CPBR 2018: por que Maddog não recomenda uso de cloud pública

Guru do Linux participa da Campus Party Brasil e encoraja jovens desenvolvedores a usar software de código aberto

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9:20 pm - 31 de janeiro de 2018
maddog

Jon “Maddog” Hall, conhecido como guru do Linux, foi um dos pontos altos do segundo dia da Campus Party Brasil, realizada nesta semana, em São Paulo. Esbanjando o carisma de sempre, o especialista contou a história de alguns de seus projetos Open Source voltados para a comunidade brasileira. Ele aproveitou o momento para alfinetar os grandes players, que buscam se abrir para a comunidade.

O apelido do especialista, no português “cachorro louco”, não é à toa. Ele não poupa críticas ao uso de software pagos e, por isso, dedicou toda a sua carreira à cultura aberta e colaborativa e todas as vantagens socioeconômicas da utilização de tecnologias de código aberto. São 49 anos de computação, 37 de Unix, 23 de Linux, 22 no Brasil e 11 edições de Campus Party Brasil. Desde agosto de 2017 é presidente da diretoria do Linux Professional Institute do Linux Professional Institute.

Nuvem descentralizada

Como não poderia deixar de ser, uma das suas defesas é o uso de Open Source peer-to-peer cloud software, com o projeto Subutai Cloud Software, ferramenta de nuvem descentralizada para armazenamento de informações na internet.

A ferramenta, criada pela OptDyn – empresa que ele preside -, segundo Hall, não apresenta, segundo ele, os problemas de uso de clouds públicas, como AWS, Google e Microsoft.

“Todas as clouds são centralizadas nos EUA, país que tem leis estranhas, que permitem olhar seus dados. (As leis) Possibilitam que agências de espionagem leiam o e-mail do presidente, por exemplo. E não há muito o que fazer, porque você não sabe para onde vai seu dinheiro, já que os provedores de cloud não te permitem saber”, disparou.

Hall afirmou ainda que, no geral, quanto maior as infraestruturas de nuvem ficam, mais alvo de ataques elas viram. Outro quesito é o preço. “Começa com preço baixo, mas até acabarem as promoções.”

Por fim, Hall lembrou também que os provedores separam cloud da internet das coisas (IoT). “O Subutai permite você criar sua própria cloud. Você não precisa dizer para Google, AWS ou governo dos EUA. Você prepara o sistema e vai”, comentou, encorajando o público – grande parte de jovens desenvolvedores – a utilizar a ferramenta e entrar no mundo de código aberto.

Hall explicou que o Subutai une Fog e cloud computing e permite que cada “coisa” seja acessível em uma nuvem privada. Entre as vantagens destacadas por ele está segurança a partir de dados criptografados, bem como permite que múltiplas aplicações conversem com cada “coisa” conectada. E, claro, é gratuita e aberta.

Projeto Cauã

Desde 2006, Maddog vem trabalhando no Projeto Cauã, que criará trabalhos high-tech permitindo estudantes de baixa renda a arcarem com uma universidade e experienciarem um trabalho.

“Fazemos tudo com pouco uso de eletricidade e baixo custo. Cerca de 40% dos estudantes não vão para universidade por falta de verba – seja para casa, comida ou transporte. O projeto Cauã pode ajudá-los.”

“Meu recado é: não desistam do Brasil. Minha vida está terminando, estou velho, mas a de vocês apenas começando”, completou.

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