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Preconceito estreita oportunidades para negros e mulheres na área de TI

Apesar dos avanços obtidos pelas mulheres e por grupos minoritários em relação ao mercado de trabalho e ao combate ao preconceito na sociedade em geral, ainda hoje o machismo e o racismo continuam a ser obstáculos para profissionais do sexo feminino e da raça negra, principalmente para ocupar altos cargos nas empresas. E a área de tecnologia está entre as que menos “acolhem” esses profissionais.

Quando falamos sobre executivos de TI, de acordo com dados recentes de um levantamento da IT Mídia em parceria com a PageGroup, apenas 12,92% das posições de alto escalão são ocupadas por negros e pardos. O público feminino representa uma porcentagem bem similar – somente 12,06% desse contingente.

Por conta do machismo, que infelizmente ainda se mostra presente no mundo corporativo e na sociedade, muitas mulheres acabam sendo excluídas de processos seletivos, demitidas sem motivo claro ou simplesmente por conta da maternidade, que ainda é vista como algo “prejudicial” por algumas empresas. No entanto, essa é uma postura ultrapassada, que atrapalha não somente o profissional, como também tem impacto negativo sobre a própria corporação.

Na área de tecnologia da informação, independentemente do cargo, esse problema pode ser ainda pior, já que estamos falando de uma profissão em que, naturalmente, existem mais profissionais homens, o que pode pesar na hora de se abrir espaço para uma profissional mulher. E isso também afasta as mulheres desse mercado, pois muitas acabam optando por outro caminho por preverem as dificuldades que terão para se encaixar em um ambiente de trabalho masculino.

No caso dos executivos de TI  negros e pardos, além de representarem uma parte muito pequena dentro dessas posições, eles também recebem menos que pessoas brancas, e não é pouco.  Segundo pesquisa recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), essa diferença pode chegar à alarmante porcentagem de 45%. É claro que isso faz parte de um contexto histórico do Brasil, que convive diariamente com o racismo, não somente dentro das organizações.

Iniciativas em prol da democratização

A “boa notícia” é que muitas empresas vêm se esforçando para mudar cada vez mais esse cenário. Na recente pesquisa Executivos de TI 2022, 97% dos entrevistados – número quase unânime- afirmam que têm noção do tema, participam de algumas ações e até mesmo lideram a responsabilidade sobre o assunto, o que é positivo e um indício de avanço. É preciso que se entenda, de uma vez por todas, que produtividade, pró-atividade, competência, e todas as outras características valorizadas pelo mercado de trabalho independem de idade, sexo, cor e classe social. É o perfil do indivíduo que define o que ele é e qual sua capacidade de desempenhar uma boa performance no ambiente profissional.

Deixar o preconceito de lado e promover a inclusão dos grupos que ainda são negligenciados no mercado de trabalho, além de ser a “coisa certa” a se fazer, é algo que  conta a favor da reputação das empresas. As organizações diversas hoje  ganham mais proeminência, já que o mundo está cada vez mais consciente em relação à importância de combater preconceitos, e esses não são mais tolerados.

Sendo assim, o melhor a se fazer é juntar o “útil ao agradável”, comprometendo-se em trabalhar em prol de um ambiente mais diverso e democrático. No entanto, é fundamental que a empresa esteja de fato engajada com a causa e promovendo ações concretas para incluir mulheres, negros, pardos, e outros grupos que acabam sofrendo preconceito. Tentar promover a chamada “diversity washing” – ou lavagem da diversidade, situação em que uma marca se apropria de pautas de diversidade e inclusão apenas para gerar lucro -, nos dias de hoje, é um verdadeiro “tiro no pé”.

*Gisele Miranda, mentora de Carreira & Liderança, autora e palestrante

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