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Mais da metade dos CIOs ainda não vê real atuação estratégica da TI

A importância da TI no mundo corporativo hoje é algo incontestável já que, na sociedade digital e na economia da informação, a tecnologia tornou-se um ativo importante. Mesmo assim, a percepção dos CIOs ainda não retrata esse cenário: apenas 40% entendem que seus departamentos são vistos como estratégicos para o negócio.
Os dados são do estudo “Antes da TI, a Estratégia 2014”, o extrato de 501-1000 maiores empresas, conduzido pelo consultor Sérgio Lozinsky em parceria com a IT Mídia. Apresentado pelo consultor na quinta-feira (29) durante o IT Forum + 2014, alguns resultados chamam atenção para como esse diagnóstico reflete em outros aspectos do dia a dia corporativo, seja na possibilidade da área liderar e promover a inovação e até mesmo na percepção que o próprio CIO tem de si diante do negócio.
A inovação é “departamental” em metade dos casos, aponta o estudo, o que vai contra o conceito essencial da inovação em seu caráter multidisciplinar – menos de 20% das respostas indicam esse tratamento. Além disso, apenas 25% das CIOs respondentes acreditam que conhecem suficientemente bem o negócio de sua empresa, enquanto 73% reconhecem que precisam melhorar em algum aspecto profissional.
“A TI não vai ser reconhecida como estratégica pela natureza, e sim pelo que ela faz”, Lozinsky chamou atenção durante o painel que também teve participação dos CIOs Igor Ivanov, da W Torre; e Bruno Hostalácio, da Tracbel. No caso das duas empresas, a área deixou de ser simplesmente operacional e adotou uma posição estratégica atrelando a TI à área de processos. O caminho escolhido por ambos foi deixar o operacional por conta das parcerias e fornecedores e direcionar a TI para o core business.
Bons exemplos
Na Tracbel, fabricante de equipamentos agrícolas e industriais, esse movimento foi liderado por Hostalácio em 2011, quando mergulhou na disciplina de gestão de processos para montar sua estratégia e vender a ideia para o CEO. “O trabalho de convencimento foi árduo, mas conseguimos sensibilizar a diretoria. Esse apoio foi fundamental para melhorar nossos processos e posicionar a equipe de TI dentro dos negócios. E depois tivemos que vender a mesma ideia para os outros gestores”, conta o executivo.
Assim, a TI da companhia tem hoje um time dedicado para gerenciar os contratos e os níveis de indicadores de entrega. Além disso, a estruturação de um time de analistas de processos foi essencial para a transformação da área. São analistas contábeis, especialistas em vendas, pós-vendas, finanças, entre outros, que entendem da particularidade de cada negócio e têm como missão trazer essas demandas para TI. “Essa postura mudou como enxergavam a TI na empresa e isso começou a direcionar demandas de outras áreas”, acrescenta Bruno Hostalácio.
Já a construtora W Torre também passou por processo semelhante, segundo Igor Ivanov, que relatou ter encontrado mais facilidade em conseguir esse patrocínio interno. Dessa maneira, os processos foram estruturados em duas frentes: uma mais geral (que cuida de compra, fiscais, financeiros) e uma mais centrada na obra, onde é feita revisão dos mesmos diretamente em cada obra.
“Centralizamos alguns trabalhos para conseguirmos agregar na ponta. Temos hoje um time de coordenação administrativa através do qual conseguimos alcançar uma certa liberdade para atuar”, complementa Ivanov. Segundo ele, o segredo é saber dosar o lado estratégico com o operacional: “e a palavra processo pode agregar neste último”.
Consultoria
Na avaliação do consultor Sergio Lozinsky, a estratégia de ligar processos à TI precisa ser patrocinada internamente e bem planejada – e aqui vale a importância da habilidade de comunicação do CIO, pois apenas a ideia não basta. A pesquisa, por sua vez, mostra que os CIOs reconhecem a necessidade de melhorar habilidades de comunicação, negociação e planejamento, mas que pouco é feito nesse sentido: 69% dos líderes de TI têm menos de 80 horas por ano para investir em sua formação.
“O executivo tem que ter certas habilidades que não são de ti, e que são de áreas que têm um bom gestor. O aprimoramento pessoal dessas capacidades é importante para esse reconhecimento”, comentou.
Transmitir e comunicar o sucesso (e também os desafios) de projetos e estratégias aplicadas dentro do departamento de TI, bem como saber negociar com outras áreas que serão impactadas e com a diretoria, são atributos fundamentais para que a área ganhe reconhecimento e apoio para conduzir projetos inovadores – estratégia que deu resultado para os CIOs da Tracbel e da W Torre, que passaram a assumir projetos importantes depois do movimento realizado.
Inovação e fornecedores
Dentre os diversos dados apontados pelo “Antes da TI, a Estratégia”, um número desperta uma certa preocupação: apenas 5% (10% nas 500 maiores) dos CIO’s pretendem ser “pioneiros” na aplicação de novas tecnologias.
“Isso tem a ver com cada empresa e com o risco que ela interpreta em ser pioneira. Elas querem adotar novas tendências, mas têm medo de ser pioneiras, pois a maioria dessas muitas das tecnologias vêm de fora e os fornecedores nem sempre estão preparados para esse primeiro projeto e, muitas vezes, começam a vender sem ter o conhecimento necessário”, avaliou Sergio Lozinsky.
Durante o painel, Bruno Hostalácio contou sobre o projeto de nuvem iniciado na Tracbel em 2009, no qual considerou um desafio encontrar um fornecedor que transmitisse segurança para dar esse passo importante. Falta de compreensão do outro lado, que adota um discurso muito “vendedor” e pouco atrelado aos verdadeiros impactos das soluções, testemunhou Hostalácio, ganhando apoio de Igor Ivanov.
E os números da pesquisa deixam claro que essa é situação vivida pela maioria dos CIOs: somente 36% (22% nas 500 maiores) dos CIOs percebem os fornecedores de TI como parceiros na demonstração do valor estratégico das soluções. Além disso, o “Antes da TI”, mostra que 40% (50% em 2011) dos diretores de TI afirmam que os fornecedores de TI não conseguem evoluir seu discurso – que fica muito centralizado no produto que vendem, sem considerar as verdadeiras necessidades de cada negócio.
Mesmo com a economia flutuante, o consultor Lozinsky considerou que o mrcado de TI ainda continua crescendo e a postura dessas empresas começará a ser questionada. A solução talvez isso passe pelo mesmo caminho que o CIO tem percorrido ao montar equipes multidisciplinares. “É uma grande oportunidade para quem consegue fazer o dever de casa. Eu investiria na formação de pessoas, para entender melhor de cada indústria e setor para conseguir mostrar o ROI melhor”, avaliou.

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