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Huawei descarta sistema próprio e persegue liderança em mobilidade

Franqueza é uma palavra que poderia resumir bem o posicionamento da Huawei ao comentar o desempenho da companhia no mercado de mobilidade. Em conversa com jornalistas brasileiros na sede da fabricante, em Shenzhen (China), o vice-presidente de marketing para consumer, Shao Yang, abordou questões como market share, mercado corporativo, busca pela liderança, enalteceu o desempenho da concorrência e explicou o porquê de, no momento atual, não pensar em desenvolver um sistema operacional móvel próprio.

A Huawei atualmente é o terceiro maior fabricante de smartphones do mundo, perdendo apenas para Apple e Samsung. A posição atual, no entanto, veio após alguns erros de estratégia, como confessou o VP. Na visão dele, quando a companhia entrou neste competitivo mercado, em 2003, falou entender melhor o segmento e os clientes. A virada começou em 2010, quando a fabricante optou por investir em modelos mais sofisticados, além de iniciar um forte trabalho de reposicionamento de marca. “Tivemos uma atitude positiva diante do cenário e dos erros, continuamos sendo jovens neste mercado, mas as questões foram corrigidas”, ressalta, ao lembrar também que, no começo da empreitada, era maior o preconceito com produtos chineses, sempre relacionados a cópias e má qualidade.

O fato é que com os modelos atuais, como o P7 com tela de safira apresentado recentemente na IFA 2014, a Huawei vem se aproximando em qualidade dos principais concorrentes, o que não significa, entretanto, estar pronto para assumir a liderança. Yang reconhece que é muito difícil competir com Apple e Samsung, frisando que a primeira tem o cliente na mão e sabe trabalhar muito bem sua marca. Assim, a estratégia é seguir investindo em inovação e estudando cada passo do concorrente para se aproveitar de possíveis erros.

“Tudo o que você perde é pelo seu erro e não porque o outro foi melhor”, reflete Yang. “No mercado de rede (quando começamos) existiam uns sete competidores e todos muito maiores que a Huawei. Assistimos a uma série de erros dessas empresas, um deles foi da Nokia Simens Networks. Se as pessoas não cometem erros, não se desviam do caminho”, compara, vislumbrando uma liderança futura em mobilidade, assim como acontece com equipamentos para telecom.

Android na cabeça

Além dessa paciência misturada com obstinação, Yang não esconde as vantagens que tem em relação à concorrência, como um time grande e qualificado voltado para pesquisa e inovação e o imenso mercado interno da China onde, diferentemente dos competidores, eles surfam com mais facilidade. Tudo isso é usado para inovar sem a pressão para acertar de uma companhia como a Samsung. “Podemos continuar errando em nossa área até acertarmos o caminho”, confessa.

A área de dispositivos móveis da Huawei já responde por 24% do faturamento da companhia (que neste ano deve ultrapassar os US$ 40 bilhões) e, de acordo com dados da empresa, mais de 50% dos smartphones produzidos pela fabricante são comercializados fora do mercado chinês. Japão e Europa já despontam como mercados importantes para a fabricante.

Com toda a força interna, seria viável o desenvolvimento de um sistema operacional próprio? Para Yang, o momento não é o mais propício, pelo menos por enquanto ele prefere seguir com o Android. “O sistema operacional é muito importante, vi muita coisa sobre iPhone 6 e de que era muito melhor que o anterior. A plataforma traz a lealdade e faz parte do habito, da cultura do smartphone. Para Huawei é difícil ter um sistema próprio, porque significa desenvolver um ecossistema e, no mundo atual, você precisa influenciar toda a cultura para desenvolver um ecossistema e isso hoje é liderado pelos EUA”, reconhece.

Sobre o mundo corporativo, onde a companhia pretende crescer cada vez mais e até ser um dos líderes em TIC, Yang afirmou que ainda não tem planos para vender smartphones para os clientes empresariais, mas lembrou que os tablets produzidos pela Huawei têm ganhado força nesse mercado, sobretudo, a partir de ofertas feitas em conjunto com as operadoras. Além disso, ele afirmou que, para atender eventuais demandas, pode atuar em parceria com a unidade de Enterprise.

*O IT Forum 365 viajou à China a convite da Huawei

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