Fórum Econômico Mundial: como CEOs devem navegar pelo risco climático
Entidade aconselha o que os executivos e conselhos podem fazer para mitigar desafios climáticos
O relatório The Cost of Inaction: A CEO Guide to Navigating Climate Risk do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) explora as severas repercussões financeiras de não se adaptar às mudanças climáticas. Sustentabilidade e sucesso empresarial têm uma relação simbiótica, sendo o sucesso de um necessário para garantir o sucesso do outro.
Os dois andam de mãos dadas, com as empresas modernas precisando de práticas conscientes do clima para garantir a sobrevivência. Adotar a sustentabilidade vai além da conformidade — ela desbloqueia economias de custos, fortalece o posicionamento da marca e garante a eficácia operacional em um mundo onde esses atributos são imperativos.
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“O risco climático não é mais uma ameaça distante; está se desenrolando agora, perturbando indústrias em todo o mundo”, diz o WEF. Desastres relacionados ao clima causaram mais de US$ 3,6 trilhões em danos desde 2000, com os riscos acelerando, segundo o WEF. “Para as empresas, riscos físicos como eventos climáticos extremos e riscos de transição, como o aumento dos preços do carbono, já estão transformando mercados e remodelando modelos de negócios.”
Navegando pelos crescentes riscos climáticos
Em colaboração com o Boston Consulting Group (BCG), o WEF aprofunda-se no impacto dos crescentes riscos climáticos corporativos. Mas nem tudo é desânimo. O relatório também enfatiza as oportunidades que isso cria para as empresas — liderar a mudança e se proteger para o futuro, traçando um novo caminho à frente.
WEF apresenta caso de negócios para descarbonização
O relatório tem como objetivo ajudar os CEOs a liderar suas empresas durante este período incerto com seu guia prático, visando capacitar os líderes para que possam navegar pelos riscos e aproveitar as oportunidades no que chama de “um mundo em rápida transformação”.
O guia está dividido nos seguintes passos e facilitadores:
Passo 1: Realizar uma avaliação abrangente de riscos climáticos
Passo 2: Gerenciar riscos no portfólio de negócios atual
Passo 3: Pivotar seu negócio para desbloquear oportunidades
Passo 4: Monitorar riscos e reportar progressos
Facilitador 1: Melhorar a governança de riscos climáticos
Facilitador 2: Integrar o risco climático nas operações diárias
Facilitador 3: Desenvolver sistemas eficazes de risco climático
Quais são as principais descobertas do relatório de risco climático do WEF?
O relatório destaca os seguintes pontos-chave:
- Empresas que não se adaptarem aos riscos climáticos podem perder até 7% dos lucros anuais até 2035
- Calor extremo e outros perigos climáticos devem causar perdas anuais de ativos fixos entre US$ 560 bilhões e US$ 610 bilhões para empresas listadas até 2035
- Empresas de telecomunicações, serviços públicos e energia são as mais vulneráveis aos riscos climáticos
- Empresas que não descarbonizarem enfrentam riscos de transição crescentes, com até 50% dos lucros em risco até 2030 em setores de alta emissão
- Para a empresa listada média, perdas impulsionadas pelo clima podem levar a uma queda nos lucros de 8,1% a 10,1% por ano até 2045
- Empresas provavelmente subestimam o impacto financeiro desses riscos climáticos
- Negócios que investem em adaptação, resiliência e descarbonização estão vendo até US$ 19 em perdas evitadas para cada dólar gasto
- Mercados verdes estão projetados para expandir de US$ 5 trilhões para US$ 14 trilhões até 2030, apresentando oportunidades significativas de crescimento
- Com o planeta enfrentando pontos de inflexão irreversíveis, líderes empresariais estão em um “momento decisivo” para agir
“Este é um momento decisivo para os líderes agirem de forma ousada e colaborativa, garantindo que suas organizações possam se adaptar em um mundo em rápida mudança”, diz Gim Huay, diretor-executivo e Chefe do Centro para Natureza e Clima no Fórum Econômico Mundial.
Papel de um CEO
O que os CEOs podem fazer:
Primeiro, o relatório sugere que os CEOs realizem avaliações abrangentes de riscos climáticos para entender os potenciais impactos em suas operações de negócios e cadeias de suprimentos. Isso reforça a ideia de que você não pode mudar o que não pode medir.
E, embora estabelecer metas ambiciosas de sustentabilidade seja essencial, essas metas devem ser incorporadas nas estratégias corporativas para garantir o alinhamento com os objetivos gerais do negócio e para garantir que sejam executadas de forma eficaz.
“Para alcançar nossa meta de zero líquido até 2040, é essencial reduzir as emissões dos fornecedores”, diz Shiro Kambe, vice-presidente-executivo sênior e diretor-executivo Corporativo da Sony Group Corporation. “Estamos começando a pedir aos principais fornecedores que visem emissões de Escopo 2 zero líquido até 2030 e planejamos apoiar a construção de suas capacidades.”
O WEF acrescenta que alocar recursos para iniciativas de sustentabilidade é crucial, incluindo investimentos em energia renovável, eficiência energética e programas de redução de resíduos. Isso é sustentado pela promoção de uma cultura de sustentabilidade dentro da empresa, pois ajudará a garantir que as considerações ambientais sejam centrais nos processos de tomada de decisão — de baixo para cima.
P&D é outra área que o WEF aconselha os CEOs a garantirem que está funcionando de forma ótima para assegurar seu valor de sustentabilidade. Diz que os CEOs devem investir em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias e soluções amigáveis ao clima que possam aprimorar os esforços de sustentabilidade de suas empresas. Colaborar com formuladores de políticas também apoia isso, pois facilita o desenvolvimento e a implementação de políticas climáticas eficazes, criando um ambiente regulatório de suporte.
Liderança climática em ação
O Grupo Ignka — a maior holding franqueada da IKEA — exemplifica o equilíbrio e a harmonia entre ação climática e sucesso empresarial.
Seu CEO, Jesper Brodin, é copresidente da Aliança de CEOs Líderes em Clima. “Ação climática não precisa vir à custa do desempenho econômico — ser inteligente com os recursos é ser inteligente com os custos, é ser inteligente nos negócios”, diz ele. “Desde 2016, conseguimos reduzir nossa pegada climática em 24,3% nos Escopos 1, 2 e 3, enquanto crescemos nossos negócios em 30,9%”, completa.
Trabalhar para uma sociedade de zero líquido não é apenas a coisa certa a fazer — é o único modelo de negócios sustentável para as gerações futuras. É crucial que as empresas comecem a jornada para descarbonizar ou obtenham o apoio necessário para iniciar sua jornada.
“O custo da inação supera em muito o custo dos investimentos proativos. A transição para uma economia livre de carbono já está aqui — e é imparável.”
Karen Pflug, CSO do Grupo Ingka, acrescenta: “A mudança climática é agora uma realidade cada vez mais visível que nos impacta a todos a cada ano, e esses novos relatórios reforçam que incorporar riscos e oportunidades climáticas no processo de tomada de decisão de uma empresa não é apenas a coisa certa a fazer, mas uma necessidade para um negócio próspero.
“Já vimos que passar para alimentos à base de plantas, eletrificação do transporte e transição para energia renovável não apenas nos permite reduzir emissões e custos no longo prazo, mas também apresenta novas oportunidades de negócios”, aponta Karen.
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