IT ForOn Series apresenta discussões com Gil Giardelli sobre a sociedade do futuro

Com a participação dos CEOs da EY Brasil e Green4T, episódio abordou questões como ética, futuro de trabalho e o papel do líder no pós-quarentena

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6:30 pm - 15 de abril de 2020

Sociedade 5.0 – em breve um futuro além da inovação foi o título do quarto episódio do IT ForOn Series, conversas com especialistas para entender o impacto do novo coronavírus (Covid-19) na sociedade e o papel da tecnologia nesse momento.

Mediada por Vitor Cavalcanti, jornalista e sócio-diretor da IT Mídia, o bate-papo contou com a presença do futurista Gil Giardelli, fundador da 5Era, e a participação de Luiz Sergio Vieira. CEO da EY Brasil, e Eduardo Marini, CEO da Green4T.

O impacto nas relações de trabalho, gerado pela atual política de isolamento, foi abordado no início da conversa. Para Giardelli, um dos aspectos mais relevantes está no fato de que o momento atual separa as empresas que atuam com práticas mais avançadas no mercado e aquelas cujo conceito de inovação ainda não chegou a seus escritórios.

“Estamos vendo a primeira e quarta revolução industrial acontecendo simultaneamente”, explica o futurista, “Enquanto têm empresas que estão bem, que levam consultorias para dentro de casa para se atualizarem, existem outras que ainda trabalham com equipamentos muito antigos”.

Marini, da Green4T, reforça que o uso de tecnologias de automação deva crescer no curto prazo, já que situações como essa levam as empresas em como é possível executar tarefas essenciais com maior rapidez e melhor custo-benefício, mas pontua que esse momento não é vivido por todos: “As pequenas e médias empresas, por exemplo, tem como foco atual manter o negócio. Pensar em melhorias somente em outro momento”.

Volta à normalidade?

Vieira, da EY, também observa essa discrepância e acredita que o momento atual terá um papel muito importante não só na adoção de metodologias de trabalho como home office, mas também no uso de ferramentas como Robotic Automation Process (RPA), inteligência artificial e realidade aumentada.

O executivo também aponta que o momento atual, na qual muitas pessoas que trabalham em empregos presenciais estão sem renda, pode causar um impulso maior para a capacitação de mais pessoas em atividades ligadas ao setor de tecnologia para que, caso uma crise similar ocorra no futuro, uma parcela menor da população viva esse problema.

Podemos atuar de duas formas: preparar as pessoas pra esse novo momento por meio do reskilling e, enquanto eu não treino essas pessoas, aumentar a rede de proteção social. Eu acredito no capitalismo como força criadora de valor, mas precisamos de um capitalismo que seja mais inclusivo. O que está muito claro é que não podemos deixar as pessoas para trás”, afirma.

Marini, da Green4T também ressaltou a importância de capacitar as pessoas para cargos que terão validade no futuro. “O desafio que temos como empresários e gestores é trabalhar essa readequação. Se você não tem pessoas qualificadas, você vai ter dificuldades”.

Vida nova, líder novo

E uma nova força de trabalho gera a necessidade de uma nova liderança. Para o CEO da EY Brasil, os executivos que passarem dessa crise precisarão focar em dois aspectos essenciais: diversidade de inovação.

“O CEO do futuro terá que saber fazer as perguntas certas e, para isso, ele precisará criar times diversos porque só assim ele vai ter contextos diferentes de uma mesma situação e conseguir entendê-la de forma mais completa. Essa pessoa também terá que ser uma apaixonada pela inovação e como aplicá-la de forma concreta para resolver o problema do cliente.”

Vieira também pontua que a crise atual, que pegou o mundo completamente de surpresa, reforça duas outras características que as lideranças precisarão exercitar: humanidade e humildade.

A gente às vezes se apega muito ao que a gente sabe, mas vendo toda essa situação e também as conversas que já tivemos [com base na teoria] do cisne negro, é importante avaliar o que a gente não sabe e entender que isso também importa”, complementa.

Ética e esperança

Retomando a conversa mais para a questão tecnológica, Giardelli aponta algumas questões que a sociedade enfrentará no curto e médio prazo. As preocupações mais imediatas dizem respeito com a ética envolvendo o uso de dados das pessoas pelos governos.

“Agora estamos vendo um uso muito grande do estado com as informações das pessoas, por conta dessa pandemia. Nesse momento todo o mundo concorda, é preciso ter atenção a esse ponto depois, porque ele desequilibra o [aspecto] pessoal.”

Outro aspecto levantado pelo profissional aborda a ética no desenvolvimento de algoritmos e IAs, cujo uso tende a se expandir. “Hoje, 97% dos papers de IA são feitos por homens brancos, então existirão problemas com análises envolvendo mulheres, pessoas negras etc. Por isso, é importante que a ética esteja no centro de tudo”, acredita.

Por fim, Giardelli também apresenta o conceito de Obsolescência do humano, conceito que é caracterizado pelo aumento de ferramentas de automação que acabarão removendo empregos e, pelo menos na teoria, deixando as pessoas sem trabalho.

O momento, aparentemente um pouco assustador, pode ser percebido de forma bem positiva, na percepção do futurista. “Por que isso é uma boa notícia? Porque teremos de volta o melhor do ser humano, com tempo para se dedicar e envolver outras pessoas.”

Marini, da Green4T, também acredita que o momento atual pode desencadear em uma realidade mais amigável no futuro “O que é mais interessante e me deixa otimista é que você sempre vê uma busca pelo uso inteligente da tecnologia para melhorar a condição de vida humana. Se não for pra isso, até começo a me questionar a serventia da tecnologia”,

Último episódio é nesta quinta, 16 de abril

Silvio Meira, cientista chefe na The Digital Strategy Company e professor na Cesar School, é o convidado para fechar o IT ForOn Series, falando sobre como a sociedade precisará se adaptar a uma nova realidade após o período de quarentena.

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