Entusiasmo com a IA generativa tem puxado projetos de inteligência artificial “clássica”
Em encontro com a imprensa, Dell e Nvidia falaram sobre avanço de projetos de inteligência artificial com estratégia de "fábricas de IA"
O hype e a discussão ao redor dos temas da inteligência artificial (IA) generativa têm tido um “efeito colateral” positivo no mercado brasileiro: a aceleração dos projetos da chamada “IA clássica“. A leitura é de lideranças da Dell e da Nvidia, empresas de infraestrutura de tecnologia que se aliaram na estratégia da construção de “fábricas de IA” junto aos seus clientes.
“A visão computacional é um exemplo que usamos muito. É uma tecnologia que já existe há muito tempo, mas ela nunca foi tão forte como está sendo hoje. A IA generativa ajudou a colocar isso na cabeça de todos os líderes de empresas”, diz Fábio Gordon, gerente de Soluções de Data Center da Dell Technologies, durante uma conversa com a imprensa em um almoço recente da companhia com clientes. Além da visão computacional, projetos de aprendizado de máquina, business intelligence (BI) e de data lakes também têm avançado na esteira da IA generativa.
Ainda segundo o executivo, a aceleração também é resultado de uma transformação no papel da tecnologia dentro das empresas, tanto em relação aos times de TI quanto ao orçamento voltado para o tema. “Estes eram projetos que não estavam andando porque não tinham recursos”, explica. “Antigamente esses recursos eram pensados como recursos de TI. Hoje em dia, o recurso de IA não vem mais de TI, vem das áreas de negócios.”
Marcel Saraiva, gerente de Vendas da Nvidia no Brasil, ecoou o ponto, mas destacou que os projetos mais bem-sucedidos são aqueles que acontecem unindo TI e negócios. “Se você conseguir ter uma conversa juntando esses times de primeira, você vai conseguir fazer mais rápido”, indica. “É interessante a TI estar junto para já ir se preparando para o que vai acontecer”.
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Anunciada pela Dell em outubro do ano passado, a estratégia das “fábricas de IA” é uma evolução do seu antigo “Project Helix”. A ideia é oferecer uma combinação de serviços e produtos aos clientes que permitam estabelecer uma estrutura altamente modular para acelerar projetos de inteligência artificial com controle de custos e segurança. Na conta, entram ofertas de dispositivos, armazenamento, servidores e até serviços.
Em abril deste ano, a organização lançou uma expansão do programa: o Dell AI Factory with Nvidia. A oferta inclui serviços de infraestrutura e software da Dell com a infraestrutura avançada de IA e software da Nvidia, sustentados pela estrutura de rede Nvidia de alta velocidade.
As empresas não abrem detalhes sobre o volume de negócios gerados pelas ofertas no Brasil, mas veem um avanço nos tipos de projeto que têm envolvido IA no país. “No ano passado, víamos muito mais projetos voltados para instituições de ensino e centro de pesquisa. No começo, era esse tipo de empresa que nos buscava”, diz Gordon. Agora, áreas como financeira, saúde, e indústria, puxada pela indústria 4.0, tem avançado.
Para Wellington Menegasso, diretor de Vendas da Dell Technologies, a dinâmica também tem transformado a própria relação da Dell com seus clientes durante a jornada de vendas. Tradicionalmente vista como uma fabricante de infraestrutura, a companhia costumava receber demandas focadas em produtos específicos. Hoje, a discussão acontece em cima do projeto que o cliente busca fazer – em um número maior de conversas “consultivas”.
“Antes, nós estávamos muito restritos à área de infraestrutura ou de computação de usuário dos clientes. Hoje, falamos muito mais com as áreas de negócio e com as áreas de desenvolvimento, que estão fazendo coisas novas e diferentes. A demanda deles nos ajuda a entender como desenhar melhor a infraestrutura”, explica.
Na prática, isso tem sinalizado um avanço na direção de projetos “transformacionais” que usam IA para impactar o negócio das organizações, ao invés de buscar apenas ganhos de eficiência. A tendência não é generalizada no mercado, mas já é observada pelas organizações em alguns setores específicos da economia nacional.
“O segmento enterprise sempre esteve na vanguarda da inteligência artificial”, “Quando a gente olha para as indústrias financeira e de telecomunicações, elas estão mais avançadas que a maioria. Você já vê projetos transformacionais nesses setores”, aponta Menegasso.
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