De olho em oferta de serviços, Office Total anuncia aquisição da AS Informática
Compra de tradicional player deve conferir à provedora de tecnologia por assinatura mais fôlego em ofertas para além do hardware
Firmar a oferta de equipamentos por assinatura no mercado brasileiro e fortalecer a prestação de serviços associados e que aumentam o valor agregado desse modelo de negócios. Esse é o objetivo da carioca Office Total ao anunciar a aquisição da AS Informática, sediada em São Paulo (SP).
O negócio, de valor não divulgado e adiantado com exclusividade ao IT Forum, une duas das empresas brasileiras mais tradicionais do país no ramo do outsourcing – a OT tem 26 anos, enquanto a AS tem 32 anos. Segundo Cristiano Herbert, CEO da Office Total, somente no segmento de computadores a empresa adquirida administra atualmente 20 mil equipamentos e tem 100 funcionários, com faturamento anual de R$ 50 milhões.
“Somos cinco empresas [no grupo], com quatro aquisições ao longo da nossa história”, explica Herbert. “É uma empresa que cresceu fazendo aluguel de impressoras corporativas. Desde 2014 a H.I.G. [Capital, gestora de fundos americana] é a controladora da Office Total. É um fomentador importante dessa tese.”
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A “tese” a que se refere o executivo é a de que um portfólio bem-sucedido no campo do outsourcing deve seguir um modelo de assinatura, não de aluguel, e ter uma série de serviços associados que facilitem a contratação por parte dos clientes, além de ser extenso em termos de categorias de equipamentos. A aquisição da AS “vem para reforçar nosso pilar de computadores”.
“Esse modelo de aluguel de hardware de TI, nasceu com pilares do portfólio isolados. Empresas de locação de impressoras faziam só impressoras, servidores só servidores etc, com muita pouca interação entre esses pilares”, reflete o CEO. “Ninguém consegue fazer hoje um outsourcing completo, o full IT outsourcing. É virtualmente impossível.”
Embora a OT tenha um portfólio que Herbert considera mais amplo que a média do mercado, o diferencial é tentar ser competitivo por meio de serviços, que vão desde os óbvios serviços de suporte, assistência técnica e manutenção até o uso de IA para obtenção de insights a respeito do parque instalado.
“A gente caminha para ter um portfólio completo em produtos e serviços e nos tornarmos a única empresa pioneira e com capacidade de dar um serviço realmente completo. Permitir que os times de TI do cliente foquem no negócio e não em trocar antena de Wi-Fi que queimou”, resumo Herbert. “A aquisição da AS é peça fundamental para dar escala, expertise, histórico, e para unir os pilares.”
M&A como estratégia
Atualmente a Office Total fatura cerca de R$ 200 milhões. São 70 mil os equipamentos sob sua gestão, com uma equipe de mais de 400 pessoas espalhadas em 20 estados – por meio de filiais em oito deles, incluindo a sede no Rio de Janeiro, e nos demais 12 via parceiros. A empresa cresceu atendendo principalmente médias e pequenas empresas, e vem aos poucos mudando de perfil, buscando atender clientes maiores.
Os serviços da empresa são prestados em diversas verticais, com destaque no setor da saúde, educação e escritórios.
O movimento de aquisições da empresa começou em 2016, com a compra da Xsol Soluções Tecnológicas, especialista em impressoras. Em 2021 foi a vez da Bird Solution, empresa com sede em São Paulo e forte atuação no segmento de radiologia e equipamentos de impressão de exames – o que reforçou a entrada da OT no setor de saúde.
“Foi nosso primeiro vislumbre [do modelo de negócios] de fazer assinatura. Esse modelo foi catalisador para a gente”, explica Herbert. “O que a empresa típica de locação fazia? Alugava impressora e fazia manutenção. A Bird não. Ela tinha uma camada de software e atendimento ao cliente. Uma oferta de serviços mais sofisticada.”
Exemplos de aquisição de expertise como esses impulsionam a estratégia da OT, que quer ser líder nacional de tecnologia como assinatura – e por isso tem uma estratégia de fusões e aquisições de longo prazo. Há, inclusive, novas aquisições em vista – que Herbert não revela por questões estratégicas.
“É uma tríade [de critérios de escolha]. Tem um eixo no tripé que é de portfólio, outro que é de serviços, e um terceiro geográfico. É um mercado muito local, em que a geografia é muito importante. É hardware, né? É físico o negócio”, explica o CEO. “Nossa projeção é dobrar a receita em dois anos entre crescimento orgânico e inorgânico.”