Eletrobras economiza 35 mil horas por ano com projetos de automação
Em uma jornada de automação desde 2019, Eletrobras já começa a testar nova automação com IA generativa
A jornada de automação de processos da Eletrobras já está em seu quinto ano. O projeto começou em 2019, antes mesmo da privatização da Centrais Elétricas Brasileiras, em junho de 2022, e teve início na busca por ganho de eficiência para as operações que compunham o grupo.
O projeto não foi isento de desafios, mas, hoje, os ganhos são aparentes: em média, a organização economiza 35 mil horas por ano em um parque de cerca de 200 automações, que englobam áreas como operação, engenharia e financeiro. “São números de alto nível”, pontuou Vitor Paulo Moreira Correia, líder de Aplicações Digitais, Robotização e Automação da Eletrobras, em entrevista ao IT Forum durante o Imagine 2024, evento global da Automation Anywhere.
A jornada da organização para chegar a esses resultados, no entanto, foi gradual. A contratação de serviços de automação, que trouxe uma solução on-premises da Automation Anywhere para as empresas CGT Eletrosul, Chesf, Eletronorte, Eletronuclear e Furnas, além da própria Eletrobras, ocorreu através de licitação, ainda durante o período em que as companhias eram estatais.
Um dos desafios iniciais do projeto foi a conexão dos ambientes apartados. O projeto foi desenhado como um sistema federado, em que cada empresa mantinha sua autonomia, mas compartilhava uma mesma governança, além de regras de segurança e conformidade.
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Em 2021, veio a opção pela solução em nuvem da Automation Anywhere, o que agilizou o ganho de escala. “Nós logo migramos porque sabíamos que o ganho seria proporcional, e quanto antes entrássemos [na nuvem], menor seria o retrabalho”, contou Correia.
Com a privatização da Eletrobras, a Eletronuclear, responsável pela Usina Nuclear de Angra, foi desmembrada da Eletrobras e permaneceu como uma estatal. Na sequência, os sistemas foram unificados com uma mesma estrutura centralizada dentro da nova Eletrobras.
O processo de adoção de ferramentas de automação não foi isento de desafios. De acordo com Correia, houve um primeiro momento de resistência às ferramentas, inclusive entre os times de TI. “A principal resistência era o medo de perder o emprego”, comentou.
A preocupação começou a se dissipar, no entanto, à medida que tarefas morosas eram liberadas através da automação. “Quanto mais fazíamos a ligação da automação com a otimização e o ganho de produtividade da mão de obra, ou seja, liberando as pessoas para tarefas mais desafiadoras, isso começou a ganhar mais força”, contou. “A gente começou a ter mais e mais robôs – e dávamos nomes e apelidos a eles, bem lúdicos –, isso começou a chamar a atenção das pessoas.”
Também foi um desafio o próprio ritmo de evolução da tecnologia – em especial após o avanço da IA generativa. Segundo Correia, muitos dos projetos de automação foram iniciados com uma arquitetura, mas encerrados com outra, já que as transformações exigiam uma rápida capacidade de adaptação pelos squads de projetos. ‘O fato de introduzirmos uma tecnologia que muda constantemente também faz com que precisemos estar sempre muito alinhados com o parceiro’, comentou.
Automação com IA generativa
Agora, o novo passo do projeto de automação da Eletrobras já avança em direção à inteligência artificial (IA) generativa. A empresa está utilizando automação com o Google Vertex AI para auditoria de documentos técnicos de engenharia.
“São cerca de 65 mil documentos por ano que precisam ser auditados. Isso inclui diversos documentos com imagens, dados semi-estruturados e não estruturados. Tudo tem que ser analisado pelo pessoal de arquivo de engenharia para validação”, contou o executivo.
O volume de documentos exige hoje uma equipe de cinco pessoas completamente alocada para essa função. Com a transição de algumas das tarefas para agentes de IA, boa parte da análise já está sendo feita pela IA generativa – e, na sequência, encaminhada para validação humana.
Os resultados do projeto ainda não estão consolidados, mas alguns impactos positivos já foram observados. “Isso tem um efeito enorme de produtividade, ganho de eficiência e precisão”, anotou o líder de automação.
*O repórter do IT Forum esteve em Austin a convite da Automation Anywhere
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