Jaguar TCS Racing investe em novo sistema de gêmeos digitais e vence primeira etapa da Fórmula E

Sistema atualizado de gêmeos digitais combinou coleta e análise de dados com estratégia humana para levar Jaguar ao pódio do Anhembi

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3:00 pm - 10 de dezembro de 2024
Imagem: Simon Galloway/LAT Images/Fórmula E/Divulgação

O Sambódromo do Anhembi reuniu 21 mil fãs de Fórmula E neste sábado (07) para acompanhar a largada da 11ª temporada da competição, que este ano estreou um veículo novo: o GEN3 Evo. A novidade surpreendeu tanto quem estava assistindo quanto os pilotos, que competiram com o carro pela primeira vez.

A cada dois anos, a FIA atualiza os modelos com alguns upgrades obrigatórios para todas as equipes. Este ano, a maior atualização foi feita nos trens de força dianteiros, que antes conseguiam apenas recarregar a bateria por meio da frenagem regenerativa, mas agora também podem fazê-lo ao acelerar, criando um modo de ataque mais potente. Os pilotos tiveram que se adaptar aos novos pneus, que oferecem 10% a mais de aderência em relação à versão anterior. Os carros receberam ainda uma atualização de software que permite aos modelos atingir de 0 a 100 km/h em apenas 1,86 segundo — 30% mais rápido que os carros da Fórmula 1.

A bateria e a aerodinâmica aprimoradas também são requisitos obrigatórios da FIA, mas, por outro lado, as equipes têm liberdade para focar no desenvolvimento de seus softwares para a competição. Foi exatamente isso que a Jaguar TCS Racing fez. A equipe garantiu o primeiro lugar neste final de semana com o piloto Michael Evans, que largou em último e, mesmo assim, conquistou a taça.

Antes da competição, o IT Forum foi convidado pela TCS para conhecer as inovações tecnológicas desenvolvidas para a Fórmula E.

Os gêmeos digitais em outro nível

Desde a última competição, a equipe da Jaguar utiliza o sistema de gêmeos digitais da TCS, que simula digitalmente as condições e situações que podem acontecer durante a competição para treinar e coletar dados. Com isso, a equipe determina as melhores estratégias, melhorias necessárias no equipamento e as possibilidades de ação.

Neste ano, no entanto, a tecnologia recebeu um upgrade: a possibilidade de testar sem os pilotos.

Segundo Françoise Dossa, head de Sustentabilidade TCS Latam e consultor Sênior para Novos Negócios TCS Brasil, o aprimoramento permitiu ganhar tempo e recursos. “Imagina que muitos dos testes de impacto aconteciam sem essa tecnologia, então nós precisávamos construir um carro do zero para depois destruí-lo no teste de segurança. Agora, podemos testar algumas dessas possibilidades direto no simulador”.

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O novo upgrade no software permite uma captação de dados mais precisa e ágil para o piloto usando Inteligência Artificial. A IA identifica quais informações são mais relevantes para a construção de estratégias e define a melhor forma de utilizá-las.

A tecnologia ajuda, mas é preciso incluir o fator humano

Mesmo com o novo uso do sistema de gêmeos digitais, a equipe da Jaguar TCS Racing continua realizando simulações em conjunto com os pilotos. O treinamento é dividido em três etapas, como explica James Barclay, chefe de equipe.

Na primeira etapa, a equipe testa o veículo apenas com o simulador, sem a presença do piloto, expondo o carro a situações extremas, como tempestades e temperaturas acima de 60°C. Dessas simulações, são coletados dados que poderão auxiliar o piloto na etapa seguinte. Com os dados reunidos e as informações entregues, é a vez dos competidores utilizarem o simulador para avaliar seu desempenho.

A maior parte dos treinos é realizada no simulador, já que a Fórmula E utiliza circuitos não permanentes, montados apenas dias antes da competição – como aconteceu neste final de semana no Anhembi. A cada nova simulação, os carros, equipados com sensores e sistemas de coleta de dados, agregam mais informações para preparar o piloto para a terceira etapa: o treino nas pistas.

“Durante a corrida, você tem um piloto, então precisamos incluir o componente humano para ver se faz sentido para ele. Não adianta criar uma tecnologia que não seja funcional para quem vai utilizá-la”, afirma Barclay.

E, por enquanto, a estratégia tem dado resultado, pelo menos de acordo com o piloto da equipe e campeão mundial da 10ª temporada da Fórmula E, Nick Cassidy. Durante a coletiva de imprensa, o competidor contou que utiliza frequentemente os dados gerados pelo sistema para aprimorar as estratégias empregadas durante as corridas. “Este ano temos um novo carro, então precisamos testar ainda mais para definir a melhor estratégia com os novos pneus e a tração dianteira.”

Revolução verde

Não é apenas o desenvolvimento da indústria automobilística tradicional que a Formula E apoia. Aqueles que participam da competição tem o orgulho também de auxiliar em uma revolução verde.

Barclay é um desses entusiastas, não apenas pelo esporte, mas também pela tecnologia que está sendo desenvolvida. “Esta é a competição mais relevante em termos do futuro da próxima geração de carros. Não há outra categoria mais importante do que a Fórmula E. Por exemplo, no Reino Unido, até 2030, 80% dos carros vendidos precisarão ser totalmente elétricos. Isso é uma exigência, não uma opção, e estamos desenvolvendo essa tecnologia aqui”, afirmou.

Segundo Eric Ernst, vice-presidente de Tecnologia da Fórmula E, a FIA fornece a bateria às equipes justamente para estimular o desenvolvimento de tecnologias que cheguem ao consumidor final. “Não queremos que as equipes desenvolvam baterias. Isso exige muito investimento e oferece pouco retorno em termos de eficiência. As maiores inovações estão no software, que também facilita a transferência dessa tecnologia para carros de uso cotidiano”, explicou.

Ernst também revelou que a próxima geração de carros da Fórmula E o Gen 4, já está em fase de planejamento. “Não posso dizer exatamente no que estamos pensando, mas, com certeza, será um carro incrível”, garantiu.

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Isabella Winckler Matrone

Isabella Winckler é repórter do IT Forum.

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