Como não ser a próxima vítima de um golpe digital?

Para a professora e cientista da computação Michele Nogueira, série de medidas simples pode evitar imensas dores de cabeça

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11:30 am - 07 de outubro de 2024
Michele Nogueira. Imagem: divulgação.

Uma pesquisa inédita feita pelo DataSenado em parceria com o Nexus e divulgada na semana passada descobriu que 25% dos brasileiros foram vítimas de golpes digitais nos últimos 12 meses. Os golpes mapeados incluem clonagem de cartão, fraudes na internet ou invasão de contas bancárias.

Foram ouvidos 21 mil brasileiros, e os do estado de São Paulo aparecem como maiores vítimas, com 30% da população do estado afetada. Mato Grosso (28%), Distrito Federal (27%), Roraima (27%) e Espírito Santo (26%) aparecem em seguida.

Moradores de cidades de médio porte, entre 50 e 500 mil habitantes, são a maioria das vítimas dos estelionatários virtuais, com 41%. Cidades grandes, com mais de 500 mil habitantes, vem em seguida, com 32%, e municípios pequenos, com menos de 50 mil moradores, tem 26%.

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“Vivemos em um mundo onde há um crescimento acelerado no número de ameaças à segurança cibernética por ataques sofisticados com poder, recursos e alcance global sem precedentes”, diz a cientista da computação e doutora pela universidade francesa de Sorbonne, Michele Nogueira.

Michele também tem pós-doutorado pela Universidade Carnegie Mellon, dos EUA. É membro sênior da Association for Computing Machinery (ACM) e do Institute of Electrical and Electronics Engineers (IEEE), além de professora associada do departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Segundo a especialista, a situação é ainda mais preocupante se consideramos que os telefones celulares se tornaram o principal canal de pagamento no Brasil, respondendo por 82% da quantidade total transacionada em 2023. Os dados são da última edição de um relatório do Banco Central.

Como se proteger?

Para Michele Nogueira, a população enfrenta dificuldades ao tentar se proteger de crimes cibernéticos. Elas decorrem tanto da complexidade da tecnologia quanto da falta de recursos e conhecimentos necessários para lidar com as ameaças. Mas, para ela, é possível reverter essa situação usando medidas simples.

“O ideal é evitar senhas óbvias, como datas de nascimento ou palavras comuns. Também deve-se escolher senhas diferentes para cada uma das contas online. Isso garante que, se uma senha for comprometida, as outras contas permaneçam seguras”, diz ela. “E para não esquecer as senhas, pode-se usar um gerenciador de senhas para armazenar e gerar senhas fortes de forma segura, sem a necessidade de memorizá-las.”

A especialista alerta também para a importância da autenticação multifator, que nada mais é que uma segunda forma de verificação. Pode ser um código envido para o telefone ou um aplicativo específico de verificação.

Além disso, é importante revisar regularmente as atividades das contas bancárias, de crédito e online para identificar qualquer transação ou acesso suspeito. “Configure os alertas de conta que notifiquem sobre atividades incomuns, como tentativas de login de novos dispositivos ou transferências financeiras grandes”, diz a cientista da computação.

Outra medida é manter o sistema operacional, aplicativos e software de segurança sempre atualizados para proteger contra vulnerabilidades exploradas por hackers, usando programas antivírus.

“Além disso, desconfie de e-mails, mensagens de texto ou links inesperados, especialmente se solicitarem informações pessoais ou financeiras. Verifique sempre a autenticidade antes de clicar ou fornecer dados”, orienta.

Michele Nogueira também alerta sobre o uso de redes Wi-Fi públicas. “Sempre que possível, evite realizar transações ou acessar informações sensíveis quando conectados a redes Wi-Fi públicas, que são mais suscetíveis a ataques”.

A especialista recomenda o uso de VPN (Rede Virtual Privada) ao acessar a internet em redes públicas. Essas aplicações criptografam a conexão, tornando mais difícil para os atacantes interceptarem os dados.

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Redação

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