Kavak: crises são oportunidade para reforçar cultura empresarial
Roger Laughlin, CEO da Kavak, fala sobre oportunidades no mercado de venda e compra de seminovos
Presente em dez países: México, Peru, Colômbia, Chile, Argentina, Brasil, Turquia, Omã, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita, a Kavak nasceu com o intuito de facilitar a venda e a compra de carros seminovos.
Diferente de concorrentes indiretos, a plataforma não funciona apenas como uma ferramenta que facilita o contato de vendedores e compradores, mas faz ela própria a compra e disponibiliza os carros para pessoas físicas. Para isso, a tecnologia é a responsável pelas melhores escolhas de mercado.
“Tudo o que a gente faz tem IA por trás, tem algoritmos para entender onde a demanda do mercado, qual o perfil do carro, qual o modelo, a cor, o preço. Para trazermos os carros que mais fazem match. Lembrando que todos os carros que a gente vende, nós compramos de clientes físicos”, explica Roger Laughlin, CEO da Kavak, em entrevista ao IT Forum.
Confira os melhores momentos do bate-papo:
IT Forum: Como vocês enxergam o momento atual de incertezas?
Roger Laughlin: Naturalmente, a incerteza faz parte das nossas vidas, ainda mais no ecossistema de startups e às vezes somos relembrados disso. A incerteza é a única constante, a gente precisa se adaptar sempre. De certa forma, reforça o “músculo” e reforça a cultura porque faz com que mais pessoas que não passaram por essa adversidade, passem por isso e criem essa cicatriz e essa resiliência que são necessárias para um negócio, ainda mais na América latina.
A nossa natureza é otimista sempre para tentar olhar para o lado positivo e essa é uma oportunidade para dar um passo atrás, olhar para o mercado, consumidor, priorizar o que é necessário e garantir que vamos fazer o que realmente é importante e entregará valor.
IT Forum: Por outro lado, a pandemia foi uma época considerada positiva para os negócios da Kavak?
Roger Laughlin: Tem sentimentos contrários, é difícil olhar como um momento bom, mas foi um momento de adversidade. Foi uma montanha russa, no início tinha muita incerteza, não sabíamos o que estava acontecendo. 90% da nossa receita sumiu de uma hora para outra e, olhando para o futuro, estávamos bem preocupados. Ao mesmo tempo, tentamos entender o que estava acontecendo. Fizemos, por exemplo, videoconferência para ver os carros. Em três/quatro meses vimos como o mercado mudou por completo. As pessoas começaram a vender carros.
As necessidades de mobilidade mudaram, deixaram de confiar em transporte público. A produção de carro novo teve uma interrupção, o que fez com que o mercado de usados tivesse uma demanda e surgiram oportunidades. Foi o momento de muito crescimento e, sem dúvidas, preparou a gente como empresa para enfrentar outros momentos de adversidade.
IT Forum: Como a tecnologia os ajuda a se sobressair no mercado de carros usados?
Roger Laughlin: O mercado é grande o suficiente e tem diferentes formas de solucionar o problema do mercado. Para transformar a experiência do cliente não só comprando ou vendendo, mas sendo dono do carro, precisamos construir essa solução end-to-end.
O principal diferencial da Kavak é ter uma solução vertical. Oferecemos tudo o que o cliente precisa – serviço de manutenção, garantia. São várias empresas dentro de uma: IA para fazer precificação, logística, processamento de carro. É mais do que conectar comprador e vendedor. Sendo dono do ativo, temos uma solução de financiamento para quem não tem acesso ao crédito. Conseguimos oferecer uma solução holística.
São soluções que geralmente são feitas dentro de casa, mas ao mesmo tempo, no Brasil, por exemplo, a gente oferece crédito também através de parceiros terceiros, como bancos. Se tem soluções externas que conseguem oferecer o que buscamos, trabalhamos com terceiros.
IT Forum: Qual a importância da IA para vocês?
Roger Laughlin: Tudo o que a gente faz tem IA por trás, tem algoritmos para entender onde a demanda do mercado, qual o perfil do carro, qual o modelo, a cor, o preço. Para trazermos os carros que mais fazem match. Lembrando que todos os carros que a gente vende, nós compramos de clientes físicos.
IT Forum: Vocês têm interesse em entrar no mercado B2B?
Roger Laughlin: Naturalmente, o mercado de carros é muito abrangente, tem muita coisa para fazermos. O mercado B2B para comprar e vender é interessante e a gente vê muitos players muito bons, concessionárias, Webmotors, iCarros, os próprios bancos, asseguradoras. Tem muita coisa para gente ainda fazer com o ecossistema.
IT Forum: Vocês estão em dez países… qual a importância do Brasil nesse ecossistema?
Roger Laughlin: Quando chegamos no Brasil, falamos muito que é o mercado mais importante para a Kavak – é o terceiro maior mercado de carros usados do mundo e o primeiro da região. O tamanho do mercado com o potencial e o problema que podemos solucionar, faz com que o Brasil seja tão importante.
Em todo o mundo, já tivemos mais de 10 milhões de transições, contabilizando US$ 10 bilhões.
IT Forum: Existe a possibilidade de expandirem para novos mercados?
Roger Laughlin: Globalmente não, no Brasil também não. O ano passado foi um ano desafiador, a gente fez um esforço de nos expandir em várias regiões e agora consolidar nesses países e regiões. Para a gente trazer a experiência que queremos e procurar essa consolidação. Hoje estamos em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte.
Como vocês enxergam o gap de profissionais de tecnologia?
Roger Laughlin: Para nós, estar em dez países é uma oportunidade de construir um time de tecnologia global que está bem diversificado e pulverizado para alavancar o melhor de cada região. No Brasil, tem muita experiencia em e-commerce, na Argentina em fintechs, no México para automotriz. Temos time de tecnologia nos dez países, com maior concentração nesses países.
O grande desafio é saber quando criar uma solução global ou tropicalizada. Todos os dias estamos aprendendo, mas estarmos em dez países é uma vantagem competitiva porque lidamos com problemas com perguntas que talvez outras empresas não fazem. Cada dia que passa, cada fricção, questão que a gente consiga solucionar é mais uma vantagem competitiva.
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