Febraban 2024: bancos avançam em IA e práticas sustentáveis
Para presidentes dos bancões, é imperativo evolução consciente da IA e de práticas ESG. Evoluídos nessa jornada, eles ajudam agora clientes
A abertura do Febraban Tech 2024, que acontece nesta semana em São Paulo, foi marcada pela discussão sobre os temas de Inteligência Artificial (IA) e Governança Ambiental, Social e Corporativa (ESG), com a participação dos líderes das principais instituições financeiras do País. Milton Maluhy Filho, presidente do Itaú Unibanco, Marcelo Noronha, diretor-presidente do Bradesco, Mario Leão, CEO do Santander Brasil, e Carlos Vieira, presidente da Caixa Econômica Federal, compartilharam suas visões e experiências sobre como os bancos estão avançando com responsabilidade ambiental e tecnológica.
Noronha destacou que o Bradesco tem uma longa trajetória em sustentabilidade, iniciando a compensação de carbono há quase duas décadas e utilizando apenas energias renováveis desde 2020. “Apoiamos empresas em suas jornadas de transição climática, aproveitando a matriz energética privilegiada do Brasil, com mais de 80% de energia renovável”, comentou ele. Durante a conversa, ele enfatizou a necessidade de uma regulamentação mais favorável para impulsionar a descarbonização e a participação ativa de instituições financeiras nesse processo.
Já Maluhy Filho reforçou a importância da responsabilidade social e ambiental, mencionando as doações de R$ 1 bilhão durante a pandemia e o apoio recente ao Rio Grande do Sul. “Estamos trabalhando para ser o banco da transição para nossos clientes, oferecendo consultoria e financiamento para empresas engajadas na sustentabilidade, com R$ 450 bilhões disponibilizados em linhas de crédito nos últimos quatro anos”, contabilizou. O executivo também destacou a importância e evolução da governança na qualidade das demonstrações financeiras e o reconhecimento do banco nesse aspecto.
Vieira, da Caixa, ressaltou que 64% da carteira de operações de crédito do banco são sustentáveis, e a instituição está criando uma fundação para apoiar ainda mais essa agenda. “Nossa transformação cultural é impulsionada pelos próprios funcionários, com a criação de squads ágeis que estão fazendo grandes mudanças na empresa”, afirmou.
Mencionando a importância do banco em apoiar seus clientes na agenda de riscos climáticos, Mario Leão, do Santander, lembrou especialmente após os eventos recentes no Rio Grande do Sul. “Investimos em empresas como a WayCarbon para participar ativamente da transição dos clientes, e no social, temos o Prospera, um programa que apoia a educação e formação de jovens”, destacou.
Inteligência Artificial, um caminho sem volta
No campo da tecnologia, todos os executivos concordaram que a inteligência artificial (IA) está transformando o setor bancário. Noronha mencionou que o Bradesco começou a usar IA em 2015 com o Watson e, posteriormente, lançou a famosa Bia, que hoje, segundo ele, tem uma taxa de resolutividade de cerca de 90%.
“Temos mais de 50 iniciativas de IA Generativa e uma equipe de mais de 400 pessoas dedicadas à inteligência de dados e IA responsável”, disse, ressaltando o desafio de manter a reputação e a ética na utilização dessas tecnologias. “Vamos adicionar 60 mil colaboradores no segundo semestre com a Bia, e estamos fazendo um teste controlado com 600 clientes com IA Generativa. A IA vai transformar o mundo, vai transformar a forma de lidar com tudo. Temos essa crença absoluta e estamos ampliamos nossas iniciativas”, contou.
Maluhy Filho falou sobre a intensa jornada de atualização tecnológica do Itaú Unibanco, com uma plataforma 70% modernizada e totalmente baseada em nuvem. “Temos 250 projetos de IA liderados pelos negócios, e acreditamos que a tecnologia deve ser uma parte integrada de todas as áreas do banco”, afirmou. Ele também destacou a importância da organização centrada no cliente e da transformação cultural para se adaptar às novas tecnologias.
Na Caixa, a transformação cultural com os olhares voltados para IA está em curso. Vieira mencionou que os próprios funcionários estão se tornando verdadeiros agentes de transformação digital. “Criamos a plataforma Code Caixa para integrar essa mentalidade ágil e inovadora”, disse.
Leão, do Santander, destacou que o banco está utilizando IA para melhorar a produtividade e a tão sonhada personalização no atendimento ao cliente. “Esperamos que 100% dos nossos desenvolvedores usem GitHub até julho e estamos implementando o Copilot para atendimento em nossos canais remotos”, comentou.
No Itaú, revelou Maluhy Filho, o uso do GitHub já tem pautado os desenvolvimentos, sendo o banco o terceiro maior usuário da plataforma de hospedagem de código-fonte e arquivos da Microsoft, segundo a própria fabricante. “Isso tudo porque o cliente não compara mais o Banco A ou o Banco B, ele compara com Netflix. O mundo mudou, o mercado mudou, e nossa responsabilidade estar diante disso e avançar rapidamente”, provocou.
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