Tarifas de Trump podem afetar consumo de TI nos EUA, diz S&P
País ainda é muito dependente de insumos da China, diz agência de risco. Na América Latina, Mercado Livre se destaca positivamente

As tarifas de importação planejadas nos EUA pelo futuro presidente Donald Trump, incluindo aos insumos do setor de tecnologia, podem afetar o consumo desses produtos no país, apesar da demanda elevada. Isso inclui os específicos para o consumidor final, como PCs e smartphones, mas também a TI empresarial, ressalta a agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) em um relatório divulgado recentemente.
Isso se deve, segundo a especialista, a grande dependência dessa indústria da China, apesar do esforço de diversificação dos últimos anos.
Apesar disso, a S&P prevê um crescimento de 9% nos gastos com TI em 2025, maior que os 8% registrados em 2024. A infraestrutura necessária para a inteligência artificial deve ser um dos drivers, o que deve inclusive gerar um movimento de crescimento de longo prazo diante da enorme demanda relatada pela indústria.
Leia também: Europa espera que Trump barre plano de Biden para controlar exportações de IA
“Apesar de um cenário macroeconômico global desigual, a maioria das classificações de emissores [de títulos] de tecnologia dos EUA permaneceram estáveis, tendência que esperamos que continue em 2025. Aproximadamente 85% dos emissores de grau de investimento têm perspectivas estáveis, enquanto créditos de grau especulativo enfrentam riscos de queda maiores”, diz em comunicado Andrew Chang, diretor de technology da S&P Global Ratings.
Segundo o executivo, empresas de semicondutores afetadas pela IA estão bem classificadas graças à forte demanda.
Há riscos, no entanto: a inflação e as taxas de juros nos EUA devem levar mais tempo para cair, diz a S&P, “dada a cautela dos bancos centrais”. A agência também acha que os investimentos em IA, embora robustos atualmente, têm o potencial de tornar a indústria de tecnologia mais volátil no longo prazo caso o crescimento da receita esperado com a IA não atenda às expectativas – o que faria os grandes data centers pararem de investir.
A S&P também espera rever graus de investimento concedidos a empresas com “perspectivas não estáveis” nos próximos 12 a 24 meses, e cita especificamente a Uber e a ON Semiconductor.
América Latina: momento positivo, condições adversas
O relatório da S&P diz pouco sobre a América Latina. Ressalta que o momento é positivo para a expansão dos negócios, mas que fatores macroeconômicos e falta de investimento na região podem prejudicar o crescimento em 2025.
E cita especificamente o Mercado Livre como “líder de mercado na região” que vai continuar a “alcançar forte crescimento”. Esse crescimento, diz a S&P, está alinhado ao movimento crescente de digitalização do comércio e dos serviços financeiros na região, “que ainda fica atrás de outros mercados desenvolvidos”.
No Brasil, a agência cita “incertezas econômicas” afetando os setores de varejo e serviços, e taxas de juros elevadas como desafios para empresas obterem crédito. Apesar disso, a S&P manteve perspectiva estável para as empresas brasileiras de tecnologia Agasus (brA-) e Positivo Tecnologia (brA).
“Acreditamos que essas empresas continuarão a ver métricas de desempenho aprimoradas nos próximos anos, mesmo em um ambiente de taxa de câmbio altamente competitivo e volátil”, diz o relatório.
Siga o IT Forum no LinkedIn e fique por dentro de todas as notícias!