão de dólares em redução de custos ao longo de três anos.

O mundo vê os bancos brasileiros como um benchmark no que tange à tecnologia. Estas medidas podem ser aplicadas aos mais diversos setores que precisam cada vez mais se adaptar à vida moderna e a digitalização dos negócios. A transformação digital, passou de um desejo para uma necessidade uma vez que o mercado atualmente precisa de decisões mais ágeis e assertivas, obter ganhos de produtividade, resultados melhores tanto em termos de bem-estar dos colaboradores como em lucratividade.

A chave para atingir todos os objetivos acima é prover ferramenta de colaboração e inovação que habilitem os funcionários a trabalhar de qualquer lugar e por meio de qualquer dispositivo ou rede. Como instituição financeira é possível promover ambiente para que os funcionários, clientes e organizações atinjam seu potencial pleno com agilidade, tenacidade e resiliência para o que ainda está por vir.

* Luciana Pinheiro é presidente da Citrix Brasil

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