Menino de 13 anos quer mudar a vida de 35 milhões de pessoas cegas

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6:55 pm - 04 de fevereiro de 2015
Menino de 13 anos quer mudar a vida de 35 milhões de pessoas cegas

Aos 13 anos de idade, Shubam Banerjee é CEO mais novo dos Estados Unidos, mas não é apenas isso que o faz diferente da maioria de seus amigos. O jovem indiano, fundador da Braigo, empresa que surgiu a partir da ideia de construir uma impressora em braile com peças de Lego há um ano e meio, não se acha mais inteligente do que seus colegas.                                                     

A diferença, segundo ele, é que seus amigos não têm tempo, mas se quisessem poderiam fazer projetos semelhantes, respondeu durante uma coletiva com jornalistas realizada na Campus Party, em São Paulo. E foi justamente essa dedicação que tornou realidade a ideia do menino indiano, que atualmente mora em Santa Clara (EUA), que ficou sensibilizado ao saber que uma impressora em braile custa em média US$ 2 mil nos Estados Unidos (no Brasil, o preço chega a US$ 3 mil) o que tornava o recurso inacessível às crianças cegas.

Cerca de 35 milhões de pessoas cegas no mundo são cegas, sendo que a maioria delas é de países não desenvolvidos. E foi pensando nessas pessoas que o Shubam pediu um kit de Lego de presente para seu pai, o verdadeiro investidor-anjo de um projeto inovador que pode mudar a vida de muitos.  

E o que antes eram peças de brinquedo montadas pelo garoto desde os dois anos, tornou-se o primeiro protótipo da impressora e permitiu a construção de um equipamento fosse barato, leve, portátil e simples de ser utilizado. Para tanto, Shuban foi atrás de conhecer os aspectos técnicos da linguagem em braile e contou com a ajuda de um amigo cego, que tem 22 anos e hoje cursa MBA.

Se muitos empreendedores treinam à exaustão seus “pitches” antes de se apresentarem em encontros com investidores, a ideia de Shubam foi disseminada boca em boca à medida que o garoto mostrava o protótipo. E além do patrocínio e incentivo dos pais, o garoto contou com um apoio ainda maior: de pais de crianças cegas. Daí para frente, ele explica que começou a participar de diversos encontros, inclusive na Casa Branca.

Outro capítulo inédito dessa história não está apenas na idade de seu protagonista, mas também no fato de ela representar a primeira vez em que a Intel Capital investiu em uma empresa que ainda não existia. A Braigo hoje está em sua segunda versão e custa em torno de US$ 500, considerando que seu mercado potencial é de 25 milhões. Seu custo baixo é possibilitado pela tecnologia Edison, da Intel, baseada em padrões abertos.

Por enquanto, a empresa ainda não está no nome de Shubam Banerjee, e sim no de sua mãe. Ele também conta com um time de dez pessoas, entre designers e técnicos.

Até o momento, as impressoras estão sendo desenvolvidas em escala pré-industrial e até julho 20 unidades serão distribuídas para teste. Uma delas será enviada ao Brasil e adaptada às especificidades do idioma português para utilização pela Fundação Dorina Nowill, instituição filantrópica voltada para deficientes visuais localizada em São Paulo.

Apesar da pouca idade, o garoto mostra que o estrelato precoce no mundo do empreendedorismo não parece desviar seu foco ou provocar algum tipo de deslumbramento. “Não importa saber que o projeto vai receber mais investimentos, e sim se as impressoras vão para o mercado e serão acessíveis às pessoas”, declarou. A vontade de Shubam de transformar o dia a dia de 35 milhões de pessoas e ajudá-las a imprimir uma vida melhor e mais acessível é maior. 

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