Kavak: crises são oportunidade para reforçar cultura empresarial

Roger Laughlin, CEO da Kavak, fala sobre oportunidades no mercado de venda e compra de seminovos

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2:31 pm - 08 de maio de 2023
Roger Laughlin, CEO da Kavak

Presente em dez países: México, Peru, Colômbia, Chile, Argentina, Brasil, Turquia, Omã, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita, a Kavak nasceu com o intuito de facilitar a venda e a compra de carros seminovos.

Diferente de concorrentes indiretos, a plataforma não funciona apenas como uma ferramenta que facilita o contato de vendedores e compradores, mas faz ela própria a compra e disponibiliza os carros para pessoas físicas. Para isso, a tecnologia é a responsável pelas melhores escolhas de mercado.

“Tudo o que a gente faz tem IA por trás, tem algoritmos para entender onde a demanda do mercado, qual o perfil do carro, qual o modelo, a cor, o preço. Para trazermos os carros que mais fazem match. Lembrando que todos os carros que a gente vende, nós compramos de clientes físicos”, explica Roger Laughlin, CEO da Kavak, em entrevista ao IT Forum.

Confira os melhores momentos do bate-papo:

IT Forum: Como vocês enxergam o momento atual de incertezas?

Roger Laughlin: Naturalmente, a incerteza faz parte das nossas vidas, ainda mais no ecossistema de startups e às vezes somos relembrados disso. A incerteza é a única constante, a gente precisa se adaptar sempre. De certa forma, reforça o “músculo” e reforça a cultura porque faz com que mais pessoas que não passaram por essa adversidade, passem por isso e criem essa cicatriz e essa resiliência que são necessárias para um negócio, ainda mais na América latina.

A nossa natureza é otimista sempre para tentar olhar para o lado positivo e essa é uma oportunidade para dar um passo atrás, olhar para o mercado, consumidor, priorizar o que é necessário e garantir que vamos fazer o que realmente é importante e entregará valor.

IT Forum: Por outro lado, a pandemia foi uma época considerada positiva para os negócios da Kavak?

Roger Laughlin: Tem sentimentos contrários, é difícil olhar como um momento bom, mas foi um momento de adversidade. Foi uma montanha russa, no início tinha muita incerteza, não sabíamos o que estava acontecendo. 90% da nossa receita sumiu de uma hora para outra e, olhando para o futuro, estávamos bem preocupados. Ao mesmo tempo, tentamos entender o que estava acontecendo. Fizemos, por exemplo, videoconferência para ver os carros. Em três/quatro meses vimos como o mercado mudou por completo. As pessoas começaram a vender carros.

As necessidades de mobilidade mudaram, deixaram de confiar em transporte público. A produção de carro novo teve uma interrupção, o que fez com que o mercado de usados tivesse uma demanda e surgiram oportunidades. Foi o momento de muito crescimento e, sem dúvidas, preparou a gente como empresa para enfrentar outros momentos de adversidade.

IT Forum: Como a tecnologia os ajuda a se sobressair no mercado de carros usados?

Roger Laughlin: O mercado é grande o suficiente e tem diferentes formas de solucionar o problema do mercado. Para transformar a experiência do cliente não só comprando ou vendendo, mas sendo dono do carro, precisamos construir essa solução end-to-end.

O principal diferencial da Kavak é ter uma solução vertical. Oferecemos tudo o que o cliente precisa – serviço de manutenção, garantia. São várias empresas dentro de uma: IA para fazer precificação, logística, processamento de carro. É mais do que conectar comprador e vendedor. Sendo dono do ativo, temos uma solução de financiamento para quem não tem acesso ao crédito. Conseguimos oferecer uma solução holística.

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São soluções que geralmente são feitas dentro de casa, mas ao mesmo tempo, no Brasil, por exemplo, a gente oferece crédito também através de parceiros terceiros, como bancos. Se tem soluções externas que conseguem oferecer o que buscamos, trabalhamos com terceiros.

IT Forum: Qual a importância da IA para vocês?

Roger Laughlin: Tudo o que a gente faz tem IA por trás, tem algoritmos para entender onde a demanda do mercado, qual o perfil do carro, qual o modelo, a cor, o preço. Para trazermos os carros que mais fazem match. Lembrando que todos os carros que a gente vende, nós compramos de clientes físicos.

IT Forum: Vocês têm interesse em entrar no mercado B2B?

Roger Laughlin: Naturalmente, o mercado de carros é muito abrangente, tem muita coisa para fazermos. O mercado B2B para comprar e vender é interessante e a gente vê muitos players muito bons, concessionárias, Webmotors, iCarros, os próprios bancos, asseguradoras. Tem muita coisa para gente ainda fazer com o ecossistema.

IT Forum: Vocês estão em dez países… qual a importância do Brasil nesse ecossistema?

Roger Laughlin: Quando chegamos no Brasil, falamos muito que é o mercado mais importante para a Kavak – é o terceiro maior mercado de carros usados do mundo e o primeiro da região. O tamanho do mercado com o potencial e o problema que podemos solucionar, faz com que o Brasil seja tão importante.

Em todo o mundo, já tivemos mais de 10 milhões de transições, contabilizando US$ 10 bilhões.

IT Forum: Existe a possibilidade de expandirem para novos mercados?

Roger Laughlin: Globalmente não, no Brasil também não. O ano passado foi um ano desafiador, a gente fez um esforço de nos expandir em várias regiões e agora consolidar nesses países e regiões. Para a gente trazer a experiência que queremos e procurar essa consolidação. Hoje estamos em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte.

Como vocês enxergam o gap de profissionais de tecnologia?

Roger Laughlin: Para nós, estar em dez países é uma oportunidade de construir um time de tecnologia global que está bem diversificado e pulverizado para alavancar o melhor de cada região. No Brasil, tem muita experiencia em e-commerce, na Argentina em fintechs, no México para automotriz. Temos time de tecnologia nos dez países, com maior concentração nesses países.

O grande desafio é saber quando criar uma solução global ou tropicalizada. Todos os dias estamos aprendendo, mas estarmos em dez países é uma vantagem competitiva porque lidamos com problemas com perguntas que talvez outras empresas não fazem. Cada dia que passa, cada fricção, questão que a gente consiga solucionar é mais uma vantagem competitiva.

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