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Drex: Real digital é ferramenta de novos negócios e impacto social

Com o sucesso da adoção do Pix e do Open Finance, o Brasil se prepara para mais uma jornada de transformação e digitalização de seu ecossistema financeiro: o Drex, a versão digital da moeda brasileira, o Real. O programa, que consiste na criação de uma ‘Moeda Digital do Banco Central’ – ou Central Bank Digital Currencies (CBDC), em inglês – está em fase piloto no país, que deve continuar até junho deste ano.

Durante o piloto, o Banco Central habilitou consórcios para desenvolverem ferramentas e instrumentos financeiros que serão testados no novo sistema. Os testes dos consórcios ocorrem através de operações simuladas, com objetivo de comprovar a segurança e a agilidade entre o real digital e os depósitos tokenizados (ativos reais convertidos em digitais) das instituições financeiras.

“Como parte da comunidade Drex, nosso desafio é criar casos de uso para que o usuário final, seja ele o cliente do banco ou da empresa, veja valor na tecnologia e a adote mais rapidamente”, disse Henrique Teixeira, diretor da Hamsa, durante a abertura do evento Drex & Beyond, promovido nesta segunda-feira (26), em São Paulo, para debater as tendências, desafios e potenciais do real digital no Brasil.

Veja mais: 83% dos executivos acreditam que ativos digitais transformarão seus setores, diz estudo

Tânia Cosentino, presidente da Microsoft Brasil, que integra consórcios do Drex, destacou que a cibersegurança será um dos elementos fundamentais do modal.

Tânia Cosentino, presidente da Microsoft Brasil (Imagem: Rafael Romer/IT Forum)

“Nós temos que pensar na adoção de toda essa tecnologia com responsabilidade”, afirmou a líder da Microsoft Brasil durante a abertura do encontro. “Quando falamos do setor financeiro, que é um dos mais atrativos para fraudes e por hackers, temos que garantir toda essa tecnologia transformacional com cibersegurança, resiliência de hardware e cibernética, e trabalhar garantindo a privacidade de dados.”

Para Ricardo Marino, presidente do conselho do Itaú, o Drex é o próximo passo na transformação de pagamentos pelo país, e deve seguir o sucesso do Pix. “A iniciativa do Drex está criando uma plataforma que permitirá aos bancos e instituições financeiras implementar soluções blockchain para entregar uma melhor experiência aos clientes com mais segurança, transparência e velocidade”, pontuou em participação virtual no evento.

O executivo detalhou algumas oportunidades que poderão ser geradas pela moeda digital, incluindo a tokenização de ativos do mundo real e a aceleração de transações internacionais. Especialmente na América Latina, o combate a desafios históricos como inflação, desbancarização e inclusão financeira também deve ser acelerado pelas CBDCs. “Nós podemos ser protagonistas ou observadores passivos [dessa tendência], mas não tenham dúvidas: definitivamente ela acontecerá”, continuou.

Novos negócios e ferramenta de inclusão

“Eu acho que o Drex surgiu para fomentar novos modelos de negócio”, ressaltou Gabriel Queiroz, gerente de inovação na Elo. “A gente tem vislumbrado várias oportunidades dentro da Elo e a gente entende que é o momento ideal para fazer isso, porque estamos no início dessa jornada”.

Segundo o executivo, nos testes do Drex, a companhia tem discutido produtos que vão além da sua realidade atual, de uma detentora de arranjo de pagamentos. Essas oportunidades ventiladas incluem áreas como produtos de segurança e de identificação de usuário. “Sempre que a gente olha para um novo tipo de tecnologia, há espaço para discutir novos modelos de negócios”, disse.

Evandro Avellar, gerente nacional de serviços financeiros da Caixa, ecoou o ponto, destacando que o momento é de preparação das instituições financeiras para a “maratona” de transformações que virão pela frente. “Nós estamos treinando fortalecimento, velocidade e ganhando volume para um objetivo que está um pouco mais a frente, mas já propicia uma discussão interna, criação de equipes e reestruturação de como vamos atender todas essas demandas no futuro”, avaliou.

Leia também: Movimentos da modernização financeira

George Marcel Smetana, do InovaBra, ressaltou a importância de um desenvolvimento conjunto para as iniciativas de digitalização. De acordo com o executivo, os esforços do banco reúnem big techs, provedores de tecnologia, startups e as áreas internas para discutir como será o desenvolvimento e o futuro destas tecnologias. “É preciso ter essa cooperação”, reforçou.

As novas oportunidades de negócio vistas pelo segmento incluem a possibilidade de alcançar novos públicos. Essa é a leitura do head de digital assets do Itaú, Guto Antunes, que vê o momento como importante para a aproximação entre os negócios tradicionais e digitais de instituições financeiras e uma chance de alcançar novos jovens clientes, que já têm hábitos digitais nativos.

“Esta geração vive pequenos metaversos: jogam games o tempo inteiro, vivem no celular ou no tablet. É intuitivo. O token já é um instrumento de troca, ela já vê um valor dentro daquilo”, explicou Antunes. “O Banco Central foi muito rápido para entender esse novo comportamento e novo hábito, e os bancos têm que se adaptar a esse novo hábito. Quem não tiver pronto, vai ficar para trás, não vai conseguir oferecer a experiência que o cliente está pedindo.”

Há também um importante impacto social do Drex que é visto pelo setor. Uma delas é através do pagamento offline. De acordo com Rafael Dias, superintendente nacional da Caixa, o viés social da instituição a levou a explorar uma prova de conceito de pagamentos offline para o Bolsa Família – programa que alcança mais de 21 milhões de famílias no país. O programa deve ser direcionado para uma pequena porcentagem do público que recebe o auxílio, e que tem dificuldades em utilizar celulares ou aplicativos para o uso do benefício.

O plano foi pensado para atingir, por exemplo, populações ribeirinhas com pouco acesso à conectividade. Ele seria implementado através da transferência do real tokenizado do Bolsa Família para um cartão que inclui uma carteira offline, e que poderia ser utilizado mesmo em situações nas quais os comerciantes não têm acesso à internet.

Para o executivo, o projeto demonstra o papel social do Drex e também é uma forma de remediar um dos efeitos colaterais do Pix. “Ocorreu uma situação, com a adoção do Pix no Brasil, que é a que temos menos numerário circulante. Uma parte da população, não-bancarizada, foi impactada por não ter mais dinheiro circulando na economia. Quando a gente pensa no Drex offline, estamos atendendo esse público e trazendo inclusão social para os desbancarizados”.

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