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Inovação? Olá, América Latina

As empresas da América Latina e Caribe costumam procurar inovação no Vale do Silício. Eu digo para elas procurarem mais perto: Brasil, México, Colômbia, Argentina, Chile e outros países vizinhos estão desbravando um caminho de inovação que combina muito bem com a nossa região.

Vemos em primeira mão que a inovação é prioridade para as empresas com que trabalhamos na região, mas queríamos ter um ‘benchmark’ independente do estado exato da inovação na América Latina. Para isso, encomendamos um estudo chamado The State of Innovation in Latin America (O Estado da Inovação na América Latina, em tradução livre), realizado pela empresa de pesquisa ‘Americas Market Intelligence’ (AMI). Entrevistas com 85 das principais empresas nativas da região, de todos os tipos, nos ajudaram a traçar um panorama claro da inovação.

Inovação e não apenas tecnologia

A inovação é percebida popularmente como um aplicativo inteligente, de design bacana. Ou, quem sabe, um robô ou dispositivo novo, divertido e atraente. Sim, inovação é algo divertido e certamente tem tecnologia como um componente de destaque. Mas inovação vai muito além de tecnologia. Inovação tem a ver com modelos de negócio, processos, agilidade, colaboração e um compromisso com a criatividade na solução de problemas. Na migração para a economia digital, a inovação – na acepção mais ampla – está sendo fundamental para que as empresas latino-americanas e caribenhas se mantenham competitivas e voem alto.

Os consumidores latino-americanos estão cada vez mais conectados. Mais da metade da população já tem um smartphone, e essa é uma tendência que só vai crescer. As demandas e expectativas básicas desses consumidores latinos conectados e de seus pares ao redor do mundo estão estabelecendo os parâmetros da inovação: eles querem agilidade, conveniência e opções. Os consumidores conectados simplesmente procuram outra empresa quando esses quesitos não são satisfeitos.

As empresas da América Latina já viram o impacto de saltar da primeira onda da internet, ocorrida na virada do milênio, e a rápida adoção dos celulares. Na economia digital, elas reconhecem que a inovação não só faz bem ao atendimento ao cliente e à fidelização como é intrínseca à sua eficiência operacional e competitividade. O estudo State of Innovation demonstrou que as empresas que abraçam a inovação de forma mais explícita e implícita estão se dando bem.

Dados da inovação na América Latina

E o que significa abraçar a inovação de forma explícita e implícita? Várias coisas. Oitenta por cento das empresas mais inovadoras da América Latina já têm uma equipe dedicada à inovação. Ou seja, elas têm um diretor de inovação ou executivo com função similar, uma equipe de inovação e espaços dedicados à inovação – como um laboratório ou outra infraestrutura. Porém, esses laboratórios não podem trabalhar no vácuo – os frutos da inovação devem ser vistos como fundamentais para a estratégia da empresa. A inovação deve fazer parte da cultura e da mentalidade corporativa interna.

Falando em tecnologia bacana… o uso de APIs (interfaces de programação de aplicativos) por parte da empresa diz muito. O estudo mostra que as empresas mais inovadoras têm um número médio impressionante de APIs – acima de 140 – e mais de 45% delas são abertas. Inteligência artificial e aprendizado automático estão sendo explorados – 50% das instituições financeiras participantes estão testando ativamente o que essas tecnologias podem fazer por suas empresas. Biometria, carteiras digitais e blockchain também estão ganhando força.

A agilidade e a colaboração – dois elementos críticos para a inovação – podem de ser medidas, até certo ponto, pelo nível de relacionamento da empresa com startups. Na média, as mais inovadoras têm 15 parcerias com startups. As empresas mais inovadoras de nossa região conseguem lançar provas de conceito em pouquíssimo tempo – foram 57 lançamentos nos últimos três anos! Empresas ágeis conseguem responder rapidamente às mudanças nas dinâmicas do mercado e, normalmente, fazem isso por meio de colaborações. Elas conseguem fazer uma implantação em menos de cinco menos e são vitoriosas em suas investidas internacionais em busca de escala para os negócios. Uma tendência clara e importante a ser observada são os modelos de plataforma aberta e colaborativa – 95% dos participantes da pesquisa disseram ter um modelo de ‘marketplace’ ou estar desenvolvendo essas capacidades.

O design centrado no cliente reúne todos esses pontos: as novas tecnologias e modelos de negócio buscam reduzir o atrito no processo de compra, oferecem experiências de usuário intuitivas no ambiente on-line com mais personalização, flexibilidade e opções para o consumidor e criam experiências memoráveis. O aumento da sofisticação e do nível de exigência dos consumidores latino-americanos está levando as empresas a abraçar a inovação para mantê-los por perto.

Embora toda essa inovação seja emocionante, isso não é nada comparado ao seu potencial. Estou ansiosa para continuar esmiuçando o State of Innovation in Latin America e explorando o que isso significa para todas as empresas da região.

*Vanessa Meyer é head de inovação e design da Visa.

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