Gerenciamento de risco de terceiros: por que e como fazer

Simone Santinato, DPO da NovaRed Brasil, dá 7 passos para quem quer amadurecer gestão de riscos de terceiros

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9:33 am - 21 de abril de 2023
Imagem: Shutterstock

Nenhuma empresa opera totalmente isolada. Digo isso no seguinte sentido: em algum momento do seu dia a dia, será preciso compartilhar com terceiros dados sensíveis que estão em seu poder, sejam informações relacionadas a colaboradores, clientes, parceiros ou fornecedores. Isso, em geral, é feito para viabilizar diversas ações, das mais triviais, como a compra de vale-transporte, às mais complexas, como a consolidação de uma fusão.

A grande questão é que, principalmente considerando o estabelecimento da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), o compartilhamento de informações internas com outras organizações obriga a companhia detentora dos dados a estabelecer uma diligência com a finalidade de se certificar sobre o que esse terceiro faz com os tais dados. Na prática, é uma iniciativa para gerir os riscos desses terceiros. Não mais de uma forma protocolar, manual ou informal, mas de maneira automatizada e estruturada.

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Isso tanto para se defender de possíveis sanções da LGPD quanto para atender às eventuais solicitações dos titulares dos dados que demonstrem interesse em, por exemplo, saber mais detalhes sobre o uso de suas informações.

O que tenho visto, porém, é que o mundo corporativo ainda tem muito a evoluir no assunto gestão de risco de terceiros. Algumas empresas ainda investigam a maturidade da segurança digital de um terceiro se limitando a pedir que ele preencha um relatório simples com declarações sobre o que ele faz ou não da porta para dentro com relação às boas práticas em segurança cibernética.

Muitas vezes, por simples sobrecarga de trabalho ou desconhecimento da seriedade e necessidade da ação, o tal documento é simplesmente arquivado sem auditoria por parte de quem o recebeu, abrindo-se, então, uma porta para o risco.

Caso você tenha interesse em agregar maturidade ao seu processo de gestão de riscos de terceiros, sugiro o seguinte passo a passo:

  1. Questione o terceiro sobre as boas práticas dele com relação à segurança cibernética do negócio;
  2. Formalize a obtenção dessas informações;
  3. Complemente o mapeamento monitorando de maneira proativa o score de segurança do terceiro por meio de iniciativas não-invasivas, ou seja, trabalhe apenas com base em dados públicos da organização em questão, como por exemplo networking security, DNS health, patching cadence, segurança de endpoint, reputação de IP e web application;
  4. Deixe que o terceiro saiba sobre os gaps de segurança descobertos por você no ambiente digital dele;
  5. Oriente-o a implementar ações corretivas para que o score de segurança da empresa apresente um melhor desempenho;
  6. Monitore as atividades corretivas desse parceiro para saber o quanto o ambiente dele evoluiu em segurança cibernética;
  7. Paralelamente, mantenha o monitoramento do score de segurança para entender os impactos positivos das ações.

Uma empresa pode fazer o gerenciamento de risco dos seus terceiros por conta própria, desde que conte com equipe, tecnologia e metodologia adequadas para esse fim. Mas, se esse não é o core do negócio, sugiro terceirizar essa ação com uma empresa especializada em segurança cibernética, o que vai tirar a sobrecarga da sua equipe interna e garantir foco total no projeto.

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Independentemente do meio escolhido, eu sempre recomendo que, durante todo esse processo, as empresas direcionem aos seus terceiros um discurso de orientação e aconselhamento, não de punição. Essa abordagem tende a fortalecer relacionamentos, além de ser uma ótima via para que tenhamos cada vez mais segurança no ambiente digital. Todos ganham com isso.

*Simone Santinato é DPO da NovaRed Brasil

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