Elon Musk compra o Twitter: O que está por vir para os usuários corporativos?

O fundador e herdeiro da Tesla, Elon Musk, assinou um contrato para comprar o Twitter em um acordo de US$ 44 bilhões que transformará a rede de mídia social em uma empresa privada, com ramificações potencialmente em larga escala pela frente para a plataforma.

No entanto, logo após o anúncio de segunda-feira (25), é difícil dizer exatamente como um Twitter liderado por Musk será diferente de sua iteração de propriedade dos acionistas. A declaração de Musk anunciando o acordo privado sugere várias mudanças possíveis, incluindo “autenticar todos os humanos”, derrotar spam e “aprimorar o produto com novos recursos”, mas os detalhes ainda precisam ser esclarecidos.

O comunicado citou Musk dizendo que valoriza a liberdade de expressão e espera “tornar o Twitter melhor do que nunca” e manter o status da plataforma como “a praça da cidade digital”. No entanto, de acordo com Jillian York, Diretora de Liberdade de Expressão Internacional da Electronic Frontier Foundation, o compromisso de Musk com a liberdade de expressão é altamente questionável.

Questionando o compromisso de Musk com a liberdade de expressão

“Ele falou sobre ser um absolutista da liberdade de expressão, mas ele realmente não tem a boa fé para apoiar isso”, disse York. Musk entrou com uma ação legal contra pessoas que o criticaram publicamente no passado.

York também observou que a propriedade de Musk, juntamente com o fato de as mensagens diretas na plataforma permanecerem sem criptografia, poderia criar – em teoria – um problema para os usuários corporativos.

“Durante anos, as pessoas têm chamado o Twitter para criptografar mensagens diretas”, disse ela. “Teoricamente, isso significa que [Musk] pode acessar seus DMs. E para empresas isso pode representar uma ameaça”.

No entanto, também há muitas razões para acreditar que o Twitter pode não mudar muito, principalmente no curto prazo, como resultado da compra da empresa por Musk. A menos que Musk demita um grande número de funcionários e os substitua, as pessoas que tomam decisões importantes sobre política e moderação de conteúdo ainda estarão lá.

“É difícil para mim ver como isso será melhor ou pior para os usuários do que um monte de acionistas com controle sobre a empresa”, disse York.

Além disso, é difícil ver como Musk poderia realizar alguns dos objetivos expressos que ele delineou na declaração de hoje, acrescentou ela.

“Ir atrás de bots e desinformação é uma coisa difícil de fazer”, disse ela. “Então, eu acho, (…) ele vai enfrentar um problema muito difícil quando ele tentar lidar com isso”.

De acordo com os termos do acordo, os acionistas do Twitter receberão US$ 54,20 em dinheiro por cada ação ordinária do Twitter que possuírem após o fechamento da transação proposta, prevista para ocorrer até o final do ano e sujeita à aprovação regulatória.

O preço de compra representa um prêmio de 38% em relação ao preço de fechamento das ações do Twitter em 1º de abril, último dia de negociação antes de Musk divulgar publicamente uma participação de aproximadamente 9% no Twitter, informou a empresa. Após essa divulgação, Musk se ofereceu publicamente para comprar o Twitter e, inicialmente, a empresa parecia pronta para rejeitar a oferta – adotou uma restrição chamada “pílula de veneno”, que afirma que, se qualquer pessoa ou grupo adquirir a propriedade de pelo menos 15% do ações ordinárias em circulação do Twitter sem a aprovação do conselho, outros acionistas poderiam comprar ações adicionais com desconto.

Por fim, porém, o conselho concordou com a oferta.

“O Conselho do Twitter conduziu um processo cuidadoso e abrangente para avaliar a proposta de Elon com foco deliberado em valor, certeza e financiamento”, disse Bret Taylor, Presidente do Conselho Independente do Twitter, em comunicado da empresa.

Para fechar o negócio, Musk garantiu US$ 25,5 bilhões em dívidas e empréstimos de margem, e está comprometendo aproximadamente US$ 21,0 bilhões em dinheiro.