IA traz nova perspectiva para as análises meteorológicas

A tendência é que ferramentas de última geração sejam utilizadas cada vez mais para a obtenção de dados acurados e transformados em informações claras

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9:40 am - 02 de outubro de 2024
Imagem: Shutterstock

Inovação e tecnologia caminham em velocidade extrema e, muitas vezes, não nos damos conta do quanto estão incorporadas ao nosso cotidiano. Nos acostumamos às facilidades trazidas por essa onda de modernidade. Na meteorologia não é diferente. Nos últimos 50 anos, tivemos um avanço considerável nos processos e análises de dados, cada vez mais claros e assertivos. O que podemos esperar do futuro dos estudos meteorológicos em um mundo em que a inteligência artificial (IA) entra em cena de forma avassaladora?

Vejo a meteorologia – ciência responsável por estudar e compreender os fenômenos da atmosfera – constituir-se como uma base forte para a construção de um processo de desenvolvimento sustentável e de negócios no cenário global. Nos últimos anos, a área consolidou-se como ferramenta fundamental para o planejamento de ações em diferentes segmentos econômicos, como infraestrutura, agronegócio e varejo. Além disso, é uma ciência que se popularizou haja visto o espaço que ocupa na mídia – de portais de notícias aos tradicionais jornais e telejornais.

Notamos que, no decorrer das últimas décadas, os profissionais deste campo de estudo têm se beneficiado enormemente dos avanços tecnológicos e, assim, aperfeiçoado suas análises de dados. Numa rápida retrospectiva, os satélites meteorológicos nos anos de 1970, os supercomputadores no período de 1980, e os modelos numéricos na década de 1990, permitiram à meteorologia deixar uma era de subjetividade e imprecisão para evoluir a um patamar em que é possível contar com a simulação do comportamento da atmosfera, com resultados mais objetivos e acurados.

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Atualmente, o campo da meteorologia tem a seu dispor estruturas computacionais de alto desempenho, isso quando consideramos somente o atendimento aos processos diários de coleta de dados observacionais, à geração dos modelos de previsão e aos bancos de dados. Os processos de modelagem envolvem a integração de dados e informações de todos os níveis da atmosfera e dos oceanos globais. O advento da internet deu capilaridade ao setor e permitiu ampliar a disseminação e o acesso a informações de previsão de tempo e do clima. Tudo isso garantiu maior conforto e segurança a todos que dependem e utilizam dados dessa natureza.

Em tempos de rápida evolução tecnológica e investimentos pesados em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) em diferentes áreas, espera-se que a meteorologia se beneficie deste cenário e evolua ainda mais. A expectativa está voltada para a inteligência artificial (IA), que surge como uma nova fronteira para dar suporte ao setor. Sem dúvida, a área deverá se favorecer das amplas possibilidades dessa onda tecnológica tanto em relação à evolução da pesquisa, quanto no desenvolvimento de produtos e serviços.

A tendência é que ferramentas de última geração sejam utilizadas cada vez mais para a obtenção de dados acurados e transformados em informações claras e objetivas, contribuindo para a assertividade de tomada de decisões. Assim, a tecnologia tende a contribuir para solucionarmos operações complexas, a partir do uso de processos de integração, armazenamento, processamento e visualização de dados.

Acreditamos que técnicas de data analytics, algoritmos, machine learning, inteligência artificial, plataformas digitais, entre outras, passarão a compor com maior frequência a base de produtos e serviços no campo da meteorologia. Em resumo, a entrega de cenários e indicadores objetivos permite a diferentes segmentos da economia traçar estratégias e tomar decisões adequadas, buscando prevenir-se em relação aos riscos e às oportunidades associadas às variações climáticas.

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Paulo Etchichury

Paulo Etchichury é formado em meteorologia pela Universidade Federal de Pelotas e possui 40 anos de experiência em projetos e consultoria no setor. Atuou no Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) como Assessor Especial do Ministério da Agricultura, e participou do processo de criação e instalação do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) como Coordenador da Meteorologia Operacional. Além disso, foi sócio-fundador da Somar Meteorologia, onde atuou por 25 anos.

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