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Futuro do trabalho: como prosperar por meio da última revolução da TI

Em cinco anos, seu local de trabalho estará completamente
irreconhecível se comparado com a forma como ele é hoje em dia. Essa é uma
previsão fácil de ser feita, levando em conta como as rápidas mudanças na
tecnologia e na dinâmica dos mercados estão remodelando as
organizações. Mas como serão realmente essas diferenças? E quais das
tecnologias emergentes atuais terão maior impacto no futuro?

“A tecnologia vai mudar a força de trabalho”, afirma o VP sênior e
CIO de manufatura e supply chain da GE, David Burns. “Como profissionais de TI,
nós precisamos descobrir como aplicar essa tecnologia para tornar a vida das
pessoas mais eficiente e gerenciar as alterações populacionais e as mudanças
nos nossos mercados.”

Confira abaixo as
principais mudanças previstas por Burns e outros especialistas.

1 – Suas
habilidades vão importar menos do que a capacidade de aprender habilidades
novas
Segundo pesquisa da Universidade
de Oxford, a chamada “half-life” (meia vida) de uma habilidade profissional
caiu de 30 anos para 5 anos, entre 1984 e 2014 – e esse número continua caindo
desde então. No futuro, os profissionais mais valiosos em TI (e em qualquer
outra área) não serão aqueles que passaram anos adquirindo habilidades
complexas, como análise de dados ou desenvolvimento de software, mas sim os
profissionais que estão dispostos e ansiosos para se reciclar nas suas
carreiras, de modo que sempre terão as habilidades mais necessárias para as
suas companhias.

A estrategista e
diretora de inovação da IBM, Kim Smith, compara esses profissionais às
primeiras funcionárias da Nasa retratadas no filme “Estrelas Além do
Tempo”. Naquela época, “computador” (“computer”) era o nome de um cargo e não
de um equipamento usado no escritório – e esse, aliás, era o trabalho exercido
pelas personagens principais do filme. Então a Nasa adquiriu um mainframe capaz
de substituir um prédio cheio desses computadores humanos e “elas aprenderam, sozinhas, a usar o sistema Fortran”, destaca Smith.

Para ser bem-sucedida
no futuro, a sua empresa deverá apoiar, encorajar e habilitar uma reciclagem
vitalícia. Na IBM, isso significa dar às pessoas acesso a treinamentos e
permitir que elas passem por diferentes cargos e departamentos, explica a
executiva. “Elas podem passar um tempo em um cargo e depois ir para algo
completamente diferente.”

“Penso que as
expectativas vão se transformar”, afirma Burns. “Os profissionais de tecnologia
precisam pensar mais para frente. Muitos dos que vi eram recebedores de ordens,
e precisamos sair desse mundo. Precisamos ajudar a alterar o mercado em vez de
permitir que as nossas organizações sejam alteradas dessa forma.” Para isso
acontecer, afirma ele, “você verá os especialistas funcionais ficando mais
técnicos e os experts em TI ficando mais funcionais.”

Isso também
significará tomar algumas decisões difíceis quando você se deparar com
funcionários que não conseguem ou não querem aprender novas habilidades ou se
adaptar às mudanças necessárias. “Você pode ter alguém de primeiro nível e
tecnicamente capaz”, explica Smith. “Mas se essa pessoa é arraigada e
inflexível e sua Inteligência Emocional (EQ) não lida bem com mudanças e
fracassos, então ela pode ser tóxica para a empresa de forma geral.”

2 – Inteligência
Artificial e automação vão mudar a maioria dos empregos
Segundo uma pesquisa da PwC, 38% dos
empregos nos EUA poderão ser realizados por meio da automação nos próximos 15
anos. Executivos de TI afirmam que o processo de automação poderia afetar
milhões de trabalhos atualmente.

“Cerca de 45% das
atividades realizadas atualmente poderiam ser automatizadas usando tecnologias
que já possuímos”, alerta Smith. “Isso poderia afetar pelo menos 100 milhões de
trabalhadores do conhecimento até 2025. Então pensando nessas empresas que são
realmente dependentes de processos repetitivos, onde elas vão capturar ganhos
de eficiência para continuarem competitivas? E como irão reciclar os seus
funcionários para que eles aprendam outras habilidades e capacidades?”

Além da automação, a
Inteligência Artificial e o Machine Learning também vão reconstruir os locais
de trabalho como os conhecemos. E isso pode acontecer antes do que imaginamos. “A IA já está no horizonte de todos há algum tempo. Mas em nossa visão de
mundo, 2018 será o primeiro ano em que isso passará a ser uma realidade”,
aponta o arquiteto chefe de tecnologia da SPR, Pat Ryan.
“Estamos vendo empresas clientes que realmente querem fazer algo a esse respeito.”

“Os radiologistas não
estão mais lendo todas as imagens que costumavam”, destaca o codiretor de
prática de transações de tecnologia do escritório de advocacia Arent Fox,
William Tanenbaum. “A IA pode ler um raio-X melhor do que um médico, ou pelo
menos pode ficar lendo por 77 horas sem descanso, e permitir assim que o médico
faça coisas melhores de forma mais rápida.”

Ele e outros
especialistas insistem que a chegada da IA ao espaço de trabalho vai alterar os
empregos – tornando-os mais agradáveis – em vez de eliminá-los. Ryan, por
exemplo, sugere que o termo “Inteligência Artificial” deveria ser substituído
por “Inteligência Aumentada”, já que é isso que a IA vai fazer, segundo ele –
aumentar as capacidades dos trabalhadores do conhecimento.

“Como se parece um
funcionário de TI exponencial?”, questiona o diretor de RH da Deloitte
Consulting, Jeff Schwartz. “Qual parte do trabalho dele é resolver problemas?
Quanto disso é rotina? Qual comunicação é exigida no trabalho? Qual supervisão
é exigida?”.  Se esse funcionário supervisiona várias pessoas, considere o que
essa supervisão pode implicar, afirma. “É um trabalho de arranjar e programar várias pessoas, o que poderia ser feito por um algoritmo, ou algo que envolve
as pessoas conversando, interagindo e vendo umas às outras?”

Com a automação,
a função de agendamento poderia ser realizada por um chatbot, por exemplo. O
nosso funcionário de TI hipotético ainda poderia ter uma reunião diária com a sua
equipe, mas agora eles podem passar esse tempo resolvendo problemas do trabalho
ou discutindo prioridades.

“Olho para isso e digo
que há uma oportunidade para aumentar a produtividade”, alega Burns. “No geral,
não acho que as pessoas gostem de realizar tarefas cotidianas. Elas realmente
querem focar em adicionar valor e essas máquinas as ajudarão a adicionar mais
valor.”

Uma maneira pela qual
a IA pode trazer muito valor, aponta, é ajudando os profissionais a decidirem
onde focar as suas atenções. “A quantidade de informações disponíveis no local
de trabalho está crescendo mais rapidamente do que as pessoas podem
administrá-las e elas se sentem sobrecarregadas. Algumas tecnologias da IA e ML
vão ajudar a diminuir essa confusão.”

3 – Sua força de
trabalho será muito diferente da atual
Uma força óbvia impulsionando a adoção da automação e da
Inteligência Artificial é o mercado apertado de trabalho especializado,
especialmente quando o assunto são habilidades muito demandadas em TI como Data Analytics. Mas Schwartz acredita que as empresas que atualmente enfrentam
dificuldades para contratar talentos estão tendo esses problemas por causa de
ideias arraigadas sobre o que é trabalho.

“Talvez exista uma crise de talentos,  talvez não”, diz.
“Talvez a crise de talentos seja resultado de uma busca por expertise nos
nossos quintais e em nossos próprios escritórios. As empresas estão buscando
contratar pessoas para trabalhar nos seus prédios da mesma maneira como
trabalhavam antes.” Em vez disso, afirma, o empregador precisa ampliar a visão sobre o
que é a sua força de trabalho. 

A Deloitte prevê que a força de trabalho do
futuro será composta por funcionários trabalhando lado a lado com os seus
contratantes, e com a IA e a automação. Cada vez mais, os empregadores irão
realizar crowdsourcing de trabalho como parte da mistura, afirma Schwartz.

E como isso funcionará? 

“Existem projetos de P&D
significativos em que competições estão sendo usadas”, explica. Um dos casos
mais famosos foi o chamado Netflix Prize, em 2009. Na época, o Netflix ofereceu
um prêmio de 1 milhão de dólares para qualquer um que conseguisse realizar uma
melhoria de 10% ou mais no seu software de recomendação de filmes e séries para
os assinantes, com base nas avaliações dos conteúdos a que eles tinham
assistido. A equipe vencedora, chamada de Bellkor’s Pragmatic Chaos, conseguiu
uma melhoria de 10,6%.

Desde então, outras empresas usaram competições parecidas para
resolver problemas técnicos difíceis. Em 2013, por exemplo, a GE usou uma
abordagem similar para encontrar uma maneira mais leve de fixar as asas nos
aviões. “Por uma quantidade razoável de dinheiro, você consegue reunir muita
gente ao redor do mundo para resolver o seu problema”, afirma Schwartz. “A
nossa percpeção é que você pode usar o crowdsourcing para quase qualquer tipo
de trabalho. Você pode ‘pixelar’ o trabalho em pedaços muito pequenos e fazer
com que essa multidão trabalhe em pedaços diferentes.”

Uma vantagem: o processo de crowdsourcing te dá acesso a um grupo
muito maior de profissionais especializados do que a sua companhia jamais
conseguiria contratar. “A maioria dos melhores programadores do mundo não
trabalham para você. E há um número significativo deles que não quer trabalhar
para ninguém. Por isso, penso que essa é uma perspectiva realmente interessante.”

4 – A computação
quântica vai redefinir a produtividade
Questionados sobre quais tecnologias emergentes farão a maior
diferença no espaço de trabalho do futuro, muitos especialistas apontaram o
dedo para a computação quântica. Os computadores tradicionais, baseados em
chips de silício, trabalham com código binário, em que cada valor é 0 ou 1. Já
a computação quântica permite um terceiro estado ao combinar esses dois
numerais, o que significa que os computadores quânticos são muito mais
poderosos do que os computadores que nós temos atualmente.

No ano passado, pesquisadores da Universidade de Michigan, nos
EUA, enviaram elétrons por meio de um semicondutor usando pulsos laser
ultrarrápidos. Foi um primeiro passo em direção à criação de computadores milhares
de vezes mais rápidos do que os modelos atuais. “Estamos provavelmente a pelo
menos dois ou três anos de uma adoção significativa, apenas porque usar pulsos
de luz curtos é realmente difícil, e o custo não é insiginificante”, aponta o
diretor de inovação e digital da Deloitte, Ragu Gurumurthy.

Quando a computação quântica realmente chegar ao seu local de
trabalho, espere que ela cause um grande impacto. “No nível mais básico,
toda a rede e a Internet podem ser muito mais seguras com computadores
quânticos. A cibersegurança é melhorada de forma exponencial.”

Em segundo lugar, afirma, “há muitos problemas hoje que não
temos poder computacional suficiente para resolver de forma rápida o bastante
em termos de modelagem.”

Mais importante, a computação quântica pode diminuir drasticamente
as exigências de energia para a computação corporativa. “Quando você
pensa sobre o custo operacional de um data center, por exemplo, a energia é um
grande componente desse custo. Como você arquiteta um data center para diminuir
esse custo?”.

É uma preocupação que vai além do custo, na verdade. No ano
passado, a Semiconductor Industry Association publicou em relatório prevendo
que, caso a computação tradicional continuasse em seu ritmo atual de crescimento, em
2040 não conseguiríamos mais gerar energia suficiente para os computadores do
mundo. Como ela não é limitada pela física que exige uma quantidade mínima de
energia para rodar um computador tradicional, a computação quântica é uma
potencial solução para esse problema.

5 – Você nunca pode
parar de estudar
Como um líder em TI, você precisa continuar aprendendo
constantemente sobre as tecnologias que mais poderão beneficiar a sua empresa –
ou os seus rivais – no futuro, apontam os especialistas. 

Por exemplo, pegue a
Realidade Aumentada e a Realidade Virtual, que já são usadas para treinamentos
e diagnósticos – tecnologias que você poderá ter de acompanhar de perto nos
próximos anos.

 “Fiquei surpreso com o quanto a Realidade Aumentada e a
Realidade Virtual evoluíram nos últimos 12 meses”, afirma Gurumurthy. “Uma vez
cheguei a dizer que elas só seriam úteis para gamers, mas essas tecnologias
terão impacto no espaço de trabalho nos próximos cinco anos.”

“É importante passar um tempo olhando para os limites externos de
algumas coisas novas que estão surgindo”, destaca Burns. “Você precisa da
capacidade de olhar para além do trabalho cotidiano que precisa ser feito. É
muito melhor passar 5% do seu tempo olhando para o futuro do que passar 100% do
seu tempo lidando com o que está na sua caixa de entrada.”

Em um mundo incerto, é
importante manter o máximo de opções possíveis. “Algumas dessas tecnologias
emergentes parecem estar muito distantes”, diz. “Mas elas estarão aqui antes
que você perceba.”

 

(*) Minda Zetlin é escritora de tecnologia de negócios, colunista da Inc.com  e colaboradora freqüente da CIO e Computerworld

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