Tecnologia e resiliência climática: o futuro do transporte
Estudo do BCG revela como IA, Machine Learning e outras tecnologias podem ajudar o setor

O avanço das mudanças climáticas tem colocado a infraestrutura de transporte global sob enorme pressão. Enchentes, incêndios florestais, secas e eventos climáticos extremos estão impactando rodovias, ferrovias, portos e aeroportos de forma significativa. De acordo com o relatório “A Tech Roadmap for Climate Resilience in Transportation”, desenvolvido pelo BCG, a tecnologia será a chave para garantir a resiliência climática nesse setor.
Apesar dos esforços globais para conter o aquecimento global, como os compromissos estabelecidos no Acordo de Paris, o mundo ainda não está progredindo o suficiente para limitar o aumento das temperaturas a 1,5°C até o fim do século. A infraestrutura de transporte, por estar intimamente ligada ao meio ambiente, é particularmente vulnerável. Diante desse cenário, os especialistas da companhia propõem que as organizações do setor de transporte passem a adotar uma abordagem que não se limite à sustentabilidade, mas que também abranja a resiliência climática.
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Segundo o documento, a resiliência climática deve ser vista como um ciclo contínuo, com três fases principais: preparação, resposta e recuperação.
- Preparação: Nesta fase, as organizações devem investir em tecnologias e infraestruturas que possam reduzir os impactos potenciais de eventos climáticos extremos. Isso inclui desde a construção de barreiras físicas, como diques e barreiras contra incêndios, até a adoção de soluções digitais, como sensores e sistemas de monitoramento em tempo real.
- Resposta: Quando um evento climático extremo ocorre, as organizações precisam ser capazes de responder de forma rápida e eficaz. Isso significa utilizar tecnologias como sensores de Internet das Coisas (IoT) e inteligência artificial (IA) para monitorar condições em tempo real e coordenar respostas emergenciais. Por exemplo, um sistema de alerta precoce baseado em sensores instalados em áreas de risco pode enviar dados sobre níveis de água ou temperatura, ajudando na tomada de decisões imediatas para evitar maiores danos.
- Recuperação: Após o evento, é crucial restaurar as operações e aprender com os danos sofridos. Tecnologias como modelos de simulação em realidade aumentada (AR) podem ajudar as organizações a visualizar o impacto dos eventos e melhorar a infraestrutura para resistir melhor no futuro.
Tecnologia como aliada
Para cada uma dessas fases, o uso de tecnologias avançadas pode transformar a forma como o setor de transporte enfrenta os desafios climáticos. A inteligência artificial, por exemplo, já está sendo utilizada para modelar mudanças climáticas e prever padrões climáticos com maior precisão. Combinada com dados de observação terrestre e sensores IoT, essa tecnologia oferece uma visão detalhada e em tempo real das condições ambientais, permitindo respostas mais rápidas e precisas a eventos extremos.
Um exemplo prático é o sistema de alerta de enchentes implementado em Harris County, no Texas, uma região altamente suscetível a inundações. Utilizando sensores estratégicos e dados meteorológicos, o sistema fornece informações cruciais para a população e para as autoridades em tempo real, melhorando a capacidade de resposta e mitigação de danos.
O Lombardy Regional Environmental Protection Agency (ARPA) também está usando IA e Machine Learning para coletar localização, região e dados globais para a predição climática. O projeto ajudou o planejamento de agricultura para alocar recursos, como água e fertilizantes, de maneira efetiva.
Além disso, tecnologias de modelagem digital e gêmeos digitais também estão ajudando a projetar infraestruturas mais resilientes. Essas ferramentas criam réplicas virtuais de ativos físicos, como pontes ou aeroportos, permitindo que engenheiros testem virtualmente o impacto de diferentes eventos climáticos antes mesmo que eles aconteçam.
Olhando para o futuro
O relatório conclui que, apesar dos avanços tecnológicos, ainda há desafios na implementação de uma abordagem integrada de resiliência climática. A complexidade de integrar novas tecnologias com sistemas existentes e a falta de uniformidade no desenvolvimento de soluções tecnológicas são obstáculos que precisam ser superados.
No entanto, se bem implementadas, essas tecnologias podem não apenas proteger as infraestruturas de transporte contra os efeitos devastadores das mudanças climáticas, mas também contribuir para a criação de um setor mais eficiente, sustentável e preparado para o futuro.
O caminho para uma infraestrutura de transporte resiliente exige um esforço conjunto de inovação tecnológica, planejamento estratégico e investimentos contínuos. Com isso, será possível enfrentar os desafios climáticos do presente e do futuro de forma mais eficaz, garantindo a continuidade dos serviços essenciais para a economia global.
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